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Engenheiros do Hawaii: "Toda forma de poder" e a "novilíngua"

Por Carlos Siqueira
Fonte: Blog Palavras Aleatórias
Postado em 06 de agosto de 2015

"Toda forma de poder" é uma música da banda Engenheiros do Hawaii, lançada em 1986, no álbum "Longe Demais das Capitais". A letra, de cunho político, faz uma crítica aos governos e, como diz o próprio título, à "toda forma de poder". O que chama a atenção nessa música é que, logo no primeiro verso da letra, faz-se uma crítica à linguagem usada pelos políticos/governantes/pessoas importantes, algo que, como será mostrado, chama-se "novilíngua"; ao mesmo tempo, depois, essa mesma estratégia é usada pelo próprio eu-lírico. Eis a letra:

Toda forma de poder

Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada (Yeah, yeah)
Fidel e Pinochet tiram sarro de você que não faz nada (Yeah, yeah)
E eu começo a achar normal que algum boçal
Atire bombas na embaixada
(Yeah yeah, uoh, uoh)

Engenheiros Do Hawaii - + Novidades

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Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

Toda forma de poder é uma forma de morrer por nada
(Yeah, yeah)
Toda forma de conduta se transforma numa luta armada
(Uoh uoh)
A história se repete
Mas a força deixa a história mal contada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

E o fascismo é fascinante
Deixa a gente ignorante e fascinada
É tão fácil ir adiante e se esquecer
Que a coisa toda tá errada
Eu presto atenção no que eles dizem
Mas eles não dizem nada

Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

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Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer tudo que eu vi
Se tudo passa, talvez você passe por aqui
E me faça esquecer

Logo de início nota-se a percepção do eu-lírico quanto à novilíngua: "Eu presto atenção no que eles dizem/ mas eles não dizem nada". A novilíngua "é o processo de manipulação da linguagem que invade o campo político, esvazia o discurso e, como pesadelo de Orwell, instrumentaliza a esfera pública". Todos sabemos o quanto os políticos enrolam em seus discursos, mudam de assunto, utilizam frases prontas, frases de efeito, enfim, "falam sem falar", com intuito de distanciar-se do assunto principal. É a novilíngua, muito utilizada por ditadores.

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Em seguida, o eu-lírico diz que Fidel Castro e Pinochet dão risada de nós, pois não fazemos nada, e que ele já começa a achar normal que algum boçal/ignorante — fascista? — atire bombas na embaixada. É que a novilíngua é "capaz de minar o hábito de ouvir, a atenção e a concentração, formando pessoas que deixam de pensar a política como uma esfera de atuação em seu cotidiano" e assim, acostumam-se, apenas seguem o que é dito, acreditam que todos os discursos são iguais e mentirosos, alienam-se.

Os nomes Fidel e Pinochet podem ser trocados por vários outros, aqui mesmo no Brasil, temos tantos políticos que caçoam de nós, criam leis que beneficiam eles e nos prejudicam, no entanto, nós não fazemos nada para combatê-los — alguns dizem não fazer por não adiantar, por isso nem tentam... —; ou ainda, nem precisa ser político, mas líderes religiosos ou certos "artistas", que soltam seus ideais autoritários e passam por cima de leis e nada lhes acontecem.

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Para quem não sabe, Fidel Castro foi o revolucionário cubano, líder ao lado de Che Guevara na Revolução Cubana, que tirou o ditador Fulgencio Batista do poder, e que implantou o Comunismo; embora Cuba tenha melhorado em muitos sentidos desde então, Fidel Castro continuou sendo autoritário. Assim, o eu-lírico critica a "extrema esquerda".

Por outro lado, Augusto Pinochet, comandante do exército chileno, foi quem liderou o golpe militar de 1973 e implantou uma ditadura sobre o Chile. Autoritarismo e fascismo resumem o que foi o "governo" de Pinochet. Assim, o eu- lírico critica a "extrema direita".

Em seguida chega o refrão e é nesta parte em que o eu-lírico, conscientemente, utiliza-se da novilíngua, distanciando-se totalmente do discurso proferido na primeira estrofe. Se no primeiro verso ele reclama que presta "atenção no que eles dizem, mas eles não dizem nada", agora, quem não diz nada é o próprio eu-lírico: "Se tudo passa, talvez você passe por aqui/ E me faça esquecer tudo que eu vi/ Se tudo passa, talvez você passe por aqui/ E me faça esquecer".

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Além de fugir do assunto político que estava sendo discutido, neste momento o eu-lírico canta mais devagar, repete algumas frases e ainda se utiliza de um jogo de palavras que faz o refrão ser a parte mais memorável da música. Observemos o jogo de palavras usado, destacadas as sílabas que o compõe: SE – pasSA – voCÊ – pasSE – faÇA – esqueCER – SE – pasSA – voCÊ – pasSE – faÇA – esqueCER. Não é à toa que a maioria das pessoas lembram somente desta parte dessa música, esquecendo-se totalmente (ou nem percebendo/refletindo) o teor crítico do resto dela. E isso acontece com a maioria das músicas.

Passando o refrão, o eu-lírico volta com suas críticas e diz que "toda forma de poder é uma forma de morrer por nada", pois "toda forma de conduta se transforma numa luta armada". Aqui mostra-se quase um niilismo do eu-lírico, pois este não vê sentido em forma alguma de poder, seja de "direita ou de esquerda", além disso, há a denúncia de que todo extremismo causa revoltas/ lutas armadas.

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Termina-se essa estrofe dizendo que "a história se repete/ mas a força deixa a história mal contada", até porque, geralmente quem sobra para contá-la são os vencedores, não é? Ou, como disse Napoleão: "A História é um conjunto de mentiras sobre as quais se chegou a um acordo". A força e o autoritarismo deformam os fatos e criam ideologias. Ideologias camufladas por discursos.

Interessante notar que o eu-lírico ao terminar de cantar a última palavra da estrofe, "contada", fica repetindo as duas últimas sílabas: "ta" e "da", como se fosse um eco, assim como é dito que a história se repete, mas mal contada, contada pela metade, contada só o final... É bom lembrarmos que, se não conhecermos a História, podemos repetir erros do passado. Depois disso volta o refrão que nada tem a ver com o conteúdo da música, agora com mais de uma voz e cantado mais alto. Talvez, implicitamente, esteja mostrando que para a fuga, tem-se mais forças/pessoas/vozes, mas para a crítica...

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Por fim, depois de tantos indícios que o eu-lírico já tinha dado, ele fala do fascismo. Diz que o "fascismo é fascinante/ deixa a gente ignorante e fascinada/ É tão fácil ir adiante e se esquecer/ Que a coisa toda tá errada/ Eu presto atenção no que eles dizem/ Mas eles não dizem nada". Além de ser real, essa estrofe é atual. Ora, o fascismo, a violência, o poder, realmente atrai/fascina. Dá uma resposta simples e rápida para problemas difíceis e complexos. Assim nascem as ideologias. Um exemplo: nazismo; o nazismo deu uma resposta muito simples e rápida para todos os problemas na Alemanha: extermínio de judeus. Disseram na época que o problema de toda a situação ruim (seja econômica, cultural, etc.) da Alemanha era a presença dos judeus, sendo assim, a solução era somente exterminá-los. Um exemplo mais atual: temos centenas de políticos governando o Brasil, inúmeros problemas em todos os âmbitos, mas andam dizendo por aí que a culpa de todos os problemas é a presidente, e que tirando ela e o seu partido "do poder", tudo se resolve. Outro assunto que está em debate é a diminuição da violência, onde a maioria acredita que, investindo em prisões, punições e diminuindo a redução da maioridade penal, se resolverá tudo.

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Voltando à novilíngua, ela foi e ainda é muito utilizada por ditadores e fascistas, tanto que antes de ela possuir esse nome, era referida como "linguagem stalinista" (Stalin, como se sabe, foi um ditador da União Soviética). A ideia de punição/aniquilação/ destruição, isto é, o fascismo, fascina e "deixa a gente ignorante". Dá-se respostas simples e rápidas, porque é "tão fácil ir adiante e se esquecer que a coisa toda está errada".
//

Não nos deixemos enganar pela linguagem, não nos deixemos cair em ideologias; pensemos antes de agir, porque ao agirmos sem pensar, se não for por emoção e desatenção, é por intenção, é por pretensão, é por ação imediata, ao invés de reflexão, opinião e ação sensata.

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Engenheiros do Hawaii é uma banda brasileira de rock, liderada por Humberto Gessinger, criada em 1984, esteve em atividade até 2008, ano em que a banda entrou em "pausa" e está até hoje.

Referências:

http://pensador.uol.com.br/frase/NjQxOA/
acesso em: 07/07/2015.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenheiros_do_Hawaii
acesso em: 07/07/2015.
http://revistalingua.com.br/textos/84/o-vazio-do-discurso-271230-1.asp
acesso em: 07/07/2015.

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