Anika Nilles do Rush lembra o início na bateria: "Michael Jackson me manteve firme"
Por Gustavo Maiato
Postado em 06 de outubro de 2025
A trajetória da alemã Anika Nilles, nova baterista do Rush, começou de maneira bastante orgânica - dentro de casa. "Meu pai tocava bateria também. Ele tentou me ensinar as primeiras coisas, e isso funcionou, claro, mas quando eu tinha cerca de seis anos, eles me colocaram em uma escola de música local, porque meu pai era autodidata", contou Anika em entrevista ao canal TV Braba.
Apesar do incentivo familiar, a experiência na escola de música não foi exatamente inspiradora. "Naquela época, no final dos anos 80, as aulas eram muito conservadoras na Alemanha. Você tinha que ficar dois anos só tocando caixa. E como criança, você quer tocar tudo, detonar na bateria", relembra, rindo. Seu pai, percebendo a frustração, continuou ensinando-a paralelamente em casa. "Ele me ensinava grooves e músicas, tipo Michael Jackson, e acho que isso me manteve firme durante o processo da escola."


Anika explica que sua formação foi metade autodidata e metade formal. "Até os 12 ou 13 anos, muito do que aprendi foi por conta própria. Eu tinha professores, mas era tudo muito baseado em livros. Como criança, eu também colocava músicas pra tocar e fazia o que queria - o que realmente me interessava."
Mais tarde, a musicista teve contato com um dos grandes nomes do ensino de bateria na Alemanha, Klaus Hesler, que morava na mesma região. "Ele é um grande professor. Estudei com ele diferentes abordagens e pude levar meus próprios temas para as aulas." Na universidade, Anika seguiu desenvolvendo esse espírito investigativo. "Mesmo na faculdade, muita coisa que aprendi foi autodidata, porque explorei assuntos por conta própria, como as quintinas, que nem faziam parte do programa. Meu professor tentou me ajudar, mas a maior parte foi ideia minha."

O estudo das quintinas - subdivisões rítmicas de cinco notas - nasceu de uma jam session despretensiosa. "Tudo começou com um baixista que me perguntou se eu podia fazer um groove em 5. Ele não quis dizer compasso ímpar, mas subdivisão de cinco notas. Eu tentei entrar na linha de baixo dele, mas sempre caía em seis notas. Aquilo me deixou curiosa, e eu mergulhei no assunto."
Anika e estudo de bateria
A partir dessa experiência, ela definiu um objetivo: compor uma música inteira em quintina. "Usei quase um ano até terminar meu curso na universidade e pensei: esse é um ótimo objetivo. Vamos descobrir isso. Eu escrevi uma música e fiz os grooves funcionarem. Foi assim que comecei."

Anika conta que naquela época - há cerca de 15 anos - o tema era raríssimo. "Não tinha nada no YouTube, Instagram, nada. Eu procurava qualquer coisa que pudesse me ajudar, mas não encontrava. Tive que descobrir tudo, anotar e criar um plano pra mim mesma." O resultado foi um método único, baseado em experimentação e paciência. "Quando alcancei o objetivo, pensei: 'agora fiz em 5, como seria em 7?' E percebi que isso abria uma possibilidade totalmente nova no meu jeito de tocar."
Essa pesquisa acabou se transformando no livro "Pad Book", que reúne seus exercícios e estudos sobre subdivisões. "O livro surgiu naturalmente. Eram meus exercícios escritos em papéis, guardados num canto da sala. Resolvi compilar tudo e explicar cada passo e cada ideia." Ela ressalta que quis criar algo acessível: "É difícil mergulhar nesse assunto quando você não tem alguém pra explicar. Então quis fazer dele um livro completo, com foco nas subdivisões de cinco e sete."

Confira a entrevista completa abaixo.

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