Raul Seixas: 10 importantes obras do Maluco Beleza
Por André Molina
Postado em 05 de outubro de 2009
O maior expoente do rock brasileiro deixou uma legião de fãs por todo o país. Raul Seixas foi vítima de uma pancreatite aguda no dia 21 de agosto de 1989. O consumo excessivo de álcool aliado à diabete foi fatal para o roqueiro baiano, que faleceu aos 44 anos. Em 22 anos de carreira, Raulzito deixou seu talento em quase 20 discos autorais. A música dele era única por se tratar do primeiro roqueiro de grande relevância a sair da Bahia, a terra do Axé e da Lambada. Ele não se enquadrou em nenhum movimento musical. No fim da década de 60, rivalizou com a Tropicália de Caetano Veloso e Gilberto Gil, e na década de 70 se tornou o principal nome do gênero nacional com um rock originalmente nordestino. Elvis Presley e Luiz Gonzaga eram notadamente suas principais influências em canções com muitas metáforas para driblar a ditadura militar. Em homenagem ao verdadeiro rei do rock brasileiro, o whiplash expõe 10 importantes obras de Raulzito.

Gita (1974)
Não é fácil eleger qual é o melhor disco de Raul Seixas. A exposição de "Gita" vale mais como uma sugestão. Além de ser um grande sucesso comercial, o trabalho emplacou clássicos como a faixa título, "Sociedade Alternativa", "SOS", "O Trem das Sete", "Medo da Chuva" e "As Aventuras de Raul Seixas Na Cidade de Thor". Nas letras percebe-se ainda o envolvimento de Raul e do mago parceiro Paulo Coelho com o ocultismo. Em "Sociedade Alternativa", é citada a obra "A Lei" de Alester Crowley, conhecido como principal divulgador da filosofia satanista. Antes de gravar o LP, Raul anunciou que iria adquirir um terreno em Minas Gerais para a construção da "Cidade das Estrelas" (local em que desejava fundar uma comunidade paralela). A intenção do cantor chegou ao fim após ser torturado pelo DOPS e exilado nos Estados Unidos. Com o álbum, Raulzito conseguiu o primeiro disco de ouro (600 mil cópias vendidas). Ele voltou ao país após a canção "Gita" se tornar um grande sucesso nas rádios.

Krig-ha, Bandolo! (1973)
Após iniciar a carreira com trabalhos autorais que não tiveram um bom desempenho comercial e uma coletânea com interpretações de canções da década de 50, o roqueiro baiano lançou seu primeiro grande sucesso. Com a canção "Ouro de Tolo", o álbum "Krig-ha, Bandolo!" consagrou Raul. A música foi uma dura crítica à classe média que se alienou diante do Milagre Econômico. O trabalho ainda conta com canções que se tornaram populares como "Metamorfose Ambulante", "Mosca na Sopa", "Al Capone", "As Minas do Rei Salomão", "How Could I Know" e "Rockxixe".

Há Dez Mil Anos Atrás (1976)
Depois de não conseguir manter o sucesso de "Gita" com o sucessor "Novo Aeon" (somente 60 mil cópias vendidas), Raul Seixas se recuperou com o disco "Há Dez Mil Anos Atrás". O trabalho também marcou o fim da bem sucedida parceria entre Raulzito e o mago Paulo Coelho. O disco conta com os sucessos "Eu Também Vou Reclamar", "Meu Amigo Pedro", "Há Dez Mil Anos Atrás" e "Canto Para a Minha Morte".

Novo Aeon (1975)
Apesar de "Novo Aeon" ter frustrado comercialmente Raul Seixas e a sua gravadora é inegável que o trabalho tenha registrado grandes clássicos. Muitas canções são veneradas por diversos fãs. Entre elas "Tente Outra Vez", "Rock do Diabo", "Eu Sou Egoísta" e as bem humoradas "Tu és o MDC da Minha Vida" e "É Fim do Mês", que lembra o estilo de "Ouro de Tolo".

Panela do Diabo – Raul Seixas e Marcelo Nova (1989)
"Panela do Diabo" foi lançado pouco antes da morte de Raul Seixas e contou com a parceria do baiano Marcelo Nova (Camisa de Vênus). O líder do Camisa de Vênus foi responsável por tirar Raul do ostracismo e motivar a criação de um grande disco do rock brasileiro. Antes de lançar o trabalho, Raul tinha gravado dois discos pela gravadora Copacabana que foram fracassos de vendas. O LP demonstra grande influência do rock tradicional da década de 50. Destacam-se as canções "Rock ‘n’ Roll", "Século XXI", "Quando Eu Morri" e os eternos sucessos "Pastor João e a Igreja Invisível" e "Carpinteiro do Universo". Os fãs têm um carinho especial pelo trabalho por ter fechado de maneira emblemática a carreira do rei do rock brasileiro.
É importante lembrar que a primeira parceria musical de Raul e Marcelo Nova foi na música "Muita Estrela, Pouca Constelação" do disco "Duplo Sentido", da banda Camisa de Vênus. O bom resultado incentivou a união dos dois músicos para a realização de "Panela do Diabo".

O Dia Em Que a Terra Parou (1977)
O álbum foi o primeiro após o fim da parceria de Raul com Paulo Coelho. A ausência do mago foi sentida. A crítica não gostou do disco e o cantor realizou menos shows de promoção do trabalho. Mesmo assim, o disco emplacou grandes sucessos como "Maluco Beleza" (canção mais conhecida do cantor), a faixa título, "Sapato 36" e "No Fundo do Quintal da Escola".

Por Quem os Sinos Dobram (1979)
O LP foi o último na gravadora WEA. Apesar de não contar com grandes sucessos e indicar que Raul não tinha a mesma popularidade do início da década de 70, o disco apresenta grandes canções como a faixa título, "Movido a Álcool", "O Segredo do Universo" e "Ilha da Fantasia". O trabalho conta ainda com a participação do guitarrista dos Mutantes, Sérgio Dias.

Mata Virgem (1978)
É o álbum menos rock ‘n’ roll da discografia solo de Raul Seixas. O trabalho conta com ritmos como baião, forró e às vezes lembra música caipira. Na época, Raul sofreria as primeiras crises de pancreatite. Belas canções compõem o LP, como a pesada Disco Music, "Judas", "Pagando Brabo" e "Todo Mundo Explica". O LP marca também o retorno da parceria de Paulo Coelho e tem a participação de Pepeu Gomes na guitarra.

Raulzito e os Panteras (1968)
É o primeiro registro discográfico de Raul Seixas. Ao lado da banda "Os Panteras", o baiano fez um álbum que se aproxima do estilo Jovem Guarda. O LP, gravado em 1967 e lançado em 1968, expôs uma versão em português de "Lucy in The Sky With Diamonds" (Você Ainda Pode Sonhar) dos Beatles. A estréia de Raul não foi bem sucedida. O disco vendeu pouco, motivando a separação precoce do grupo.

Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10 (1971)
A segunda banda comandada por Raul Seixas também lançou outro fracasso de vendas. Ninguém entendeu o disco "Sociedade da Grã-Ordem Kavernista Apresenta Sessão das 10", que foi gravado quando Raul era produtor da CBS. As músicas não foram sucesso de público, crítica e a gravadora mal divulgou. O LP foi praticamente engavetado. Como influências, Raul Seixas e os integrantes Sérgio Sampaio, Miriam Batucada e Edy Star utilizaram os Beatles da fase "Sgt Peppers", Frank Zappa e o movimento da Tropicália. Nos anos seguintes o LP se tornou raro e virou cult. Até hoje é difícil encontrá-lo no mercado. A mistura de samba, seresta e rock custou o emprego de Raul na CBS. Percebe-se no disco que Raul buscava sua identidade, que finalmente foi encontrada em "Krig-ha, Bandolo!"
Comente: Qual a mais importante obra de Raul Seixas?
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O clássico do rock nacional cujo refrão é cantado onze vezes em quatro minutos
Dream Theater anuncia turnê que passará por 6 cidades no Brasil em 2026
O disco que Flea considera o maior de todos os tempos; "Tem tudo o que você pode querer"
Dave Mustaine acha que continuará fazendo música após o fim do Megadeth
Baterista quebra silêncio e explica o que houve com Ready To Be Hated, de Luis Mariutti
O "Big 4" do rock e do heavy metal em 2025, segundo a Loudwire
A música que Lars Ulrich disse ter "o riff mais clássico de todos os tempos"
Os shows que podem transformar 2026 em um dos maiores anos da história do rock no Brasil
Dio elege a melhor música de sua banda preferida; "tive que sair da estrada"
O álbum que define o heavy metal, segundo Andreas Kisser
Os 11 melhores álbuns de metal progressivo de 2025, segundo a Loudwire
O guitarrista que Geddy Lee considera imbatível: "Houve algum som de guitarra melhor?"
A banda de rock que deixava Brian May com inveja: "Ficávamos bastante irritados"
We Are One Tour 2026 anuncia data extra para São Paulo
Lemmy lembra shows ruins de Jimi Hendrix; "o pior tipo de coisa que você ouviria na vida"


O melhor disco de Raul Seixas, apurado de acordo com votação popular
Opus 666 - o disco internacional de Raul Seixas que foi gestado, mas não nasceu
O motivo que levou Jerry Adriani a se recusar a gravar clássico de Raul Seixas
Guns N' Roses: como foram gravados os "ruídos sexuais" de "Rocket Queen"
Bandas de Heavy Metal esquecidas (ou desconhecidas) do público brasileiro


