Raulzito e os Influencers - Uma análise de "Muita estrela, pouca constelação"
Por Adilson Junior Pilotto
Postado em 20 de julho de 2025
Num mundo cada vez mais digitalizado, surgem figuras que, de uma forma ou outra, pautam o estilo de vida de diversas pessoas. Seja na área da saúde, música, jeito de se vestir, de se apresentar e tudo que se possa imaginar. É uma gama de "estrelas" que são famosas em suas bolhas (aliás, dia sim e dia também, me aparecem esses tais famosos). Sobre isso, quero comentar um pouco sobre a música do saudoso Raul Seixas, que completaria 80 anos em 2025, "Muita estrela, pouca constelação", e fazer um paralelo sobre o que, acredito eu, nosso querido cantor diria sobre esse tamanho estrelato que se expande pela internet, onde todo mundo, hora ou outra, se torna (ou se diz) famoso.

E tem um punk se queixando sem parar
E um wave querendo desmunhecar
E o tal do heavy arrotando distorção
E uma dark em profunda depressão
Neste trecho, Raul cita diversas tribos (lembrando que este texto é um paralelo, pois nos anos 1980 não havia sequer internet disponível), onde hoje podemos fazer uma alusão aos diversos tipos de influenciadores. Há de todos os tipos, pra dar e vender, pra escolher o que quiser seguir e se embriagar de conteúdo (seja ele bom ou não). Dark, wave, fãs de heavy metal e darks são tribos de pessoas que seguiam um estilo (na real, ainda seguem), assim como existem influenciadores de moda, beleza, saúde, nutrição, vestuário e tudo o que se possa imaginar. Em outro momento da música, Raulzito fala de outras tribos, que não vêm ao caso aqui, pois seguem a mesma lógica. Um vasto leque de pessoas que seguem uma tendência, ou que influenciam outros a segui-las.
Tem uma banda que eles já vão contratar
Que não cria nada, mas é boa em copiar
A crítica gostou, vai ser sucesso, ela não erra
Afinal lembra o que se fez lá na Inglaterra.
Aqui vale uma menção importante pra esse trecho: muito do que influenciadores brasileiros fazem por aqui é algo que já viralizou lá fora. São tendências trazidas de países como os EUA (que, aliás, o brasileiro ama importar enlatado de terras yankees), como as esposas troféu (ou Tradwife) e outras tendências. Esses ditos famosos, ou perfis verificados, trazem tais conteúdos pra cá com a certeza de gerar amor e ódio, o que dá um enorme engajamento, fazendo com que os criadores fiquem conhecidos em certas bolhas e possam fazer cada vez mais publicidade.
E agora vem a periferia
O fotógrafo ele vai documentar
O papo do mais novo big star
Pra aquela revista de rock e de intriga
Que você lê quando tem dor de barriga
E o jornalista, ele quer bajulação
Pós new old é a nova sensação
A burrice é tanta, tá tudo tão à vista
E todo mundo posando de artista
Aqui, quero atentar para as seguintes ideias do nosso querido Raulzito: o fotógrafo ainda segue documentando as mais novas grandes estrelas (estrelas essas que, na maioria dos casos, são apenas pra um grupo de pessoas, fora da internet, pouco são conhecidas) e as revistas que se lê hoje são os reels do Instagram. Por final "todo mundo pagando de artista" é o mesmo que "todo mundo pagando de famoso". Influenciador que tem uma penca de seguidores, mas, se alguém passar por ele/a na rua, ninguém conhece. Famoso/a que só é conhecido por um grupo restrito. Dificilmente algum "fura a bolha". No final, todo mundo se acha famoso e é apenas subcelebridade de internet que fala pra uma galera ouvir. É um tanto de famosos, verificados e estrelas que a constelação da vida real tá ficando bem pequena. É tanta gente famosa que a maioria da população não conhece 5% desse povo de redes sociais.
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