Dream Theater: Um show de três horas pode ser considerado curto
Resenha - Dream Theater (Siará Hall, Fortaleza, 11/10/2014)
Por Leonardo Daniel Tavares da Silva
Postado em 15 de outubro de 2014
Aldebarã... Pólux... Andrômeda... Mil sois desconhecidos até chegar ao nosso numa viagem que, mesmo percorrendo todo o universo, dura bem menos que uma "Six Degrees of Inner Turbulence". Era com imagens da longa viagem intergaláctica , do big bang até a Terra eclipsada cuja imagem ilustra a capa do último disco do DREAM THEATER, que os fãs da banda americana de metal progressivo eram recebidos no Siará Hall para o último show da turnê brasileira. Muitos desses fãs tinham acompanhado em anos anteriores com imensa vontade de também participar dos shows em São Paulo e outros estados do Sul do país. Alguns já tinham até se deslocado para lá em anos anteriores. Agora, Paul McCartney, Guns n' Roses e muitos outros mandaram o recado: nenhum fã cearense tinha mais que viajar para São Paulo ou se resignar em ver seus ídolos em DVDs . O Ceará está no rota dos grandes shows internacionais de rock e metal.
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E a alguns quilômetros dali, na Praia de Iracema, outro festival de heavy-metal, com a também americana TOXIC HOLOCAUST, também com casa cheia, ratificava o que acabamos de dizer. Este festival será tema de outra matéria aqui no Whiplash. Outro fato interessante é que, para este show, fãs de bandas cearenses como JACK THE JOKER e COLDNESS chegaram a iniciar movimentos online para indicá-las como bandas de abertura. Mas, assim como em quase todos os outros locais onde a banda se apresentou, ninguém mais subiu ao palco. No lado de fora do espaço reservado ao show, um DJ tocava clássicos do rock e heavy metal, incluindo bandas cearenses em seu repertório.
Britanicamente, os americanos subiram ao palco às 23h, ainda sob a cortina que servia de tela para a exibição da fantástica animação que tem sido apresentada em todos os shows desta turnê e também pode ser encontrada no DVD "Breaking The 4th Wall". Cada capa dos álbuns de estúdio da banda, exibidos ao som de "False Awakening Suite" era recebida aos gritos dos fãs. Quando a cortina subiu, a loucura foi completa. O sonho tinha virado realidade: estávamos todos naquele teatro. Jordan Rudess, Mike Mangini, John Myung e John Petrucci iniciaram a execução de "The Enemy Inside", com o clipe da música no telão atrás de Mangini. Myung vinha armado com um case duplo de pedais (alguém já viu um baixista com tantos pedais?), enquanto Rudess atacava com um teclado em um pedestal que girava de um lado para o outro, para cima e para baixo, com o propósito de deixar que todos os setores do público pudessem visualizar seus malabarismos no ébano e marfim. Mangini mal podia ser visto, escondido atrás de um kit peartiano com bumbos quádruplos. Do lado direito do palco, Petrucci parecia ser o menos armado de todos, tinha apenas uma guitarra sem muitas firulas e sua barba de talibã (mais tarde veríamos que ele usaria praticamente uma guitarra diferente a cada música). Logo surgiu a parte canadense da banda, armada apenas de seu pedestal e da voz, James LaBrie. No palco também estão a "Enigma Machine", que faz as vezes de pipoqueira (ou máquina de lavar roupa) do DREAM THEATER (quem curte RUSH sabe do que estou falando).
"Como vocês estão?", perguntou LaBrie após "The Shattered Fortress", em uma das poucas vezes em que se dirigiu ao público. "Vocês continuam mostrando seu carinho com esta banda. Isto não passará despercebido" E conclui com um "Obrigado" em português.
O vocalista é o que passa menos tempo junto com o público. Nas longas partes instrumentais, ele deixa o palco exclusivamente para seus quatro companheiros. Em "Trial of Tears", por exemplo, Rudess, Myung e Mangini fazem a cama para que Petrucci possa sonhar e levar o público em seu teatro de sonhos. E nela também que Rudess pega seu Keytar pela primeira vez e, por segundos (ou minutos) assume o posto de frontman com toda sua técnica, feeling e simpatia. E em "Enigma Machine", LaBrie pode se ausentar por um tempo ainda maior, podendo tomar um café, assistir a um filme ou até mesmo ouvir uma música do DREAM THEATER. Durante o solo de bateria de Mangini, insertado no meio da música, o músico usou seus cento e vinte e sete membros para deixar no chão todos os queixos que não estavam gritando "hey hey hey".
"Along For The Ride" é o momento FM do show, com o espetacular (embora curto) solo de Rudess (Veja bem: curto nos padrões DT, tanto que LaBrie nem sai do palco). E "Breaking All Ilusions", com suas múltiplas facetas, encerra a participação do álbum "A Dramatic Turn of Events" e também a primeira parte do show.
No intervalo, de quinze minutos cronometrados, vídeos bem-humorados mantiveram a maioria do público no lugar e, de certa forma, quebravam a sisudez imposta pela tecnicalidade da música do quinteto. Apareceram anúncios fictícios de action figures do LaBrie, do Rudess, um Petrucci Transformer, a saga de um tocador de triângulo para fazer parte de uma banda, um trecho a la "Subterranean Homesick Blues" brincava com as constantes mudanças de compasso nas músicas da banda.
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Com um título que coincidentemente é sinônimo de uma canção que já aparecera na primeira parte do show, "The Mirror", colada a "Lie" encaminha a festa para a parte final. Dirigindo-se novamente ao público, LaBrie pergunta novamente se todos estão se divertindo. "Faz vinte anos que lançamos esta pequena jam" e anuncia a linda "Lifting Shadows of a Dream". A Confraria Progressiva no Ceará agora é inteira do álbum "Awake", terminando na hawkwindesca "Space-Dye Vest". O público acompanha com "ô ô ô ô" a "Astronomy Domine" de Kevin Moore, agora nas mãos do mago Rudess. Ao fim, o público gritava, punhos em riste, "Rudês, Rudês, Rudês". Em resposta, em instantes, ele emularia uma orquestra inteira no início de "Illumination Theory", a mais longa da noite.
Sobrevivemos à "Illumination Theory" e estamos de volta a 1928. Petrucci, o elfo Myung, Mangini e Gandalf estão de volta ao palco para a "versão reduzida" de "Scenes From a Memory". Seriam os últimos vinte e poucos minutos de um show que foi tão ansiosamente esperado e foi tão marcante que nem parece que durou três horas. Paralisados ali estavam alguns milhares de fãs do DREAM THEATER, admirando cada nota, cada mudança na mudança na mudança de compasso daquela banda que usava sua monstruosa habilidade técnica para transformar matemática pura em emoção, a cria mais perfeita de Berklee, um sonho realizado para os cearenses.
A produção está de parabéns pela execução perfeita de todo o jogo de luzes, casando com a execução das músicas e imagens do telão. Um perfeito trabalho de engenharia feito pra durar três horas, bem ensaiado e executado milimetricamente. As luzes no palco são os bailarinos do show do DREAM THEATER. "Viver em um palco iluminado se aproxima do irreal. Viver sob a luz dos holofotes, o sonho universal" e foi tudo como realmente queríamos ver. Parabéns a todos os envolvidos.
O som da casa, no entanto, não faz toda a justiça à complexidade musical do quinteto progressivo. A preocupação dos fãs quando o Siará Hall foi confirmado como o local de encontro com o DREAM THEATER (ao contrário do Centro de Eventos, como cogitado no início do processo) foi justificada. A voz de LaBrie por vezes soa mais irritante do que já é naturalmente (assim como a voz de Geddy Lee, outro monstro do progressivo, a de LaBrie passa longe de ser uma unanimidade). E dá pena ver os dedos de Myung praticamente violentando a Si e a Mi de seu baixo sem que consigamos ouvir nenhum som, a não ser em faixas em que tem um momento de destaque como na curta (para os padrões DT) "The Looking Glass". Há relatos de pessoas que saíram dos camarotes para assistir ao show na Pista para ver menos e ouvir melhor.
O setlist já era bastante conhecido. É o mesmo apresentado na Europa, em todos os shows no Brasil e, até na mesma ordem, no novíssimo "Breaking The 4Th Wall". Anunciamos a lista de músicas aqui no Whiplash muito antes da vinda do quinteto ao Brasil (veja a matéria abaixo).
Não foi nada de compilação dos maiores sucessos, como comumente ocorre na maioria das bandas. Este show foi baseado fortemente em três discos: o aniversariante "Awake" (cuja metade final foi tocada na íntegra e na mesma ordem do estúdio), o mais recente (auto-intitulado) e o disco "Metropolis Pt. II: Scenes From A Memory" (ambos com as primeiras e últimas músicas executadas), somados a quatro "penetras" de "Black Clouds and Silver Linings", "Falling Into Infinity" e do "A Dramatic Turn of Events", então, não havia espectativa de "The Dark Eternal Night", "Pull Me Under", "Metropolis Pt. 1", mas nenhum fã pareceu se importar com isso. No entanto, mesmo depois de três horas, o show ainda parecia ter sido curto. E se essas pérolas estivessem no repertório, seriam também muito bem recebidas. É até bom que o quinteto tenha ficado devendo. Assim, eles voltam logo pra pagar.
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PS1. A citação no parágrafo sobre a iluminação é da música "Limelight", do RUSH.
PS2. O show não foi nada bom para os garçons a serviço no Siará Hall. Minha irmã ouviu de um deles: "O que é que está acontecendo? Por que ninguém quer beber nada?", "Esse povo é tudo evangélico, né?", "Em quinze anos de profissão, nunca vi uma coisa dessas". "A senhora viu alguma placa lá fora dizendo que é proibido o consumo de bebida alcoólica?"
Ora, três horas é muito pouco. Quem iria perder tempo procurando o que beber ali?
Agradecimentos:
Social Music, Luan Produções e Arte Produções. em especial a Pedro Aryel, pela atenção e credenciamento.
Fátima Tavares, Natália Cândido, Alexandre Meneses e Silvério, pela companhia.
Natália Cândido e Daniel Boyadjian, pelas fotos.
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