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Sepultura: O gigante permanece se agigantando

Resenha - Quadra - Sepultura

Por Felipe Cipriani Ávila
Postado em 13 de fevereiro de 2020

"Quadra", novo e décimo quinto álbum de estúdio do SEPULTURA, representa uma porção substancial de peças em um tabuleiro. Terceiro com a atual formação, representa uma banda inquieta, insubmissa, que teima em não ficar estagnada, estacionada em uma zona de conforto que poderia trazer muitos "ouros" e facilidades a ela, mas, decerto, pouco contentamento. Evidencia um grupo que deseja sempre aperfeiçoar, renovar e ressignificar o seu som, experimentar novas sonoridades e explorar novos territórios, sem perder, no entanto, a sua essência, a sua identidade; acima de tudo, a sua VERDADE. Demonstra integridade, autonomia artística. Sim, o passado é essencial, deve, certamente, ser respeitado, revisitado, mas o presente é a chave para novas portas, a possibilidade de novos caminhos, de encontro com outros "eus", de novas ideias, de novos pensamentos.

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Lançado no dia sete de fevereiro, através da Nuclear Blast (a distribuição no Brasil e nos demais países da América Latina ficou a cargo da gravadora BMG), "Quadra" apresenta proposta conceitual, proposta esta bastante ligada, naturalmente, à própria estética encontrada na capa do disco e na arte gráfica como um todo, bem como nos videoclipes que foram disponibilizados até o momento. Os simbolismos são marcantes e efetivamente imersivos.

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Fazendo alusão à ideia central presente no conceito: pensemos em quadra como uma espécie de cenário, de espaço delimitado, algo que vai realmente além de uma quadra esportiva, embora ela, por si só, nesse sentido, seja bem simbólica e demonstrativa. Ora, todo jogo tem regras, regulamentos que devem ser rigidamente seguidos por todos os jogadores que estão na quadra, uniformizados, em suas respectivas posições, para que a partida, de fato, aconteça. Nesse ínterim, podemos afirmar que cada país é uma quadra, com as suas tradições, normas, leis, crenças e bagagens históricas. Para viver neste "mundo do cão", estando inseridos "nessa" ou "naquela" esfera social, precisamos seguir regras, respeitar espaços, diferenças étnicas, culturais, religiosas e sociais, adotar um modo mais sociável de nos portarmos para com os nossos "semelhantes", dado que o ser humano é um ser inerentemente e obrigatoriamente afeito à sociabilidade, quer aceite isso ou não.

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"Quadra" inspira-se na numerologia e traz a simbologia do número quatro, baseando-se na obra "Quadrivium" (2010), organizada por John Martineau — que aborda o que é chamado de quatro artes liberais (aritmética, geometria, música e cosmologia).

A moeda que estampa a capa de "Quadra" (elaborada por Christiano Menezes (Darkside Books)) reforça sobremaneira os conteúdos temáticos trabalhados no decorrer da audição. Não há distinção, o indivíduo, gozando ou não de recursos financeiros mais expressivos, enxerga o dinheiro como o "símbolo da sobrevivência", como, se não a razão de toda a felicidade, a "materialização real dela". Tudo é regido por ele. A mente humana é dominada por ele. O valor das pessoas é orientado, sobretudo, por ele e liga-se, evidentemente, à posição que o sujeito se encontra ou alcança no jogo, na "hierarquia da vida", o que corrobora com o cenário de que ela, a vida, é repleta de embates, embates verbais, físicos, pessoais, profissionais, tudo pensando na aproximação (ou, dependendo das circunstâncias, no repelimento), na maior intimidade que pode se criar e se estabelecer com a "entidade dinheiro", que, em teoria, traz valor aos desvalorizados, traz propósito e "papéis" à vida. Ocupa o desocupado e alimenta a cobiça e a ambição do "viciado".

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Quando entramos no terreno estritamente musical, é notável o grau de refinamento, multiplicidade, coragem e dinamismo encontrado em "Quadra"; de "cair o queixo", digno de aplausos, absolutamente. E não é preciso ser dos fãs mais fiéis e ardorosos para, de pronto, notar isso. Logo nos primeiros segundos, constata-se todo o esmero, todo o empenho impresso em cada nota, em cada arranjo, em cada detalhe, em cada letra. Embora haja uma divisão tão bem delimitada das faixas, a integralidade, assim como o foi no caso do "Machine Messiah" (2017), mostra-se a sua "melhor amiga" / "companheira", caro leitor. A despeito das suas diferenças e das suas disparidades, há uma liga verdadeiramente forte que conecta todos esses temas, englobando-os em um conjunto maior, em algo uno. Afinal de contas, ainda que com as suas dissemelhantes personalidades e características, tudo tem o DNA do aguerrido e sempre resoluto SEPULTURA!

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Se há um produtor que insiste, que instiga músicos a atingirem as melhores versões de si mesmos, a desafiarem os seus próprios limites, esse é o renomado Jens Bogren (ANGRA, KATATONIA, OPETH, ORPHANED LAND, AMON AMARTH, PARADISE LOST etc.). O sueco, que também foi responsável pela produção de "Machine Messiah", é um trabalhador incansável, perfeccionista por natureza; ele, indubitavelmente, tem a sua parcela substancial de "culpa" pelo resultado final do trabalho. Sempre apresentando ideias que engrandecem ainda mais toda a singularidade sonora do SEPULTURA, como o uso de orquestrações e corais em algumas faixas, Jens Bogren é um profissional, indiscutivelmente, diferenciado. Com uma produção de altíssimo nível, impecável, Bogren já faz parte do rol dos grandes produtores contemporâneos de Heavy Metal.

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Aqui, temos um álbum que nos oferece uma fartura, uma miscelânea de sonoridades, texturas, facetas e caminhos. Dividido em quatro partes, totalizando doze faixas, "Quadra" é daqueles discos que logo trazem um sorriso espontâneo ao rosto, tamanha a qualidade e a versatilidade apresentadas. Enquanto há passagens que nos remetem ao SEPULTURA mais antigo, mais colérico, carregado de fúria, há temas que são pura surpresa (gratíssimas surpresas, faz-se necessário salientar!), como o são, para, de antemão, já citar alguns, "Agony Of Defeat" e "Fear; Pain; Chaos; Suffering", que primam por doses cavalares de melodias, de mudanças, mesclas vocais e atmosferas díspares. Ambas são ousadas, inventivas e fascinantes, com linhas vocais surpreendentes (Derrick Green está em seu melhor momento, com desempenho excepcional, tanto nos guturais quanto nos limpos e nos graves!). O Lado A ("Isolation", "Means To An End" e "Last Time" (trata a respeito da luta pela superação de algum vício)) do play é mais tradicional, agressivo, mas não abre mão dos elementos mais contemporâneos. O Lado B ("Capital Enslavement", "Ali" (sobre o pugilista estadunidense Muhammad Ali) e "Raging Void" (pérola musical! Bebe da fonte do Mastodon)), por sua vez, se demonstra mais orientado aos ritmos percussivos, não deixando, entretanto, o peso e a gana de fora do jogo. O Lado C ("Guardians Of Earth" (com início que pode trazer à lembrança "Kaiowas", de "Chaos A.D." (1993), contém um dos solos de guitarra mais imprevisíveis e brilhantes de Andreas Kisser! Isso, em toda a sua carreira! A adição de corais torna a música ainda mais magnífica e épica!), "The Pentagram" (tal qual "Iceberg Dances", do "Machine Messiah", trabalho anterior, instrumental. Igualmente espetacular! Poderá cair nas graças dos fãs de VOIVOD, pelas suas seções instrumentais serem mais orientadas pelo direcionamento progressivo) e "Autem") destaca-se pela acentuação do uso do violão e por seções instrumentais mais longas e bem trabalhadas. Por fim, o Lado D ("Quadra" (comandada pelo violão, uma espécie de interlúdio instrumental), "Agony Of Defeat" e "Fear; Pain; Chaos; Suffering") tem como tônica o groove, com andamento mais melódico, lento, sombrio e arrastado.

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Da furiosa, potente e pujante "Isolation" (discorre acerca do sistema carcerário dos Estados Unidos, expondo uma séria crítica às condições desumanas vividas pelos prisioneiros) a "Fear; Pain; Chaos; Suffering" (atmosférica e etérea. Belíssima e expressiva participação da vocalista Emmily Barreto, do grupo potiguar FAR FROM ALASKA), predomina o bom gosto e a ausência de medo em se arriscar, em pisar em novos terrenos. Todos os músicos estão em seus melhores momentos, tocando impecavelmente. O senso de unidade está fortíssimo, requisito imprescindível para a longevidade de uma banda, e "Quadra" demonstra que eles não estão presos a fórmulas prontas.

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Propostas temáticas à parte: o resultado, portanto, não poderia ter sido diferente. O excelente "Machine Messiah" já mostrava uma banda extraordinariamente madura e motivada a desbravar novas áreas. "Quadra" faz o que parecia ser bem difícil: eleva ainda mais a qualidade, exteriorizando, com efeito, mais experimentações. Na construção de uma obra de arte, sempre há diferentes pincéis e cores a serem utilizadas, experimentadas; a combinação de algumas ou a ausência de outras possibilitam ao artista uma infinidade de nortes a serem ou não escolhidos. Tudo depende da construção mental e criativa de quem a arquiteta e a concebe, e como esta se aprimorará. "Quadra", constantemente, foge, de maneira ferrenha, do óbvio, do senso comum. À vista disso, ostenta-se como um CD multicolorido, recheado de imprevisibilidades, que, na soma da obra, forma o "casamento mais do que perfeito", agregando, e muito, ao longo catálogo desse célebre e respeitado quarteto brasileiro.

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Formação atual:

Andreas Kisser – Guitarra/Backing Vocals
Paulo Jr. – Contrabaixo
Derrick Green – Vocal
Eloy Casagrande – Bateria/Percussão

Lista de músicas de "Quadra":

01. Isolation
02. Means To An End
03. Last Time
04. Capital Enslavement
05. Ali
06. Raging Void
07. Guardians Of Earth
08. The Pentagram
09. Autem
10. Quadra
11. Agony Of Defeat
12. Fear; Pain; Chaos; Suffering (Participação de Emmily Barreto (FAR FROM ALASKA))

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Sobre Felipe Cipriani Ávila

Headbanger convicto e fanático, jornalista (graduado pela Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais - PUC Minas), colecionador compulsivo de discos, não vive, de modo algum, sem música. Procura, sempre, se aprofundar no melhor gênero de música do mundo, o Heavy Metal, assim como no Rock'n'Roll, de um modo geral, passando pelo clássico, pelo progressivo, pelo Hard setentista e oitentista, e não se esquecendo do Blues. Play It Loud!
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