Rush: O baterista que ensinou Neil Peart a "dançar na bateria"
Por André Garcia
Postado em 18 de outubro de 2022
Tolo é aquele que acha que já sabe tudo; o sábio sabe que há sempre muito mais a aprender. Neil Peart, jamais viu a si mesmo como mestre, sempre se viu como um aprendiz, e amava adquirir conhecimento. Foi assim que ele aprendeu a falar vários idiomas (entre eles o latim) e conheceu a fundo temas como motociclismo, aves e, claro, música.
Ao longo de meio século como baterista do Rush, ele foi considerado um dos melhores de todos os tempos em seu instrumento, mesmo assim jamais se acomodou. Profissional e perfeccionista, jamais deixou de fazer aula de bateria para se aprimorar. E um de seus maiores professores foi Freddie Grubber — lendário baterista de jazz, que surgiu na cena novaiorquina de bebop, e iniciou sua carreira como dançarino de tap.
Conforme publicado pela Music Radar, o canadense falou sobre impacto que o professor Grubber teve sobre ele.
"Eu conheci Freddie por volta da época da gravação do tributo a Buddy Rich. Ficamos amigos desde então, e começamos a trabalhar juntos para soltar meu estilo de tocar. Era disso que se tratava o coaching dele: era algo físico, não musical. Ele não é o tipo de professor que te ensina a tocar bateria, ele te ensina a dançar na bateria."
"Naquela época, por volta de 95, eu já tocava há 30 anos. [Eu pensei:] 'Eu realmente vou agora praticar todo dia esses exercícios que ele me passa, voltar para a pegada tradicional e a dianteira da baqueta?' Porque eu tocava no final da baqueta e com outra pegada há muito tempo."
"Ele fez com que eu levantasse a caixa, afastasse o bumbo — bem contra-intuitivo. Eu sempre pensei: 'Deixa tudo o mais perto possível, assim você pode alcançar melhor'. Mas, na verdade, não, aquela é sua área de movimento. É melhor ter o bumbo, tons e chimbal um pouquinho mais longe, então aquilo estava reinventando a forma como eu tocava o instrumento."
"Eu pensei: 'Devo ir para o porão praticar todo dia de novo como quando eu tinha 13 anos? Se eu me comprometer com isso, serei recompensado?' Decidi que valia tentar e fiz aquilo por um ano e meio. A banda calhou de não estar trabalhando, porque Geddy e sua esposa tiveram um bebê — o timing foi perfeito."
"Eu sou um bom açougueiro, mas eu gosto de dar um toque de cirurgia na coisa", concluiu.
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