As qualidades que todos adoravam em Jimi Hendrix mas que atrapalhavam suas gravações
Por Bruce William
Postado em 31 de outubro de 2024
No filme "Meu Jantar com Jimi" ("My Dinner with Jimi", 2003), a história se passa no final dos anos 1960, quando o Rock se firmou como a força dominante da juventude. Nesse cenário, a banda norte-americana The Turtles está em ascensão e segue para uma turnê em Londres, onde o cenário musical é vibrante e nomes como os Beatles e os Rolling Stones moldam a cultura pop.
A trama se desenrola quando os integrantes do The Turtles chegam à Inglaterra e, por mera sorte, acabam cruzando com algumas das maiores figuras da época. Mas nem tudo são flores, pois dentre situações divertidas e constrangedoras, a banda se sente deslocada na capital da Inglaterra, onde são tratados com pouco caso e até com ironia/chacota por parte de alguns músicos famosos, até que acontece um encontro que resulta em um jantar entre o vocalista Howard Kaylan e Jimi Hendrix.
O lendário guitarrista se revela uma presença enigmática e ao mesmo tempo envolvente, oferecendo um vislumbre de seu mundo de forma quase magnética, e ao invés de agir de forma distante como o Rockstar que já era, o guitarrista é acessível e acolhedor, o que quebrou a imagem de ícone inatingível. Com um jeito tranquilo e profundo, Hendrix trata Kaylan e os demais não como fãs, mas como colegas de jornada musical, em um tratamento simples e humano que contrasta com o de outros músicos que aparecem ao longo do filme.
Existe um consenso entre os que conviveram como Jimi Hendrix que ele era uma pessoa extremamente simples, calma e afável: "Ele não era uma diva, estava sempre relaxado e se mostrava uma pessoa legal, era um cara normal", disse um jornalista sueco que entrevistou o guitarrista em 1969, corroborando outros relatos que dizem coisas como "Ele era tímido, discreto, falava baixo e tinha um bom senso de humor" e "Ele costumava ser muito tímido quando não estava no palco. Nunca era insistente, franco ou exigente".
Aliado ao fato de ter sido alçado à categoria de Rockstar de uma hora para outra, principalmente depois da incendiária (literalmente) performance no Monterey Pop Festival de 1967, Jimi acabou por angariar de forma involuntária um séquito de "amigos" que invariavelmente orbitavam ao seu lado, e eventualmente aquele burburinho todo causava alguns problemas.
"Sempre havia pessoas ao redor dele, aproveitadores, músicos, um fluxo constante de personagens", disse o produtor Eddie Kramer durante conversa com The Globe And The Mail, que em seguida relatou um episódio quando aquele monte de gente estava atrapalhando uma sessão de estúdio, onde Jimi estava gravando um disco (via Ultimate Guitar).
"Uma vez, durante as sessões de 'Electric Ladyland', havia trinta pessoas espremidas na sala de controle, apenas curtindo, bebendo, fumando e fazendo barulho", conta o produtor, relatando que todo aquele pessoal estava tumultuando os trabalhos do que se tornaria o terceiro álbum de estúdio lançado por Hendrix em 1968. "Finalmente eu disse: 'Jimi, se quisermos terminar isso, precisamos mandar os bagunceiros embora.'"
Eddie então conta que Jimi suspirou e disse: "É, cara, você tem razão." Mandamos todos embora, exceto eu, ele e o operador de fita. No minuto em que tudo ficou em silêncio, ele acertou a faixa em uma única tomada. Era assim, o caos girando ao redor, mas Jimi conseguia se concentrar intensamente. Era a mesma intensidade que ele mostrava nas apresentações ao vivo, mas ainda mais focada", finaliza o produtor.
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