Resenha - Best of Both Worlds - Van Halen
Por Daniel Dutra
Postado em 29 de julho de 2004
Nota: 9
(Warner - importado)
A questão "Melhor coisa de 2004?", uma daquelas que compõem as enquetes de fim de ano, já tem uma de suas opções: "A volta do Van Halen". A reunião com o vocalista Sammy Hagar, que havia saído do grupo oito anos antes sob circunstâncias mal esclarecidas, certamente foi um dos momentos mais festejados por quem gosta de rock. Para completar, depois de seis anos sem nenhum lançamento, chega às lojas a coletânea dupla The Best of Both Worlds, que tem como prato principal as três novas músicas com Hagar.
O primeiro CD abre com Eruption, da mesma maneira que Best Of Volume 1. Mas existe outra maneira melhor? Há algo que ainda não foi falado sobre o antológico solo de Eddie Van Halen? Então, o negócio é ir direto ao que já nasceu despertando curiosidade. Primeiro single e música oficial da volta, It's About Time é ótima por dois motivos: como composição mesmo e porque bastam 40 segundos para ouvirmos a guitarra de Eddie soltar os costumeiros riffs, harmônicos e bends que influenciaram toda uma geração do fim dos anos 70 para cá.
Sem contar a maestria de sempre nas seis cordas, It's About Time apresenta riffs surpreendentemente pesados - lembre-se que a referência de peso para o Van Halen não é a mesma de um Slayer - e um refrão contagiante. Ainda assim, não é a melhor das três inéditas. O título fica para a excelente Up for Breakfast, com o groove e os backings vocals dos velhos tempos. Na verdade, uma das melhores músicas do grupo com Hagar ao microfone. Learning to See é a mais acessível, mas tem boa dose de peso, uma ótima performance do vocalista e é surpreendentemente agradável justamente por passar ao largo de ser uma daquelas babas.
Encerradas as novidades, é hora de relembrar um passado que infelizmente não tem nada da fase com Gary Cherone. Apesar da falta de respeito com o ex-Extreme - ou injustiça, como queiram - o repertório foi escolhido a dedo, seja na praia dos clássicos ou na dos hits. Claro, não existe coletânea perfeita e sempre vai ter alguém reclamando de ausências ou inclusões, mas a análise tem mesmo de ser feita em cima do que está disponivel. Assim, por que ficar para ficar reclamando de Dreams, Love Walks in, Why Can't This Be Love e When it's Love? Ou mesmo de Can't Stop Lovin' You, Feels So Good e Not Enough? Pegue o controle remoto e pule as faixas.
Os seis exemplos acima são da primeira fase com Hagar, mas ela tem boas representantes também. Finish What Ya Started, Top of the World, Runaround e Black and Blue são muito legais, Best of Both Worls e Poundcake são ótimas e Right Now, simplesmente um clássico. Além disso, Ain't Talkin' 'Bout Love, Jump e Panama aparecem em versões ao vivo na voz de Hagar, todas diretas do duplo Live: Right Here, Right Now. Todas também aparecem em sua versão original e aí chegamos ao maravilhoso material da Era Roth.
Jump é a mistura perfeita do rock com o pop, ou seja, tem a fórmula exata para ser acessível sem abrir mão da qualidade. O maior hit da banda é óbvio, mas The Best of Both Worlds apresenta belas surpresas. Começando com I'll Wait e terminando com Beautiful Girls e Everybody Wants Some!!, músicas que muito provavelmente não fariam parte de uma lista feita pelos fãs. Outro positivo foi ter dado espaço a Diver Down, disco totalmente ignorado em Best Of Volume 1. (OH) Pretty Woman e Dancin' in the Street podem não ter sido as melhores escolhas, mas vão alavancar as vendas do CD.
A obra-prima Van Halen tem pouco mais de meia hora e bem que poderia estar na íntegra aqui. Tudo bem, além de Eruption, pérolas como Ain't Talkin' 'Bout Love, You Really Got Me (a música é do The Kinks, mas virou propriedade do Van Halen), Jamie's Cryin' e Runnin' With the Devil são motivos suficientes para você parar de ler estar resenha e ir atrás do álbum de estréia do quarteto. Se já não tiver, é claro, pois estamos falando de algo obrigatório.
Para completar, não dá para terminar sem falar de Dance the Night Away (deliciosamente pop), Hot for Teacher (Eddie Van Halen é um gênio), Unchained (maravilhosa) e And the Cradle Will Rock... (riff, refrão... Tudo perfeito). Sim, as 16 canções gravadas por Roth, Michael Anthony e os irmãos Eddie e Alex Van Halen são uma aula de boa músicas, essenciais se você quer conhecer o que de melhor já foi feito no rock.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps