O clássico que Engenheiros do Hawaii gravou errado e ouviu do produtor: "Estamos F*!"
Por Gustavo Maiato
Postado em 13 de setembro de 2025
Em entrevista ao Corredor 5, o guitarrista Augusto Licks relembrou histórias curiosas das gravações dos Engenheiros do Hawaii nos anos 1980. Conhecido pelo estilo experimental e pelas soluções inusitadas no estúdio, Licks contou que nem sempre a banda tinha domínio técnico dos instrumentos que usava, mas a ousadia acabava gerando resultados únicos — ainda que preocupasse os produtores.
Um dos episódios mais marcantes foi durante a gravação de "A Verdade a Ver Navios", do álbum "A Revolta dos Dândis" (1987). Licks recorda que se aventurou no piano sem ter a formação necessária para tocá-lo.
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"Lembro que eu estava gravando o piano dessa e o Reinaldo Barriga e o Luiz Carlos Maluly deixaram aberto o microfone. Eu não tocava nada no piano! Eu só sabia que tinha que tocar as teclas brancas, porque aí não sai nota errada, se for tom de Dó Maior. Aí eu só ouço assim baixinho: ‘Estamos fodidos!’ [risos] Eu ouvi isso! Eu não toco, mas me meto a tocar. Precisava de algumas tentativas até dar certo."

Apesar das dificuldades, a faixa entrou para o disco e virou uma das marcas da fase clássica dos Engenheiros. Para Licks, esses improvisos ajudavam a dar identidade à sonoridade do grupo. Ele também recordou a forma como Humberto Gessinger se encantou por um violão Martin adquirido de uma banda de bluegrass em São Paulo, e de experimentos com um móvel ligado a um órgão Hammond que gerava efeitos inesperados em estúdio.
Curiosidades sobre "A Revolta dos Dândis"
Em entrevista à revista Bizz em 1987, Humberto Gessinger contou como o Iron Maiden acabou aparecendo no álbum A Revolta dos Dândis. Mais do que homenagem, a referência era crítica cultural. "Pintou essa coisa de botar o Maiden acima daquelas pessoas babacas. A racionalidade desses presidentes é muito superficial. No fim são muito mais surreais que um bonequinho de banda de heavy metal", disse o vocalista.

A contracapa do disco reforça essa ideia: o mascote Eddie surge ao lado de ex-presidentes brasileiros, mas numa escala em que artistas como Roberto Carlos, Noel Rosa e Garrincha aparecem acima, como símbolos de maior valor cultural. Para Gessinger, Eddie representava mais imaginação e cultura pop do que política: "É Gabriel García Márquez, mesmo. Aquela coluna que sobe, numa ascendente, aquilo é o sonho".
Confira a entrevista completa abaixo.

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