O clássico álbum do Wings que Paul McCartney teve a opção de gravar no Brasil
Por João Renato Alves
Postado em 23 de fevereiro de 2025
Terceiro álbum do Wings, "Band on the Run" (1973) é o trabalho mais bem-sucedido de Paul McCartney fora dos Beatles. No total, vendeu mais de 12 milhões de cópias em todo o mundo. As gravações contaram apenas com o protagonista, sua esposa Linda e o guitarrista Denny Laine. A maior parte das sessões aconteceu no estúdio da EMI em Lagos, Nigéria.
Porém, o astro teve outras opções ao redor do planeta para escolher. Entre elas, uma possibilidade de registrar a obra no Brasil. A história foi contada pelo próprio em 2018 à revista GQ. Ele declarou, conforme registro do Songfacts:
"Eu estava pensando onde gravar e queria sair da Inglaterra. Então pedi para minha gravadora, a EMI, fornecer uma lista de todos os estúdios que eles tinham ao redor do mundo - eu sabia que eles tinham muitos. Um era na China, outro era no Rio de Janeiro e havia este em Lagos, Nigéria. Então disse, ‘Yeah Lagos, vamos lá’, porque eu gosto muito de música africana. Eu amo os ritmos da música africana, então escolhi sem perceber que seria um pequeno estúdio muito básico."
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Outro problema não imaginado inicialmente por McCartney era que o local contava com uma série de limitações técnicas. "Nós meio que construímos metade do estúdio. Eles não tinham uma cabine vocal, então tivemos que explicar: ‘você pega um pouco de madeira, um pouco de vidro e coloca assim’. Então nós construímos as cabines vocais. Mas foi legal, eu gostei do aspecto primitivo disso e estar na África foi uma experiência bem interessante."
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Para completar o cenário, o estúdio não foi o único problema. A Nigéria vivia tensões políticas e sofria a repressão de uma ditadura militar, com pobreza, doenças e muita violência. Paul e Linda chegaram a ser assaltados e perderam bolsas contendo cadernos, fitas e tudo relacionado às demos de "Band on the Run", ainda em desenvolvimento.
Por sorte, o eterno Beatle tinha (quase) tudo fresco na memória e conseguiu recordar o material. A solução foi recorrer a outro estúdio em Lagos, pertencente a Ginger Baker. O baterista do Cream chegou a colaborar com o disco, tocando percussão – em uma lata – na música "Picasso’s Last Words".
Outras participações incluíram o também percussionista Remi Kabaka, em "Bluebird" e o saxofonista Howie Casey em "Jet", "Bluebird" e "Mrs. Vandebilt". Tony Visconti se encarregou das orquestrações, enquanto os roadies Ian Horne e Trevor Jones fizeram backing vocals em "No Words".
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