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Deep Purple: 50 anos da significante formação Mark III

Por Isaias Freire
Postado em 06 de outubro de 2024

A formação Mark III do Deep Purple, que contou com a chegada de David Coverdale (vocais) e Glenn Hughes (baixo e vocais), está fazendo 50 anos, foram somente dois discos de estúdio e alguns "ao vivo" lançados posteriormente. Depois disto nunca mais. Esta formação representou uma virada significativa no som da banda e marcou uma nova fase para o grupo. Burn e Stormbringer, ambos de 1974, trouxeram elementos inovadores que solidificaram a relevância do Deep Purple no cenário do rock mundial, experimentando novas influências que iam além do hard rock e abraçavam o funk, o soul e o blues de maneira mais evidente.

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Foto: Reprodução
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Lançado em fevereiro de 1974, Burn foi o primeiro álbum da formação Mark III e uma declaração poderosa de que o Deep Purple estava preparado para entrar em uma nova era. O álbum começa com a faixa-título "Burn", que imediatamente impõe o virtuosismo instrumental da banda. Ritchie Blackmore brilha com seu riff marcante, enquanto Ian Paice mostra por que é um dos bateristas mais dinâmicos da época. A voz de David Coverdale, com um tom grave e cheio de soul, se encaixa perfeitamente com o estilo intenso de Hughes, que contribui com backing vocals que complementam e enriquecem a sonoridade da banda. A interação entre os dois vocalistas, um aspecto único da Mark III, traz uma dimensão nova e interessante para o som do Deep Purple, oferecendo uma riqueza vocal que seus predecessores não possuíam.

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Outras faixas do álbum, como "Might Just Take Your Life" e "Lay Down, Stay Down", mantêm a energia alta, enquanto a balada "Mistreated" se destaca como uma das composições mais emocionais de Blackmore (posteriormente regravada com o Rainbown e Dio nos vocais), com a performance vocal de Coverdale conduzindo uma narrativa de dor e paixão. A fusão entre o hard rock, o blues e até um toque de psicodelia em algumas faixas mostra que a banda estava explorando novas possibilidades musicais, com Blackmore e o tecladista Jon Lord colaborando de forma inspirada.

Apesar de ser um álbum de transição, Burn foi muito bem recebido, tanto pela crítica quanto pelos fãs, e provou que o Deep Purple poderia continuar relevante, mesmo após a saída dos icônicos Ian Gillan e Roger Glover. Burn ofereceu um equilíbrio entre o virtuosismo técnico que a banda já era conhecida e a nova dimensão vocal trazida por Coverdale e Hughes.

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Stormbringer, lançado em novembro do mesmo ano, continuou a explorar o novo som que a formação Mark III estava construindo, mas com uma abordagem ainda mais experimental. Este álbum viu a banda mergulhar mais profundamente em influências de funk, soul e R&B, o que, na época, foi uma mudança polêmica para alguns fãs de longa data, que esperavam uma continuação mais direta do som pesado de Burn.

A faixa-título, "Stormbringer", abre o álbum com uma energia familiar, trazendo um riff poderoso de Blackmore e o vocal imponente de Coverdale, mas é nas faixas subsequentes que a influência do funk e do soul se faz sentir mais fortemente. "Love Don't Mean a Thing" e "Hold On" apresentam grooves mais sutis e cadenciados, com Hughes desempenhando um papel importante nos vocais e nas linhas de baixo. Suas influências mais voltadas para o funk e o soul permeiam o álbum, contrastando com o estilo mais direto de Blackmore e Lord.

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Faixas como "High Ball Shooter" ainda mantêm o rock direto que os fãs de Deep Purple esperavam, mas o álbum, como um todo, se arrisca mais em novas direções. "The Gypsy" e "Holy Man" trazem tons mais melódicos e introspectivos, com Coverdale mostrando sua versatilidade como vocalista em composições mais profundas e atmosféricas. Essas canções revelam uma banda que estava disposta a sair de sua zona de conforto e explorar novos territórios sonoros, ainda que essa experimentação não fosse bem recebida por todos os fãs na época.

Apesar de ser considerado um álbum mais leve e menos consistente que Burn, Stormbringer é frequentemente visto, retrospectivamente, como um trabalho de transição importante, no qual a banda experimentou novas texturas musicais. No entanto, essa direção mais suave e influenciada pelo funk e soul contribuiu para tensões internas na banda, especialmente entre Blackmore e os outros membros, que queriam continuar essa evolução estilística. Blackmore, descontente com o novo som, deixou o Deep Purple após a turnê de Stormbringer, o que resultou no fim da formação Mark III.

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Além disso, esses álbuns prepararam Coverdale para sua futura carreira solo e para a formação do Whitesnake, banda que também alcançou grande sucesso.

A formação Mark III foi uma das mais inovadoras e ecléticas da banda, trazendo influências novas e adicionando uma rica dinâmica vocal. Hoje, tanto Burn quanto Stormbringer são apreciados por seu valor artístico e pela coragem de sair do molde do hard rock tradicional, deixando um legado importante dentro da vasta e influente discografia do Deep Purple.

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Sobre Isaias Freire

Isaias Freire é baixista nas poucas horas vagas e amante do rock em tempo integral. No final dos anos 90 foi pioneiro criando o blog (que a vida se encarregou de deletar) de música “Sábado Som” em homenagem ao programa homônimo dos anos 70.
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