O compositor que Paul McCartney admite jamais conseguir igualar: "Eu o invejo"
Por Gustavo Maiato
Postado em 04 de novembro de 2025
Paul McCartney é, para muitos, um músico completo - criativo e incansavelmente dedicado à arte de compor. Mesmo sem formação formal em teoria musical, o ex-Beatle construiu, ao lado de John Lennon, uma das parcerias mais lendárias da história da música. Juntos, criaram melodias que ultrapassaram gerações e fronteiras, de "Hey Jude" a "Let It Be". Ainda assim, McCartney reconhece que há um artista cuja genialidade nas palavras ele nunca conseguiu alcançar: Bob Dylan.
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Nos primeiros anos de parceria com Lennon, McCartney buscava inspiração em tudo o que o cercava - do rock de Little Richard e Chuck Berry às harmonias de jazz e aos acordes sofisticados de canções como "Michelle" e "When I'm 64". Mas quando os Beatles começaram a ganhar notoriedade mundial, algo novo surgiu do outro lado do Atlântico: a revolução lírica de Dylan.
Com álbuns como "The Freewheelin' Bob Dylan" (1963), o compositor norte-americano transformou a música popular em veículo de reflexão social e poesia. Músicas como "Blowin' in the Wind" e "Masters of War" apresentaram um novo tipo de composição - direta, politicamente engajada e profundamente humana.
McCartney, que sempre privilegiou melodias ricas e complexas, inicialmente não compreendeu o estilo cru e minimalista de Dylan. Mas, com o tempo, passou a admirá-lo de forma quase reverente (via Far Out): "Dylan é um compositor fantástico. No começo, eu não entendia. Eu me perdia no meio das canções dele, até perceber que isso não importava. Você pode se prender a apenas duas palavras de uma letra dele - como 'jealous monk' ou 'magic swirling ship'. São combinações fantásticas. Eu nunca conseguiria escrever assim, e o invejo por isso."
A influência de Dylan sobre os Beatles foi imediata. O primeiro encontro entre eles, em 1964, é lendário: entre conversas e experimentações, Lennon, McCartney e companhia voltaram para a Inglaterra transformados. Suas letras, antes simples e românticas, tornaram-se introspectivas, existenciais e literárias - marcando o início da fase mais criativa da banda.
McCartney também recorda como Lennon, em especial, ficou fascinado: "[A música de Dylan] tocou algo em John. Era como se ele pensasse: 'Isso deveria ter sido eu'. E, a partir daí, John começou a fazer uma espécie de imitação de Dylan", contou à Rolling Stone.
O fascínio, no entanto, era mútuo. Dylan também observava atentamente os Beatles - tanto que, em 1965, decidiu eletrificar sua música, inspirando-se na sonoridade britânica de Rubber Soul. O resultado foi a célebre polêmica de sua apresentação no Newport Folk Festival, quando empunhou uma guitarra elétrica e mudou para sempre a história do folk.
Hoje, McCartney e Dylan são vistos como duas faces complementares da genialidade musical: o primeiro, mestre das melodias; o segundo, senhor das palavras. E, mesmo com todo o prestígio de ser um dos maiores compositores de todos os tempos, Macca continua humilde diante da arte do colega: "Eu poderia entender cada nota que toco, mas as palavras dele... elas são de outro mundo."
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