Resenha - Massacration (Bar Opinião, Porto Alegre, 14/05/2022)
Por Marcus Rovere
Postado em 16 de maio de 2022
Fotos por Liny Oliveira
IMPRESSIONANTE! Não tem adjetivo melhor para definir a volta aos palcos do grupo brasileiro. A maior banda de metal de todos os tempos se apresentou ao vivo pela primeira vez desde 2019.
Mais de dois anos de pandemia depois, os shows voltaram a acontecer, se nas últimas semanas Porto Alegre recebeu o Kiss e o Metallica e reunindo mais de 60 mil pessoas, neste 14 de maio era a vez do mais importante bar de Rock e Metal do Rio Grande Sul receber um show de metal.
Para este redator no auge dos seus 36 anos, não tem como evitar a nostalgia que envolve o grupo. Quem é dessa geração cresceu com a MTV no seu auge, com a chegada da internet e com os vídeos dos esquetes do programa Hermes & Renato circulando em salas de aula com disquetes e qualidades baixíssimas para compressão do tamanho do arquivo. E para o fã de metal da época, quando o Massacration surgiu dentro do programa com Metal Massacre Attack "Aruê aruô", um vídeo de qualidade mega duvidosa, mas que trouxe uma faísca de que algo poderia acontecer. Riffs simples, mas fáceis de grudar na cabeça, um vocal cheio de falsetes e o tom de comédia típico do programa fez do Massacration um sucesso instantâneo.
Os passos seguintes são de conhecimento de todos. O grupo gravou um primeiro álbum, clipes, contou com Roy Z produzindo um de seus álbuns, fez comerciais e consolidou uma boa base de fãs.
Se esse show fosse uns 15 anos atrás, certamente eu estaria super motivado para acompanhar, mas hoje em dia as coisas são diferentes. A escola deu lugar a compromissos profissionais, o tempo livre de ouvir e falar de música passou a ser o de se preocupar com a vida adulta e o Massacration não é algo que está nas minhas playlist do Spotify, mas o convite do Whiplash para essa cobertura, a ânsia de voltar aos shows e sendo o Bar Opinião tão próximo de casa, finalmente eu iria assistir o Massacration. Todas as vezes que o grupo veio a cidade, eu nunca tinha os assistido, então seria pelo menos um momento nostálgico daquelas tardes assistindo incansavelmente os vídeos do velho programa da MTV.
Um bar surpreendentemente lotado estava lá esperando o grupo e, assim como eu, toda uma geração nascida nos anos 80 e 90 estava lá marcando presença. No horário marcado surge no palco o lendário personagem Boça ao som de música tradicional gaúcha, fazendo a introdução, gerou boas risadas falando sobre o atraso da banda que estava em um lugar que ele não conhecia muito bem, alguma coisa "azul", fazendo referência a tradicional Boate Gruta Azul, mas que iria entreter o público com uma palestra sobre mindset, gatilhos mentais e conselhos fraudulentos de coaches em geral. Surge outro lendário personagem, Joselito, que acaba com a fala e surge o grupo no palco.
Logo de cara, eles apresentam Metal is the Law, primeiro single do álbum de estreia e vem a primeira grande surpresa da noite. A total ovação do público. Punhos para o alto, vozes a plenos pulmões. A música é um grande hit e as regras do metal estão na ponta de língua de todos. Sempre usar preto e nunca usar bermuda, por exemplo.
Bruno fala sobre essa volta aos palcos, que é o primeiro show do grupo desde a pandemia e o público responde com força, cantando e pulando ao som de The Mummy. Falando sobre os fãs de metal gostarem de velocidade, ensina o refrão de Motor Metal e todos cantam junto no ritmo de Flight of Icarus "Run, Runaway, Fórmula 1, Nelson Piqueeeet". Na plateia alguém grita "Toca Raul" e Detonator atende cantando Metamorfose Ambulante.
A banda tem seus diálogos ensaiados, pequenos esquetes nos intervalos das músicas, mas tudo vai funcionando muito bem. É um teatro, uma ópera rock, uma estrutura bem montada que agrada o tempo inteiro aos fãs presentes. Depois de The Bull, uma mesa e cadeira surgem no palco. Atento às tradições locais, Detonator está ambientado em uma churrascaria com direito a espeto corrido e salsichão assado servido para o público. O grupo anuncia que tocaria pela primeira vez ao vivo a música Feel the Fire... From Barbecue, que, como tudo no show, funcionou muito bem.
É impossível não fazer o paralelo com o show do Metallica, e a própria banda fez isso. Detonator inclusive mandou um recado a James Hetfield falando sobre como deve ser um show de metal e, nisso, Bruno Sutter deu uma verdadeira aula. O vocalista do grupo é extremamente carismático e faz o personagem Detonator dominar a plateia. É uma presença de palco digna de Bruce Dickinson e isso não é nenhum exagero.
Sem reajuste desde 2005, Let's Ride to the Metal Land (The Passage Is R$1,00) continua com o mesmo preço levando todos os presentes para a terra do metal. Lá encontram mais um clássico. Evil Papagali, com direito a um convidado chamado Dudu dando um show na guitarra. Apresentando o convidado como uma criança, diz que o motivo era a mãe do mesmo, usando de desculpa para Metal Milf.
O grupo convida as "massacretes" para subirem e mais de 15 mulheres tomam conta do palco para a faixa Massacration, sendo o coro presente ao vivo gerando uma satisfação e brilho no olhar de todas que estão lá demonstrando seu amor pelo metal e pela banda.
Metal Galera, Metal Massacre Attack, Metal Bucetation. As trincas metaleiras fecharam os 90 minutos de um impressionante show onde o público respondeu a todos os momentos e provocações do grupo.
Eu nunca imaginei que um show do Massacration poderia ser tão incrivelmente positivo. A sátira e o humor do grupo conhecidas se misturam com a grande qualidade musical e presença de público, fazendo da banda um grupo de respeito que encheu o Opinião e matou a saudade que estavam da banda.
Em uma noite de celebração, certamente o Massacration também saiu satisfeito com o que apresentou, ouvindo um verdadeiro e comovente coro de "mais um, mais um..." que infelizmente não veio.
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