New Order: "Music Complete" é o melhor trabalho desde 1989
Resenha - Music Complete - New Order
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 08 de outubro de 2015
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
Em 18 de maio de 1980, Ian curtis suicidou-se em Manchester, encerrando a promissora carreira da Joy Division. Respeitada pela crítica e às vésperas de lançar o cultuado e influente Closer, imagine a frustração, raiva, desorientação e dor de Bernard Summer, Peter Hook e Stephen Morris ao perderem o membro mais carismático da banda, no dia anterior ao embarque para sua primeira turnê norte-americana. Os rapazes decidiram seguir na seara musical, porém. Chamaram Gillian Gilbert – namorada e futura esposa de Morris – e a formação clássica da New Order nascia.
Movement (1981), o primeiro álbum, embora com um pouco mais de sintetizadores, soava ainda bastante pós-punk e macambúzio. Em março de 1983, a New Order mudaria o curso da dance music com o single Blue Monday. Desgostosos com a lugubridade do som, Summer e Cia. misturaram Kraftwerk, Giorgio Moroder, disco music, sequenciadores e pitadas da sonoridade e aura deprê pós-punk em Blue Monday, o single de 12 polegadas mais vendido da História.
Inicialmente sucesso underground, o impacto da canção é sentido ainda hoje e definiu muito do estilo New Order.
A reputação e sucesso do quarteto escalaram como poucos na cena independente e a New Order tornou-se um dos produtos culturais mais rentáveis e exportáveis da Grã-Bretanha oitentista. Poucas entrevistas, capas minimalistas de Peter Saville, o poderoso baixo fisgador de Peter Hook, as letras risíveis de Summer, a tentativa de equilíbrio entre electronica e rock.
Nos 90’s e 00’s, a influência continuava, mas o sucesso comercial obviamente não era o mesmo. Projetos paralelos e a configuração do mercado e das vidas pessoais resultaram em álbuns mais temporalmente espaçados. Eletrônicos ainda, mas com ênfase maior no rock, com diversas faixas esquecíveis.
Em 2001, depois do lançamento do guitarreiro Get Ready, Gilbert deixou a banda para se dedicar à família e foi substituída por Phil Cunningham. Em 2007, o feudo entre Hookey e Barney explodiu midiaticamente. O baixista partiu e esbraveja contra os ex-companheiros sempre que pode. Em 2011, Gillian voltou e Tom Chapman assumiu o baixo. Daí, decidiram gravar novo álbum.
Music Complete saiu dia 25 de setembro pela Mute Records, tradicional indie que nos 80’s lançara Depeche Mode, Erasure e Yazoo. Alguns fãs temiam tantas mudanças: baixista e gravadora novos (afinal, a New Order era sinônimo de Factory Records). Sofreram à toa, porque Hookey não faz falta – Chapman toca muito direitinho – e a Mute é pura tradição synthpop.
Tanto em sonoridade quanto em convidados, o grupo tentou manter a balança igualada entre indie rock e electronica, mas em ambos os quesitos o batidão sintetizado ganhou a parada: Music Complete agradará em cheio aos fãs oitentistas. Restless abre agradavelmente com sua mistura de synth com indie rock. Sorte que a segunda faixa altera essa tendência, senão seria outro álbum meia-boca com algumas canções três-quartos de boca. Singularity começa evocando o tom soturno da velha Joy, com baixo e guitarra ameaçadores, logo vira synth pop oitentista, mas é só por alguns segundos, porque Gillian Gilbert tem chilique e a paulada eletrônica vem para destruir costas e joelhos de fãs (quase) 50tões. A faixa tem a mão de Tom Rowlands, dos Chemical Brothers, que também colaborou em The Game, não tão deslumbrante como Singularity, mas bastante dançável.
Plastic retoma Giorgio Moroder nos teclados sequenciados e Tutti Frutti é tão Morodiana que tem até letra em italiano. Elly Jackson, ex-metade do retrô La Roux canta nesta faixa que mistura Italo Dance com orquestra de cordas sintetizada a la Studio Apartament (delícia dance japa superinfluenciada por New Order). People on the High Line mistura Chic com acid house; desde State of the Nation a New Order não soava tão funky.
No meio do álbum, a derrapada de Stray Dog e seus mais de 6 minutos de Iggy Pop falando bobagem atrás de bobagem. Academic é outra entrada no território indie rock, que soa como filler.
Embora pudesse ser um minuto mais curta, a midtempo Nothing But a Fool retoma o bom nível de Music Complete, que balança eletronicamente ao estilo de Substance (1987) em Unlearn This Hatred, e culmina na irresistível celebração de Superheated, com participação de Brandon Flowers, que já encantou este ano com seu pop de arena altamente retro-80’s (leia resenha ao fim desta matéria).
Erros há, mas a New Order perpetrou seu melhor álbum desde Technique (1989).
Ouça o stream oficial nesta playlist:
Tracklist:
1 Restless
2 Singularity
3 Plastic
4 Tutti Frutti
5 People On The High Line
6 Stray Dog
7 Academic
8 Nothing But A Fool
9 Unlearn This Hatred
10 The Game
11 Superheated
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O guitarrista preferido de Mark Knopfler, do Dire Straits, e que David Gilmour também idolatra
Nova música do Megadeth desbanca - temporariamente - Taylor Swift no iTunes dos EUA
Fernanda Lira expõe comentários preconceituosos e recebe apoio de nomes do metal
O subestimado guitarrista base considerado "um dos maiores de todos" por Dave Mustaine
Megadeth, Anthrax, Trivium e Evergrey apoiarão Iron Maiden em turnê pela Europa
Jinjer, In Flames e Killswitch Engage confirmados no Bangers Open Air, afirma jornalista
Organização do Bangers Open Air promete novidades; "Vocês não perdem por esperar!"
A "melhor banda de rock'n'roll em disco", segundo Bono, do U2
Nicko McBrain compartilha lembranças do último show com o Iron Maiden, em São Paulo
As 3 teorias sobre post enigmático do Angra, segundo especialista em Angraverso
A banda de forró que se fosse gringa seria considerada de rock, segundo produtora
Nick Holmes diz que há muito lixo no nu metal, mas elogia duas bandas do estilo
A canção proto-punk dos Beatles em que Paul McCartney quis soar como Jimi Hendrix
Ghost ganha disco de platina dupla nos Estados Unidos com "Mary on a Cross"
As 5 melhores bandas de rock dos últimos 25 anos, segundo André Barcinski
A música envolvente do Ghost inspirada em serial killer enigmático que nunca foi capturado
Cinco razões que explicam por que a década de 1980 é o período de ouro do heavy metal
A única música da Legião Urbana que nenhum membro oficial participou da gravação
Trio punk feminino Agravo estreia muito bem em seu EP "Persona Non Grata"
Svnth - Uma viagem diametral por extremos musicais e seus intermédios
Em "Chosen", Glenn Hughes anota outro bom disco no currículo e dá aula de hard rock
Ànv (Eluveitie) - Entre a tradição celta e o metal moderno
Scorpions - A humanidade em contagem regressiva
Soulfly: a chama ainda queima
O disco que "furou a bolha" do heavy metal e vendeu dezenas de milhões de cópias



