Para David Gilmour, Mick Jagger apenas interpreta um personagem: "O Pink Floyd não é assim"
Por Bruce William
Postado em 05 de agosto de 2025
Ao longo da carreira, o Pink Floyd mergulhou em temas existenciais e sentimentais que exigiam mais do que técnica musical: pediam uma entrega honesta. David Gilmour, que assumiu os vocais e a guitarra da banda após a saída de Syd Barrett, acredita que esse tipo de sinceridade é algo que Mick Jagger perdeu ao longo do tempo. E o motivo seria justamente a persona que o vocalista dos Rolling Stones construiu, e da qual nunca mais saiu.
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Em entrevista de 2002 ao The Telegraph (via Far Out), Gilmour fez uma comparação entre as duas bandas. "Ele não sabe mais como se abrir e ser honesto. Ele já foi um Rolling Stone por tempo demais. Já foi o Mick Jagger por tempo demais. O Pink Floyd não é assim." A crítica aponta para uma espécie de aprisionamento no personagem que Jagger criou para si mesmo, o eterno astro do rock, sempre pronto para aderir às tendências da vez.
Nos anos 70 e 80, Jagger tentou passos ousados como o flerte com a disco em "Miss You" e o dueto dançante com David Bowie em "Dancing in the Street". Para Gilmour e outros músicos, esse tipo de adaptação soava mais como encenação do que expressão pessoal. Até em faixas como "Dead Flowers", com influência country, o que eles assumem é que o vocalista parecia fazer uma caricatura do gênero, em vez de vivê-lo com autenticidade.

Enquanto isso, o Pink Floyd optava por um anonimato quase deliberado. Mesmo com sucessos gigantescos como "Dark Side of the Moon" e "The Wall", os integrantes evitavam chamar atenção individualmente, deixando que a música falasse por si. "Time", por exemplo, não é sobre um personagem, mas sobre todos nós, e talvez por isso continue tocando gerações.
Embora os Rolling Stones e o Pink Floyd tenham atingido o estrelato em tempos parecidos, Gilmour vê neles propostas completamente distintas. Enquanto os Stones representam a tradição do blues rock e da performance praticamente para fins de entretenimento, o Floyd usava seus álbuns como meio para introspecção, crítica e reflexão. Para Gilmour, parece que ser uma estrela do rock é o que restou para Jagger, e talvez isso não seja exatamente um elogio.

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