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Sepultura e Zé Ramalho: quando o metal encontrou a MPB no RIR

Resenha - Sepultura e Zé Ramalho (Rock in Rio, Rio de Janeiro, 22/09/2013)

Por Diego Camara
Postado em 24 de setembro de 2013

Uma mistura estranha e inusitada no Palco Sunset no segundo dia dedicado ao metal. Se no primeiro dia, o SEPULTURA trouxe um repertório cheio de hits e, só não foi mais bem sucedido pois teve como sombra o enfadonho TAMBOURS DU BRONX, no segundo eles trouxeram um repertório alternativo. Tão alternativo foi que nada mais nada menos que ZÉ RAMALHO estava escalado para completar o show. O resultado foi inesperado, mas divertido e cheio de animação.

Um grande público fugiu do show do KIARA ROCKS, que estava sendo realizado no Palco Mundo, para garantir um lugar especial para o último show do Palco Sunset. A estrela da vez era novamente o SEPULTURA, banda que abriu o Palco Mundo no dia 19 de setembro. A plateia gritava incessantemente os nomes da banda e do vocalista ZÉ RAMALHO, mas notava-se que pelos fãs havia um clima de incerteza quanto ao show. O que viria, afinal, da fusão de uma das maiores bandas nacionais do metal com um dos principais vocalistas da nossa MPB?

Sepultura - Mais Novidades

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Inicialmente o set foi somente do Sepultura. A banda entrou no palco, sendo aplaudida pelos fãs presentes. A abertura foi esplêndida com "Dark Wood of Error", do álbum Dante XXI. A banda mostrou grande vigor, especialmente o vocalista Derrick Green que levantou o público desde o início. A plateia aplaudiu com vontade o final da música.

Com "Inner Self", várias rodas se abriram no palco, e em "Propaganda" os fãs puderam ver um excelente solo de guitarra de Andreas Kisser. A banda parecia, no geral, extremamente bem afinada, e a qualidade do palco condizia bem com o que ouviamos dos instrumentos.

"Vocês são do caralho!", gritou Derrick, recebendo palmas e mais palmas dos fãs. Apesar do lado B da música "Spit", o público parecia conhecer muito bem a canção e arriscou até tocar junto com a banda. O final deste primeiro set veio com "The Hunt", do "Chaos A.D.", que não empolgou muito o público quanto as anteriores. "Este show é único!", replica Andreas Kisser aos fãs em meio a palmas, "com coisas nunca tocadas ao vivo".

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E assim a banda resolveu prestar homenagem ao NAÇÃO ZUMBI. Em meio a palmas, os fãs pularam muito na frente do palco e gritaram juntos o refrão da música. Para quem não é fã do Nação Zumbi, parece que a música grudou junto com os acordes pesados do Sepultura.

"Nós estávamos esperando ansiosamente por este show, nos unirmos com um dos maiores músicos da MPB!", gritou Kisser, quando convidou Zé Ramalho para o palco. O público não se conteve em palmas e na ansiedade de ouvir o que haviam preparado – havia muita gente com medo de ser uma piada o show, antes do início. "É uma honra dividir o palco com o Sepultura, muito obrigado!", respondeu Zé quando se posicionou a frente dos microfones do Sepultura.

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Já na primeira música tocada, "A Dança das Borboletas", o que se viu foi algo impressionante e muito bem trabalhado: a música de Zé Ramalho foi tocada no tom de metal e o vocal de Zé se encaixou perfeitamente com o som sombrio que o Sepultura colocou sobre suas músicas. Apesar do vocal um pouco baixo, na música, ainda assim o resultado não poderia ter sido ruim: um emocionante solo de Andreas Kisser finalizou a canção.

A promessa de alguns grandes clássicos prosseguiu com "Jardim das Acácias" e "Mote das Amplidões". O público gritou por Zé Ramalho, bateu palmas junto com ele e bateram cabeça com o ritmo pesado e alucinante que o Sepultura aplicou sobre as músicas. Zé Ramalho, apesar de não ter nem perto os cacoetes e trejeitos dos vocalistas do metal, ainda assim encantou o público com sua voz marcante e seu estilo.

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A banda então teve o momento para tocar "Em Busca do Ouro", do cd solo de Andreas Kisser. A música é bastante poética e o toque sombrio dado pelas guitarras de Kisser encaixa como uma luva com o vocal de Zé. A seguinte, um grande sucesso do álbum "Roots", foi uma das melhores do dia. Ficou tão latente como essa música se encaixa com Zé Ramalho que para algum desavisado poderia se ter pensado que era mais uma das dele. As batidas perfeitas do grande Elói Casagrande, comandaram a música e trazem o som tribal ao palco sunset.

A última música era a mais pedida da noite. "Admirável Gado Novo", bastante conhecida do público e o maior sucesso de Zé Ramalho, fechou o show. O publico inteiro do palco sunset cantou junto a música, e mais uma vez a marcante bateria de Elói deu o tom metal para a canção.

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O público tanto gostou do resultado, que gritou e pediu por mais no final do show, enquanto a banda se unia para agradecer aos presentes. Infelizmente, já que no Rock in Rio a hora é contada minuciosamente, a plateia acabou ficando apenas na vontade de ouvir mais algum som.

O que ficou na memória, sem dúvidas, é que realmente o Sepultura mostrou no palco que é possível fazer muita coisa com o metal, inclusive unir este ao som de um artista tão complexo como Zé Ramalho. Atitudes como essas, inclusive, são importantes para ressaltar o gênero do metal e reduzir a vista grossa que outros públicos fazem sobre o heavy metal – além daquelas importantes e despreparadas publicações de massa.

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Setlist:
1. Dark Wood of Error (música do Sepultura)
2. Inner Self (música do Sepultura)
3. Propaganda (música do Sepultura)
4. Dusted (música do Sepultura)
5. Spit (música do Sepultura)
6. The Hunt (música do Sepultura)
7. Da Lama ao Caos (cover do Nação Zumbi)
8. A Dança das Borboletas (música de Zé Ramalho com Zé Ramalho)
9. Jardim das Acácias (música de Zé Ramalho com Zé Ramalho)
10. Mote das Amplidões (música de Zé Ramalho com Zé Ramalho)
11. Em Busca do Ouro (música de Andreas Kisser com Zé Ramalho)
12. Ratamahatta (música do Sepultura com Zé Ramalho)
13. Admirável Gado Novo (música de Zé Ramalho com Zé Ramalho)

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Sobre Diego Camara

Nascido em São Paulo em 1987, Diego Camara é jornalista, radialista e blogueiro. Seu amor pelo metal e rock começou há 6 anos. Um amante da nova geração, é um grande fã de Arjen Lucassen, Andre Matos e bandas como Nightwish, Hammerfall, Sonata Arctica, Edguy e Kamelot. Também não deixa de ter amor pelos clássicos, como Helloween, Gamma Ray e Iron Maiden e do Rock de bandas como Oasis, Queen e Kings of Leon. Atualmente seus textos podem ser lidos no blog OCrepusculo.com sobre assuntos diversos, além de planos para criação de um projeto totalmente voltado aos blogs de Rock e Metal.
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