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Artigo: Malcolm Young, recém falecido, vai embora como unanimidade

Por Rodrigo Contrera
Postado em 18 de novembro de 2017

Começo este artigo de breve homenagem ao Malcolm Young pelo fim, que é o seu começo. Malcolm, o maior guitarrista base da história, foi unânime em toda sua carreira. Chega a ser entediante ver as homenagens: ninguém tem nada a dizer. Ele simplesmente foi o maior.

Confesso-lhe, contudo, que demorei em perceber o óbvio. Não entendia por que meu amigo de infância, o Carioca, gostava tanto da banda. Eu ouvia aquilo e achava simples demais. Não tinha nada demais!

Mas aos poucos a ficha foi caindo. E, quando caiu, foi em definitivo. Eu simplesmente havia deixado de ser mais um fã de bandas de heavy metal. Agora sim eu era roqueiro. AC/DC entrando em minha vida, o próximo item foi o Motörhead. E assim foi indo.

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Vendo os vídeos curtos postados aqui no Whiplash.net com depoimentos do Malcolm, espanta-me (sem me espantar) como ele era simples. Como falava simples. Como se expressava bem. Para ele, tudo parecia claro. Não havia nada confuso. Ele sabia de tudo melhor do que ninguém.

Ouvindo-o, percebemos como ele jamais - jamais! - errou. Como ele sempre soube manter-se à sombra do Angus, sem retirar-lhe brilho, e reforçando aquilo que todos queriam e sabiam fazer: rock'n roll. Posso dizer que eu conheço melhor seus acordes que os do Angus.

Vê-lo ao fundo do palco gritando, e mantendo a mesma pose de moleque de sempre, era como que uma confirmação. Não estávamos vendo apenas mais um show de rock. Estávamos no meio do maior deles. Naquele que importava.
Nunca pude vê-los no palco. Não fui ao Rock in Rio (o primeiro), assim como perdi todas as outras oportunidades que surgiram no Brasil. Na verdade, tornei-me fã bem tarde, já casado, e enlevado especialmente com "Thunderstruck".

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Mas nunca deixei de reparar na genialidade deles, como um todo, e dele, em particular. Os maiores de todos os tempos sempre foram simples. E ele talvez esteja dentre os melhores de todos os maiores.

Quando fui informado, há alguns meses, ou mesmo mais de um ano, que ele estava sofrendo de demência, não cheguei - pasmem - a lamentar. Eu sou esquizofrênico, e sei que do meu estado para a demência é um pulo. Já ele, com tudo o que viveu, e que fez, bom, era quase compreensível. Lamentei, mas não estranhei.

Gosto de muitos guitarristas. E até gosto mais de outros que do Malcolm. Mas não consigo me imaginar gostando de uma guitarra base mais do que a dele. Não consigo imaginar o AC?DC sem ele. Sem sua discrição. Sem sua integridade.

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É sempre lamentável quando perdemos uma pessoa insubstituível. É sempre lamentável quando sentimos que algo de nós se vai com ele. Já lamentei isso várias vezes. Lamentei com jornalistas, com dramaturgos, com filósofos, etc. Até com amigos.

Mas com o Malcolm algo parece ainda pior. Eu quase sinto que perdi um amigo. É foda, quase apelação dizer isso, eu sei. Mas é verdade. Um amigo pelo qual todos gostavam. Um amigo que deixou o mundo melhor. O melhor amigo roqueiro de todos.

Vá em paz, Malcolm. Desejo a você uma vida eterna tão louca e simples como foi a sua vida terrena.

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Morte de Malcolm Young

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Sobre Rodrigo Contrera

Rodrigo Contrera, 48 anos, separado, é jornalista, estudioso de política, Filosofia, rock e religião, sendo formado em Jornalismo, Filosofia e com pós (sem defesa de tese) em Ciência Política. Nasceu no Chile, viu o golpe de 1973, começou a gostar realmente de rock e de heavy metal com o Iron Maiden, e hoje tem um gosto bastante eclético e mutante. Gosta mais de ouvir do que de falar, mas escreve muito - para se comunicar. A maioria dos seus textos no Whiplash são convites disfarçados para ler as histórias de outros fãs, assim como para ter acesso a viagens internas nesse universo chamado rock. Gosta muito ainda do Iron Maiden, mas suas preferências são o rock instrumental, o Motörhead, e coisas velhas-novas. Tem autorização do filho do Lemmy para "tocar" uma peça com base em sua autobiografia, e está aos poucos levando o projeto adiante.
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