A música com solo complexo que Eric Clapton levou mais de dez anos para tocar ao vivo
Por Bruce William
Postado em 09 de junho de 2025
Entre as bandas que ajudaram a moldar o rock nos anos 1960, o Cream ocupa um lugar de destaque. Mas mesmo com reconhecimento em círculos especializados, o grupo liderado por Eric Clapton, Jack Bruce e Ginger Baker ainda é subestimado por muitos, especialmente se comparado a contemporâneos como Hendrix e The Who. Parte disso talvez se deva à curta duração da banda, mas sua influência continua ressoando.
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Um dos maiores legados do Cream é "White Room", lançada em 1968 no álbum "Wheels of Fire". A música combina uma letra enigmática, uma composição instigante de Jack Bruce e um solo de guitarra que entrou para a história. Apesar de ter sido ignorada por críticos na época do lançamento, "White Room" se tornou um marco — e, curiosamente, uma pedra no sapato de Clapton.
A letra foi escrita por Pete Brown, colaborador frequente de Bruce. Segundo ele, o "quarto branco" era real: um local onde viveu durante uma fase de transição pessoal, quando abandonou o álcool e as drogas em 1967. "É como um pequeno filme estranho, muda de perspectiva o tempo todo. Talvez por isso tenha resistido ao tempo — tem um certo mistério", explicou o letrista.

A canção também se destaca pelo solo com pedal wah-wah de Clapton. Na época, poucos sabiam usá-lo com maestria, à exceção de Hendrix. Clapton conseguiu extrair uma sonoridade intensa e fluida, que mais tarde seria reconhecida em listas de melhores solos com wah — perdendo apenas para "Voodoo Child". O problema é que a complexidade do solo, somada ao fim do Cream logo após o lançamento do single, fez com que Clapton deixasse a música de lado por mais de uma década.
Foi só em 8 de maio de 1985, durante uma participação no programa Late Night with David Letterman, que ele voltou a tocá-la. Paul Shaffer, diretor musical do programa, insistiu para que Clapton tocasse "White Room". "Eu disse, 'Deus, não'", contou o guitarrista, em fala publicada na Far Out. Mas a performance deu certo, e ele passou a incluí-la novamente nos shows. "Voltei a tocar 'White Room' graças ao Paul Shaffer. Talvez outras voltem também, mas não sei. É complicado prever essas coisas."

Desde então, a faixa voltou a aparecer com frequência nos setlists de Clapton, provando que até lendas do rock podem hesitar diante de suas próprias criações, especialmente quando elas exigem tanto tecnicamente e carregam tanta história.
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