Instrumental: falando sobre a música que não é falada
Por Zé Elias
Postado em 03 de setembro de 2019
O título tem duplo sentido. Música instrumental não tem palavras. E a minha experiência de vida mostra que é um estilo bem menos apreciado (portanto, bem menos comentado) do que as músicas cantadas.
Um dado curioso: se você tirar a letra de uma música (apenas assobiando ou cantarolando com "la-lara-lará"), ela continua a ser música; mas se você tirar a música de uma letra, ela vira só uma poesia ou um conjunto de palavras. Então eu tenho uma coisa clara na minha cabeça: música é feita, antes de tudo, com notas musicais. Não é que letras sejam irrelevantes. Músicas também contam histórias. No mundo do rock, "The Wall" do Pink Floyd ou "Jesus Christ Superstar" de Tim Rice e Andrew Lloyd Webber são exemplos de obras que nasceram de um texto e só têm sentido com ele.
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Minha infância no final dos anos 1960 e começo dos 1970 foi ouvindo bastante música instrumental vinda dos meus pais: chorinho, trilhas sonoras, música clássica, orquestras tipo CLEBANOFF ou RAY CONNIFF, além das aberturas de desenhos animados e séries de TV. É o mesmo período em que o rock progressivo e o fusion estiveram em evidência. E quando eles chegaram até mim, no começo da década seguinte, chamaram a atenção exatamente pela valorização do instrumental.
Foi mais ou menos assim que minha cabeça foi formada a respeito do assunto desta matéria. Ultimamente tenho estado bastante nesta praia e resolvi compartilhar com os dois tipos de entusiastas (se você chegou até aqui, deve ser um deles): os que conhecem bastante, e de quem espero comentários e outras sugestões; e os que conhecem pouco, e a quem espero estar abrindo umas portas diferentes. Começo, com esta matéria, a postar dicas, curiosidades e impressões a respeito. Bem-vindos curiosos, estudiosos e ecléticos! Vamos ao rock, blues, jazz, fusion e adjacências que povoam meu setlist de música sem palavras.
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TRADITIONAL JAZZ BAND (fico devendo os títulos das faixas)
Trecho de uma apresentação na TV Cultura, nos anos 1980. Banda paulistana criada em 1964 e até hoje na ativa. Jazz no estilo da primeira metade do século 20. Filmes mudos como os do GORDO E O MAGRO e de CHARLES CHAPLIN usavam bastante esse tipo de música como pano de fundo.
JEAN-LUC PONTY, "Egocentric molecules"
Violinista francês que fez parte da MAHAVISHNU ORCHESTRA. Foi ao ouvir isto aqui que eu entendi que jazz e rock podiam andar juntos. Ao vivo, 1979.
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Em breve, mais dicas! E aí, gostou?
Matérias anteriores minhas sobre discos instrumentais:
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