Discos e Histórias: Black Album, o disco que mudou a vida do Metallica
Resenha - Metallica - Metallica
 Por Ricardo Seelig
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 14 de fevereiro de 2020
Quinto álbum do Metallica.
Lançado dia 12 de agosto de 1991.
Gravado entre 6 de outubro de 1990 e 16 de junho de 1991 no One on One Studios, em Los Angeles, mesmo local onde a banda gravou o álbum anterior, "... And Justice for All" (1988).
Produção de Bob Rock, que antes havia produzido álbuns do The Cult, Mötley Crüe e David Lee Roth.
A decisão para trazer Rock foi o trabalho que ele fez em "Dr. Feelgood" (1989), do Mötley Crüe, que deixou a banda muito impressionada.
Lars Ulrich declarou na época: "Sentíamos que ainda não havíamos gravado o nosso melhor disco, e que Bob era a pessoa certa para nos ajudar nisso".
 
Bob Rock teve papel fundamental em Black Album e no novo som do Metallica, exercendo uma influência profunda sobre a banda. Ele sugeriu que os caras começassem a desenvolver as ideias juntos e não separados, ensinou a James Hetfield como usar vocais em harmonia e mudou a forma de James cantar.
 
Além disso, deu muito mais destaque para o baixo de Jason Newsted, negligenciado e praticamente apagado no álbum anterior, "... And Justice for All". Isso, aliado à afinação em tons mais baixo das guitarras, fez o som ficar muito mais grave, passando uma sensação de peso muito mais latente que a presente nos discos anteriores.
O processo de gravação e produção foi, além de longo, bastante problemático, e resultou no fim do casamento de três dos quatro integrantes do Metallica, com Lars, Kirk Hammett e Jason se separando de suas esposas no período.
O disco foi remixado três vezes, tanto pelo perfeccionismo da banda quanto pela de Bob Rock, e custou aproximadamente 1 milhão de dólares para ser gravado.
 
O próprio Bob Rock jurou que nunca mais trabalharia com a banda após o final da gravação do disco, mas o sucesso foi enorme e tudo mudou.
Rock permaneceria como produtor do Metallica até "St. Anger", lançado em 2003
Aqui há uma mudança significativa no som da banda. Sai o thrash metal dos discos anteriores e entra um som mais focado no heavy metal, mais lento e mais descomplicado, voltado para um público além do nicho do thrash metal alcançado pelo grupo até então.
 
Uma das razões para essa abordagem mais direta foi o apelo extremamente técnico de "... And Justice for All", com a banda sentindo que as canções do álbum anterior eram muito longas e complexas para serem executadas ao vivo.
O quarteto pensou em batizar o álbum apenas como Five, já que era o seu quinto disco, ou o título de uma de suas músicas.
Acabaram levando o conceito de simplificação colocado nas músicas também para o restante do disco, batizando o álbum apenas como Metallica e optando por uma capa preta, com a logo da banda no canto superior esquerdo e uma serpente no canto inferior direito.
O disco logo ganhou o apelido de "Black Album", e é conhecido até hoje por esse nome pelos fãs.
 
Cinco das doze faixas do disco foram lançadas como singles: "Enter Sandman" (16º lugar na Billboard), "The Unforgiven" (top 40 na Billboard), "Nothing Else Matters" (sexto lugar na Inglaterra), "Wherever I May Roam" (2º lugar na Billboard) e "Sad But True" (posição 98 no Hot 100 da Billboard).
Todas ganharam clipes que rodaram sem parar na MTV na época, e que ajudaram a construir a imagem da banda mundo afora.
 
O disco traz letras mais introspectivas do que os álbuns anteriores.
Enquanto os quatro discos lançados entre 1983 e 1988 traziam letras que falavam sobre questões sociais, do cotidiano, injustiças e críticas à sociedade norte-americana, aqui James falou mais sobre si mesmo e os seus sentimentos, como nunca havia feito antes.
James declarou que as suas principais influências na hora de escrever as letras foram lendas como Bob Dylan, John Lennon e Bob Marley.
Principal single do disco, "Enter Sandman" fala sobre pesadelos e tudo que os acompanham.
"The God That Failed" fala da morte da mãe de James, Cynthia, que sucumbiu a um câncer porque não realizou o tratamento indicado, já que sua religião não permitia.
 
"Nothing Else Matters" tem uma letra que fala sobre a falta que James sentia da sua esposa durante as turnês. O vocalista ficou com vergonha de mostrar a canção para a banda porque achava que ela não se encaixava no universo do Metallica, mas a banda adorou e os fãs também, já que a música se tornou um dos maiores sucessos do grupo.
Em relação aos aspectos musicais, há uma onipresente influência de Black Sabbath em todo o disco, e o exemplo mais evidente disso é "Sad But True", onde a banda não esconde nem um pouco a inspiração na banda de Tony Iommi.
"The Unforgiven" traz influência das músicas de Ennio Morricone, compositor italiano famoso por suas trilhas para filmes de western e autor de "The Ecstasy of Gold", música presente no filme Três Homens em Conflito, de 1966, e que utilizada na abertura dos shows do Metallica desde 1983.
 
O disco é o primeiro a não trazer uma música instrumental até então. "My Friend of Misey" originalmente não teria letra, mas a banda acabou optando por colocar uma letra na composição.
Assim que foi lançado, o álbum recebeu elogios generalizados dos mais variados veículos.
A Rolling Stone afirmou em seu review que várias músicas soam como novos clássicos do hard rock.
O Chicago Tribune afirmou que o disco é um ótimo ponto de partida para quem não conhece a banda, com suas canções concisas e produção explosiva.
 
O Los Angeles Times afirmou que a banda parecia não estar mais apaixonada pelo seu som e abraçou outra sonoridade, em um movimento semelhante ao que Bob Dylan realizou em meados dos anos 1960 ao trazer a guitarra elétrica para a folk music e eletrificar a sua música.
A Melody Maker disse que o disco era provavelmente duas vezes mais pesado do que tudo que a banda havia gravado até então.
A Classic Rock Magazine classificou o disco como o pináculo absoluto da longa e bem sucedida carreira do Metallica e afirmou que o álbum foi o responsável por convencer a indústria a abraçar o metal como um fenômeno de massa.
 
O disco ganhou o Grammy de Melhor Álbum de Metal em 1992.
Está na posição 255 da lista de 500 Maiores Álbuns de Todos os Tempos, da Rolling Stone, e na posição 25 da lista de 100 Maiores Álbuns de Metal da revista.
Foi o primeiro álbum da banda a estrear no número 1 da Billboard, vendendo 600 mil cópias na primeira semana de lançamento.
Ganhou Disco de Platina nos EUA, o que significa 1 milhão de cópias, em apenas duas semanas.
Passou quatro semanas consecutivas no topo da Billboard e 488 semanas no Billboard 200. É o terceiro disco a permanecer por mais tempo nas paradas dos EUA, atrás apenas de "The Dark Side of the Moon", do Pink Floyd, e "Tapestry", de Carole King.
Em 2009 superou "Come on Over", de Shania Twain, como o disco mais vendido desde que o sistema SoundScan passou a aferir as vendas de discos no mercado norte-americano.
 
É o álbum mais vendido nos EUA desde o início da era SoundScan, em 1991.
Aproximadamente 5,8 milhões das cópias vendidas do Black Album foram em fitas K7.
Desde o seu lançamento, nunca vendeu menos do que mil cópias por semana, e durante 2016 vendeu mais de 5 mil cópias durante todas as semanas do ano.
Vendeu mais de 16 milhões de cópias apenas nos EUA e mais de 31 milhões de cópias em todo o mundo.
 
É o disco de metal mais importante dos anos 1990 e definiu o som do metal a partir de então.
Produção primorosa, som incrível e um trabalho de composição brilhante, tirando a banda do nicho e das limitações do thrash metal e mostrando que tudo era possível para os músicos do grupo.
Melhor performance vocal de James até então.
Um disco espetacular, que ainda é criticado por alguns por ser um ótimo álbum de rock e não se limitar ao metal. Um dos melhores e maiores álbuns de todos os tempos.
É aqui que o som do Metallica muda de forma definitiva, processo esse que seria levado adiante nos injustamente criticados "Load" (1996) e "Reload" (1997).
 
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