O emocionante texto de Frances para seu pai, Kurt Cobain, que faleceu há 30 anos
Por Bruce William
Postado em 05 de abril de 2024
No dia em que completam trinta anos da morte de Kurt Cobain, sua filha, Frances, postou nas redes sociais um texto emocionante, cuja tradução segue abaixo.
"Há 30 anos a vida do meu pai chegou ao fim. A segunda e a terceira fotos capturam a última vez em que estivemos juntos quando ele ainda estava vivo. Wendy, a mãe dele, muitas vezes pressionava minhas mãos no rosto e dizia, com uma calma tristeza: 'você tem as mãos dele'. Ela sentia o cheiro das mãos como se fosse sua única chance de segurá-lo um pouco mais perto, como que congelado no tempo. Espero que ela esteja segurando as mãos dele, onde quer que eles estejam".
Prossegue Frances: "Nos últimos trinta anos, meus pensamentos sobre esta perda foram se metamorfoseando. A maior lição aprendida através do luto, desde que dou por conta que existo, é que ele serve a um propósito. A dualidade de vida & morte, dor & alegria, yin & yang, precisam co-existir lado a lado, senão nada disso teria qualquer significado. É a natureza volátil da existência humana que nos lança nas profundezas de nossas vidas mais autênticas. Ao que parece, não há motivação maior para se inclinar para a consciência amorosa do que saber que tudo vai chegar ao fim".
"Eu gostaria de ter conhecido meu pai", diz ela. "Eu gostaria de saber como era a cadência de sua voz, como ele gostava de seu café ou como era ser colocada na cama depois dele contar uma história para dormir. Sempre me perguntei se ele teria pego girinos comigo nos verões abafados de Washington ou se ele cheirava Camel Lights e Nesquik de morango (eram seus favoritos, conforme me contaram)".
Neste ponto, Frances relata como ela obteve um aprendizado com tudo que aconteceu. "Mas também há uma sabedoria profunda no caminho acelerado para compreender como a vida é preciosa. Ele me deu uma lição acerca da morte que só pode acontecer através da experiência VIVA de perder alguém. É o dom de saber com certeza, quando estamos amando a nós mesmos e aos que estão ao nosso redor com compaixão, de mente aberta, com graça, significando o quanto o nosso tempo aqui se torna algo inerente".
Por fim, ela deixa claro compreender como a imagem do pai dela sempre estará em sua vida: "Kurt me escreveu uma carta antes que eu tivesse nascido. A última linha diz: 'onde quer que você vá ou onde quer que eu vá, eu sempre estarei contigo'. E ele cumpriu essa promessa, pois está presente de muitas maneiras. Seja ao ouvir uma música ou através das mãos que compartilhamos, nesses momentos eu posso passar um tempinho com meu pai e ele se sente transcendental. Para quem já se perguntou como seria viver ao lado das pessoas que eles perderam, hoje estou mantendo vocês em meus pensamentos. O significado da nossa dor é o mesmo".
Morte de Kurt Cobain
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