Deep Purple: Se tornando uma espécie de Ray Conniff do rock?
Resenha - Deep Purple (Citibank Hall, Rio de Janeiro, 22/02/2008)
Por Rafael Carnovale
Postado em 28 de fevereiro de 2008
Estaria o Deep Purple tornando-se uma espécie de Ray Conniff do rock? Porque cá entre nós, a freqüência com a qual somos visitados pela banda para uma turnê brasileira é impressionante. Foram exatos três shows nos últimos três anos! E sem contar que a banda não lançou nenhum CD de estúdio desde "Rapture Of The Deep" (2005). Mas, ao invés de continuar reclamando deste fato, me juntarei aos fãs que celebram a alegria de poderem ver o bom show de Ian Gillan, Roger Glover, Ian Paice, Steve Morse e Don Airey várias vezes, afinal, a banda está chegando a seu quadragésimo aniversário, e para nós é uma honra e felicidade ser visitados por um dos grupos mais influentes do rock setentista.
Fotos: Rodrigo Scelza
Esta turnê inicialmente foi divulgada como a "We All Come Down To Montreaux Tour", em alusão ao lançamento do recente CD/DVD que cobriu a aparição do Purple no renomado festival de mesmo nome (que originou a música "Smoke On The Water).
Esta informação seria negada dias mais tarde pelo próprio baixista Roger Glover, que alegou que esta turnê seria apenas uma comemoração dos 40 anos da banda, e que simplesmente eles não entravam em estúdio porque para a banda "gravar não é algo que dê retorno no momento". Com tantos downloads ilegais por aí, não chega a ser bobeira sua convicção, mas se por um lado os downloads prejudicam a venda de CD´s, por outro os shows são sempre uma boa oportunidade de reunir vários fãs, e foi o que aconteceu, num Citibank Hall sem mesas e cadeiras (ALELUIA!), que se não estava lotado, ficou longe de parecer vazio.
O show estava marcado para começar às 22hs, mas dois fatores foram determinantes para um atraso de quase duas horas: na fila do show fomos informados que a banda Inquisição tocaria um "set" de 30 minutos como banda de abertura (fato que não constava) da programação original, e problemas com o equipamento da banda. Tal fez com que, no horário previsto para o começo do show, nem a banda de abertura tinha se apresentado. Os mesmos só subiram ao palco às 22:30 (aproximadamente) e detonaram um "set" de 5 músicas, com uma sonoridade altamente influenciada por Black Sabbath e uma boa recepção por parte do público. Não conhecia a banda, mas a coragem de encarar uma platéia sedenta por Gillan e Cia. por si só já lhes valia muitos aplausos. Uma boa versão de "Mob Rules" encerrou o "set" de uma banda que estava nervosa, mas segurou a onda com garra.
Passavam das 23h quando fomos informados sobre o problema com o equipamento da banda (a produção foi obrigada a alugar boa parte do mesmo, inclusive o kit de bateria de Ian Paice, em cima da hora), enquanto músicos e "roadies" tentavam acertar o som. Perto da meia noite as luzes se apagam e "Jump" (Van Halen), numa versão "bluegrass" soa no Citibank Hall. Era a deixa para Ian subir na bateria e a banda entrar com tudo ao som de "Pictures Of Home" e "Things I Never Said" ("bonus track" japonesa de "Rapture Of The Deep"). Sem perder muito tempo, e com certo nervosismo, emendam "Into The Fire" e a excelente "Strange Kind Of Woman". De cara Ian Gillan mostrou estar bem melhor do que em 2005 (não compareci ao show do Riocentro), quando tocaram na mesma casa, e Roger Glover parecia o vovô garotão que corre, agita e transborda empolgação
Neste momento do show a banda já demonstrava estar mais relaxada (o som estava muito bom, considerando os problemas ocorridos) e Ian Gillan era carisma puro, mesmo sofrendo com a idade (talvez de todos os integrantes seja ele quem demonstre que os anos fizeram seu serviço). Mas o Deep Purple não para e "Rapture Of The Deep" e a surpresa "Mary Long" (de "Who Tho We Think We Are" de 1973) funcionam muito bem, assim como a "nova" "Kiss Tomorrow Goodbye". Neste ponto era hora de Steve Morse fazer seu já tradicional solo ("Well Dressed Guitar" – curiosamente a banda permaneceu no palco, inclusive Ian Gillan em boa parte do mesmo), no qual ele brinca com "riffs" e frases de bandas famosas. Aí está o ponto polêmico do show. Eu entendo perfeitamente que Steve quer brincar com a platéia, e de fato isso funciona muito bem, e que o mesmo é um grande guitarrista, mas para uma banda com 40 anos de serviços prestados ao rock, e com um espectro musical amplo e mágico como o Purple, porque ele não puxa solos ou frases da própria banda? Eu preferiria muito mais ouvir o "riff" de "Burn" do que o de "Sweet Child O´Mine". Nessas horas tenho que dar ouvidos aos que dizem: "Blackmore faz falta..."
Terminado o solo de Morse a banda toca "The Battle Rages On", a grande surpresa, e que é bem recebida por todos (do último CD com Ritchie, de 1993), assim como "Lazy", que é seguida por um solo contido de Don Airey (achei meio forçado... um tanto quanto desleixado) abrindo espaço para o urro fenomenal ouvido na casa ao soarem os primeiros momentos de "Perfect Strangers", seguida pelas não menos matadoras "Space Trucking", "Highway Star" (a famosa "intro" crescente que a banda faz há anos"), e o hino mais que obrigatório "Smoke On The Water". Uma sequência que não deixa pedra sobre pedra. A banda se despede e ecos de "Black Night" são ouvidos da platéia.
Como a voz do povo é a voz de Deus a banda retorna executando "Black Night", deixando "Hush" de fora (esta sequência já era do conhecimento do público e constava no "set" oficial), encerrando com bastante emoção 90 minutos de puro rock.
Podem reclamar que poucas mudanças foram feitas na seleção de músicas, que existem milhões de canções do Purple que merecem ser ouvidas, e que Gillan não tem mais a mesma voz, mas a bateria precisa de Paice (um monstro) e a performance mais que convincente da banda evidenciam que o Purple ainda tem muito o que mostrar para aqueles que querem (e precisam) aprender o que é rock and roll. E tenho dito!
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