Blog Audio e Rock N Roll: será que o Metalcore morreu?
Por Mário Megatallica A.S.B.
Fonte: Blog Audio e Rock N Roll
Postado em 16 de maio de 2011
Enquanto escrevo este texto, estou ouvindo o novo álbum de uma das bandas de Metalcore mais antigas desse estilo, a alemã Caliban. Eles surgiram em torno de 1998 num lugar sem nenhuma tradição e nem outra banda de expressão nesse estilo já que naquela época a Alemanha - e o resto do mundo - se rendia ao Metal Melódico e ao Power Metal, com bandas como Helloween, Gamarray, Blind Guardian, Edguy, etc... talvez por isso o Caliban passou despercebido pela cena metálica da época, permanecendo como banda underground (status que, de certa forma, carrega até hoje).
Em 2001 surgiu nos EUA o Killswitch Engage, fazendo o mesmo tipo de som que o Caliban. Porém, com eles o resultado da empreitada sonora foi outro. Eles lançaram seu primeiro álbum (na verdade uma préprodução mal feita) de forma independente e chamaram tanta atenção na cena underground da época que rapidamente assinaram um contrato com uma grande gravadora e lançaram seu segundo álbum - o marcante Alive Or Just Breathing - em 2002, causando um tremor na cena metálica mundial e virando referência para centenas de jovens e aspirantes a rockstars. O som era inovador e acabou sendo batizado de Metalcore - uma mistura de Hardcore e Heavy Metal, porém, com refrões baseados em melodias vocais muito "pegajosas". Eu mesmo virei fã da banda desde a primeira audição que fiz neste álbum.
Muitas pessoas como eu imaginaram que o Killswitch Engage seria o Metallica do novo milênio, já que o som deles era inovador, pesado, melódico, agressivo, ou seja, diferente. E todos sabemos que o que é diferente cria tendência e automaticamente gera "cópias"; e no caso do Killswitch o que não faltou foi banda surgindo ao redor do mundo citando esta banda de Massachussets como influência. O Killswitch Engage inaugurou uma nova cena no Metal e seus mebros se tornaram os gurus do movimento - merecidamente. Depois deles vieram outras, mas nenhuma se tornou tão grande quanto eles.
A euforia com o novo estilo, no entanto, durou pouco pelo que percebo atualmente. O próprio Killswitch Engage lançou um ótimo disco em 2004, o The End Of Heartache (que detonou a cena na época com seu hit "Rose Of Sharin") mas não conseguiu manter a boa fase, lançando o mediano As Daylight Dies em 2006 e o não muito inspirado Killswitch Engage no início de 2009, derrubando assim as expectativas de seus fãs e, aparentemente, a cena de Metalcore como um todo, posto que ao final desta primeira década do novo século XXI pouco se ouve falar deles ou de qualquer outra banda de Metalcore. A pergunta é: o que aconteceu com o Metalcore e suas bandas? Por que um movimento tão jovem e promissor está entrando em decadência?
Talvez seja porque o prazo de validade de um novo estilo no mercado seja curto (cerca de dez anos). Bandas e estilos novos surgem, estouram no mercado e somem dele no intervalo de uma década. Basta reparar na data de lançamento dos melhores e piores álbuns de suas bandas favoritas; geralmente os melhores são lançados no início da carreira (nos três primeiros anos), os mais marcantes no meio (depois de cinco anos) e os piores ou mais comerciais depois de dez anos. Depois disso a banda tenta uma reviravolta, almejando atingir o inatingível: a originalidade do início da carreira - em vão; ou criam um som datado (vencido) ou nem mesmo conseguem-no porque perderam suas referências.
Talvez seja porque a fonte da qual as bandas bebiam já secou; ou seja, porque não possuem mais a criatividade dos primeiros anos. Existe uma cobrança muito grande por parte do mercado com as bandas que as faz perseguirem a originalidade a cada disco constantemente. O artista tem que se reinventar em cada lançamento e isso faz com que, muitas vezes, o tiro saia pela culatra pois o efeito, de forma geral, é o inverso. Boa parte dos fãs querem que suas bandas favoritas criem coisas diferentes, mas não que isso as leve a abandonar seu próprio estilo - que é o que acontece com boa parte delas. Provavelmente a busca pela originalidade eterna seja uma armadilha que leva a banda ao fracasso por criar álbuns ruins para seu estilo.
Sinto que, no caso do Metalcore, houve um certo exagero com o lado melódico do estilo, que recebeu mais atenção que outros elementos, como a parte rítmica (com suas pausas marcantes e matadoras), que foi relevada a segundo plano, em detrimento do fator melódico. Acho também que faltou mais consistência na cena; faltou existirem mais bandas de referência para o estilo, que ficou praticamente nas mãos de uma banda só - no caso o Killswitch Engage. Basta lembrar que o Nirvana era a maior banda grunge do planeta na sua época e quando acabou devido a morte do seu líder Kurt Cobain, levou pro cemitério consigo o estilo com a qual se consagrou.
Enfim, o que aconteceu com o Metalcore? Será que o Metalcore morreu? Quem souber me diga, por favor.
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 5 melhores álbuns do rock nacional, segundo jornalista André Barcinski
A banda de thrash fora do "Big Four" que é a preferida de James Hetfield, vocalista do Metallica
Os 16 vocalistas mais icônicos da história do rock, segundo o The Metalverse
Guns N' Roses é anunciado como headliner do Monsters of Rock 2026
Os dois maiores bateristas de todos os tempos para Lars Ulrich, do Metallica
Inferno Metal Festival anuncia as primeiras 26 bandas da edição de 2026
Os 50 melhores discos da história do thrash, segundo a Metal Hammer
A música favorita de todos os tempos de Brian Johnson, vocalista do AC/DC
Exodus: quando a banda "engoliu" o Metallica e nunca mais abriu para eles
O disco de reggae que Nando Reis tem seis exemplares; "Quase como se fossem sagrados"
Neto de Ozzy Osbourne morde seu primeiro morcego
"Entrei na turnê de despedida do Judas e ainda estou aqui 15 anos depois", diz Richie Faulkner
O guitarrista do panteão do rock que Lou Reed dizia ser "profundamente sem talento"
O músico que Neil Young disse ter mudado a história; "ele jogou um coquetel molotov no rock"
Geddy Lee admite que volta do Rush foi "uma decisão difícil"
A artimanha de David Bowie no auge da fama para sair pelas ruas sem ser reconhecido
Profissional de eventos diz que Iron Maiden teve público mais educado que viu na vida
Rob Halford: Vocalista revela seus 10 álbuns preferidos


Será que não damos atenção demais aos críticos musicais?
Um obrigado à música, minha eterna amiga e companheira
O impacto da IA na produção musical
Identidade e resistência: O punk rock ainda vive e incomoda o sistema
A jornada da música em dois séculos
Metallica: a arte em "Lulu" e no "Kill 'Em All"
Guns N' Roses: o mundo visto do banquinho



