O dia que Jimi Hendrix imaginou seu próprio funeral: "Não vou viver até os 28 anos"
Por André Garcia
Postado em 22 de julho de 2025
A curta e agridoce vida de Jimi Hendrix foi guiada e pautada por seu amor pela música. Após passar a juventude perdido por aí, chegando a servir ao exército, foi ao tocar uma guitarra que tudo fez sentido para ele, que tudo ficou claro.
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Sua carreira profissional à frente de sua própria banda foi tragicamente breve — durou apenas de 1966 a 1970 — mas nesse período ele viveu o céu e o inferno. Problemas de todo tipo com empresários, contadores, e aproveitadores em geral, bem como as drogas e a justiça, sugaram dele sua motivação de fazer música. Mais que isso sugaram sua vontade de viver: aos 27 anos ele soava velho, exausto, farto.

Conforme trecho do livro Jimi Hendrix Starting at Zero: His Own Story, publicado pelo The Guardian, pouco antes de morrer ele falou sobre como gostaria que fosse seu funeral: "Vou te contar, quando eu morrer, vou querer fazer uma jam session. Quero que as pessoas enlouqueçam e surtem; e me conhecendo, provavelmente vou ser preso no meu próprio funeral. A música será alta, e será a nossa música. Não vai ter nada dos Beatles, mas terá algumas coisas de Eddie Cochran, e muito blues. Roland Kirk estará lá, e vou tentar trazer Miles Davis também, se ele tiver interesse."
Naquela época Hendrix já falava como se sentisse que não viveria mais por muito tempo, chegando a dizer que não sabia se chegaria aos 28: "No momento em que eu sentir que não tenho mais nada a oferecer musicalmente, é quando não me encontrarão mais neste planeta, […] porque se eu não tiver nada para comunicar por meio da minha música, então não há nada pelo que viver. Não tenho certeza se vou viver até os 28 anos, mas, por outro lado, tantas coisas maravilhosas aconteceram comigo nos últimos três anos. O mundo não me deve nada."

Em seguida, ele falou sobre sua visão de vida e morte, que contrariava o senso comum de que a morte é a maior das tragédias: "Quando as pessoas têm medo da morte, é um completo caso de insegurança. Seu corpo é apenas um veículo físico […] A ideia é colocar a própria vida em ordem, ver se você pode se preparar para o próximo mundo — porque há um. […] As pessoas ainda lamentam quando alguém morre. Isso é autocompaixão. Todos os seres humanos são egoístas, de certa forma, e é por isso que as pessoas ficam tão tristes quando alguém morre: elas ainda não terminaram de usar a pessoa. Quem morreu não chora. Tristeza é quando um bebê nasce neste mundo tão pesado."
Por fim, o guitarrista se mostrou também amargo à tendência que o ser-humano tem de só dar valor a algo depois que perde — de só dar valor a alguém depois que morre: "Quase vale a até a pena morrer só por isso, só pelo funeral. É engraçado como as pessoas amam os mortos. Você tem que morrer para que pensem que você vale alguma coisa. Depois de morto, você está garantido para a vida. Quando eu morrer, apenas continuem tocando os [meus] discos."

Jimi Hendrix morreu de overdose acidental em 18 de setembro de 1970. Esgotado, endividado e cheio de problemas na justiça, ele queria dar um tempo de sua carreira, mas em 1969 foi obrigado a gravar o "Band of Gyspys" para pagar dívidas. No ano seguinte, ele queria ficar em seu estúdio particular gravando, mas foi obrigado por questões financeiras a fazer uma turnê europeia contra sua vontade. E foi justamente nessa excursão que ele morreu.
A ganância das pessoas que enriqueciam com a música fez com que elas trocassem a vida do maior guitarrista de todos os tempos por um trocado extra. Uma história que se repetiria futuramente com nomes como Kurt Cobain, Amy Winehouse e Michael Jackson.

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