O disco do The Who que, para Pete Townshend, despencou ladeira abaixo com o passar do tempo
Por Bruce William
Postado em 11 de junho de 2025
Depois de emplacar uma sequência de álbuns marcantes nos anos 1970, o The Who chegou a um ponto de ruptura com a morte de Keith Moon em 1978. O baterista era mais do que um músico no grupo; ele era um elemento essencial do caos controlado que definia a sonoridade da banda. Sua saída forçada deixou um vácuo que ninguém conseguiria preencher completamente.
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Ainda assim, o grupo optou por seguir em frente. Com Kenney Jones assumindo a bateria, eles voltaram à estrada e decidiram gravar um novo disco. Lançado em 1981, "Face Dances" foi o primeiro trabalho de estúdio do The Who sem Moon, e marcou o início de uma fase mais contida — para muitos, também mais sem graça.
A recepção ao disco foi morna, e o próprio Pete Townshend reconheceu os problemas. Em entrevista à Rolling Stone no ano seguinte, resgatda pela Far Out, ele comentou: "Acho que a química estava errada, e não era só culpa do [produtor] Bill Szymczyk. Nós não estávamos realmente funcionando juntos." Com ironia, ainda acrescentou: "Esse disco não está melhorando com a idade, não."

O vocalista Roger Daltrey também apontou a falta de coesão, e achava que, por isso, o álbum sequer deveria ter sido lançado. Segundo Townshend, Roger dizia que "Face Dances" deixava claro que a banda não soava mais como uma banda. E isso fazia sentido: os integrantes estavam em direções diferentes, e o entrosamento que havia sustentado discos como "Tommy" ou "Quadrophenia" parecia ter evaporado.
Embora Kenney Jones fosse tecnicamente competente, a ausência do estilo explosivo e imprevisível de Moon pesava. Para o público e para os próprios músicos, o The Who soava mais limpo, mais controlado — e ao mesmo tempo, também menos visceral. As composições também perderam força, com menos impacto lírico e musical do que o esperado.

O álbum seguinte, "It's Hard" (1982), não conseguiu mudar essa percepção. Apesar de alguns momentos inspirados, também ficou aquém do que se esperava da banda. Townshend e os demais seguiam trabalhando, mas a sensação era de desgaste, de que a era de ouro tinha ficado para trás.
Com o passar das décadas, a visão sobre "Face Dances" não melhorou. Ao contrário de discos que ganham valor com o tempo, ele se tornou um lembrete do quanto a química entre os integrantes era vital. E quando essa química some, por mais talento que haja, o resultado dificilmente convence.
Pete Townshend foi honesto ao admitir isso, sem tentar dourar a pílula. "Face Dances" não é um desastre completo, mas também está longe de ser lembrado com carinho. Talvez por isso mesmo ele raramente aparece nos palcos — e tenha ficado guardado numa prateleira empoeirada da história da banda.

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