A história proibidona da separação dos Mutantes: "Todo mundo muito louco se pegando"
Por Gustavo Maiato
Postado em 27 de junho de 2025
Em vídeo recente no YouTube, o pesquisador e comunicador Julio Ettore narrou em detalhes os bastidores da separação de Rita Lee da formação clássica dos Mutantes. Com seu estilo direto, ele mergulhou em um dos episódios mais conturbados do rock brasileiro, revelando traições, ciúmes, drogas alucinógenas e disputas de ego que marcaram o fim da banda como o Brasil conhecia.
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"Imagina só: todo mundo morando no meio do mato, cheio de ácido na cabeça, tocando rock e acreditando que ninguém é de ninguém", resume Julio, ao descrever o clima de liberdade absoluta vivido na Serra da Cantareira, onde o grupo se isolou para viver à moda hippie. A rotina incluía jantares coletivos, baseados, experiências com LSD e um vai-e-vem amoroso que alimentava o mito e os conflitos da banda.
Embora a ideologia do "amor livre" guiasse o estilo de vida dos integrantes, a prática se mostrava mais dolorosa do que libertadora. "Rita pousava de moderna e liberada, mas estava morrendo de ciúmes", explica Julio. Um dos episódios mais emblemáticos foi quando Arnaldo Baptista pediu que ela assistisse a uma transa dele com outra mulher — algo que, segundo o relato, tornou-se frequente ao longo de 1972.
Além das tensões afetivas, o orgulho também corroía o grupo por dentro. Considerados os filhos rebeldes da Tropicália, os Mutantes se vangloriavam de serem "a banda mais influente do Brasil", mas começaram a sentir a pressão da chegada de grupos tecnicamente mais preparados. Isso motivou Arnaldo a declarar: "Agora a gente tem que ensaiar como nunca, porque ninguém pode ser melhor do que a gente", decisão que aproximou o grupo do rock progressivo e afastou Rita do processo criativo.
Enquanto os homens da banda mergulhavam nas viagens sonoras e instrumentais, Rita via seu espaço se esvaziar. "Ela até tentou aprender Mellotron e Mini Moog, mas era alvo de gozação por não tocar tão bem quanto os outros", relata Julio. O ponto final veio no Festival Internacional da Canção de 1972, quando a banda apresentou "Mande um Abraço pra Velha", e a cantora teve participação quase nula. "Ela só assistia a um jam de oito minutos de rock progressivo. Foi a gota d’água."
A versão mais conhecida da separação é a que Rita apresenta em sua autobiografia. Segundo ela, Arnaldo teria anunciado, de forma seca, que ela estava fora dos Mutantes. "O Arnaldo quebra o gelo, toma a palavra e me comunica que eu estava fora da banda. Não com essas palavras, mas era isso." Julio, no entanto, contesta: "Oficialmente, ela não foi expulsa. Ela saiu por vontade própria depois de uma conversa difícil."
Entre traições mútuas e jogadas de bastidores, a relação entre os integrantes se deteriorou. "Era comum o Arnaldo tomar decisões sem consultar ninguém, especialmente depois de tomar ácido e sair falando de deuses", conta Julio. Mesmo assim, os demais membros — Sérgio Dias, Liminha e Dinho Leme — acabaram apoiando sua liderança, contribuindo para o afastamento definitivo de Rita.
A viagem de Rita à Inglaterra com Liminha e Lucinha Turnbull — que viria a ser sua parceira na carreira solo — acelerou o processo. "Eles se pegavam, voltavam como se nada tivesse acontecido. Era um caos controlado", diz Julio. Na volta, Rita trouxe ácido, o cantor Ritchie e a certeza de que precisava seguir outro caminho. Uma última desavença com Arnaldo e um envolvimento com o inglês Mick Killingback selaram sua saída definitiva.
Apesar das tentativas posteriores de reaproximação, a separação da formação clássica dos Mutantes marcou o início do declínio da banda. "A Rita saiu de cabeça erguida, mas magoada. Ela sabia que era fundamental para a identidade dos Mutantes, mesmo que tentassem convencê-la do contrário", conclui Julio Ettore. A história, envolta em mitos e exageros, segue como um dos capítulos mais emblemáticos — e picantes — da música brasileira.
Assista o vídeo completo de Julio Ettore abaixo.
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