Devon: debutando com álbum sólido
Resenha - Unreal - Devon
Por Thiago Pimentel
Fonte: Hangover-Music
Postado em 26 de setembro de 2012
Após quatro anos em atividade, a banda de heavy metal mineira Devon lança seu primeiro registro oficial, "Unreal".
Devo salientar que, antes mesmo de ouvir o trabalho, o esmero com a parte gráfica roubou-me, de cara, a atenção. Explico: o encarte foi muito bem planejado e todo o design gráfico, no geral, salta aos olhos. Depois desse primeiro contato positivo, logo veio-me a seguinte indagação: a música manterá o nível profissional anunciado na arte da obra?
A primeira composição ("Crash of Reality") é uma vinheta baseada na ambiência que serve, no fim das contas, para introduzir o ouvinte a viagem em meio ao existente e o irreal – tema proposto pelas letras das canções, saliento. Cusiosamente, trata-se da única faixa não assinada pelo baixista Rafael DM, o principal compositor da banda – excluindo essa música, ele assina todas as outras do registro, a propósito.
Depois da breve introdução, um solo de teclado anuncia a rápida "Streets Ain't the Same". A canção trata-se de um heavy metal veloz, essencialmente melódico e direto. Bem direto, na verdade. Fora seu início – pelo fato da banda não ter um tecladista fixo, fui surpreendido –, a música me soou um tanto apática e indiferente. De fato, na minha opinião, a coisa melhoraria com a próxima faixa, "Turning". Esta terceira composição já exibe variações e um desenvolvimento bem mais interessante, incluindo até um bom solo de baixo e trechos instrumentais mais inesperados, digamos assim. Ótima faixa. E sim, o disco seguirá melhorando, adianto.
Atento que o trabalho vocal de Alex Gardini é competente, mas pelo fato do músico não exibir muitas variações – suas linhas são, majoritariamente, agudas e limpas – isso, talvez, comprometa a variedade apresentada pelo instrumental do Devon. Por exemplo, surgindo logo a seguir, a manowarística "Call the Brothers" aumenta a dose de peso e me pareceu carecer, em determinados momentos, de uma interpretação mais seca e agressiva.
A quinta faixa ("The Sunset Rider") mantém a qualidade entre bons riffs e ótimos solos – tocadas por Rafael Greco e Breno Viana – e conta, inclusive, com um excelente refrão. As linhas de bateria gravadas por Gabriel Trianni, que saiu da banda após gravar o disco, também roubam a atenção; o músico é muito competente. Nesse ponto, a boa produção do álbum – realizada por Thiago Bianchi (Shaman) – já merece ser comentada, pois quase tudo 'soa no lugar' e a audição segue confortável. Aliás, adianto que todas as canções são muito bem conectadas. Ao se ouvir o disco na íntegra – o meu caso nas vezes que o ouvi, inclusive agora! –, é um grande ponto a favor, devo dizer.
Voltando ao álbum, a balada "Forgetting You" – aqui senti, novamente, a falta de vocais graves – e a mais intricada "The Sentence" dão sequência. A primeira citada é conduzida, principalmente, por violões, além de contar com um belo solo de piano. Já a última possui arranjos e variações muito interessantes me soando, no geral, bem progressiva.
A parte conclusiva de "Unreal", para mim, eleva ainda mais a qualidade; faixas como "Running Out of My Luck", "Face Myself" e "On the Road" – essa tem um peso especial – são realmente convincentes e, além disso, casam com a proposta da banda. Ou seja, exibem um heavy metal acessível e, ao mesmo tempo, bem trabalhado.
Fechando o trabalho, temos a ótima "Innocence Degrees" que, na minha opinião, é bem superior a outra balada ("Forgetting You"). Grande parte disso deve-se ao fato dos vocais de Alex Gardini encaixarem-se, dessa vez, com mais naturalidade e sua interpretação me soar mais emocionante.
De forma geral, "Unreal" é um ótimo trabalho de estreia; todos os músicos envolvidos são bons e a produção está a altura. Como falei anteriormente, é um disco cuja audição se dá naturalmente bem, pois todas as faixas são bem conectadas e arranjadas. Entretanto, há certos fatores que, talvez, restrinjam o público da banda, por ora, aos amantes do heavy metal mais melódico. Esperemos que, nos futuros registros, o Devon amadureça ainda mais solidificando, assim, sua proposta. Bem, potencial e vontade eles já demonstraram em "Unreal".
Músicas-chave:
"Turning"; "Innocence Degrees"; "Running Out of Luck"
Formação:
Alex Gardini – vocal
Breno Viana – guitarra
Rafael Greco – guitarra
Rafael DM – baixo
Gabriel Trianni – bateria
James Freitas – teclado
Tracklist:
1. Crash of Reality 00:42
2. Streets Ain´t the Same 03:10
3. Turning 04:36
4. Call the Brothers 04:59
5. The Sunset Rider 04:02
6. Forgetting You 03:19
7. The Sentence 05:02
8. Running Out of Luck 03:42
9. Face Myself 03:20
10. On the Road 03:28
11. Innocence Degrees 04:22
Site oficial:
http://devonunreal.com
Outras resenhas de Unreal - Devon
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda que Slash considera o auge do heavy metal; "obrigatória em qualquer coleção"
Steve Harris não descarta um grandioso show de despedida do Iron Maiden
Ingressos para o festival Mad Cool 2026 já estão à venda
O hit do Led Zeppelin que Jimmy Page fez para provocar um Beatle - e citou a canção dele
E se cada estado do Brasil fosse representado por uma banda de metal?
Pink Floyd - Roger Waters e David Gilmour concordam sobre a canção que é a obra-prima
O histórico compositor de rock que disse que Carlos Santana é "um dos maiores picaretas"
6 álbuns de rock/metal nacional lançados em 2025 que merecem ser conferidos
M3, mais tradicional festival dedicado ao hard rock oitentista, anuncia atrações para 2026
Para Wolfgang Van Halen parte do público não consegue ouvi-lo sem pensar no seu pai
É oficial! Iron Maiden vem ao Brasil em outubro de 2026; confira as informações
Os 20 álbuns de classic rock mais vendidos em 2025, segundo a Billboard
Edguy - O Retorno de "Rocket Ride" e a "The Singles" questionam - fim da linha ou fim da pausa?
A atitude inocente de John Bush que chocou os integrantes do Anthrax
A categórica opinião de Regis Tadeu sobre quem é o maior cantor de todos os tempos
Corey Taylor, do Slipknot, explica porque o mundo Pop não suporta o Heavy Metal
A diferença entre público de São Paulo e Rio de Janeiro, segundo Humberto Gessinger
A hilária atitude da Blitz que hoje seria alvo certo de cancelamento na internet


Com muito peso e groove, Malevolence estreia no Brasil com seu novo disco
"Opus Mortis", do Outlaw, é um dos melhores discos de black metal lançados este ano
Antrvm: reivindicando sua posição de destaque no cenário nacional
"Fuck The System", último disco de inéditas do Exploited relançado no Brasil
Giant - A reafirmação grandiosa de um nome histórico do melodic rock
"Live And Electric", do veterano Diamond Head, é um discaço ao vivo
Slaves of Time - Um estoque de ideias insaturáveis.
Com seu segundo disco, The Damnnation vira nome referência do metal feminino nacional



