Mindgames: Ótimos atores da cena prog rock da Bélgica
Resenha - Actors In a Play - Mindgames
Por Roberto Rillo Bíscaro
Postado em 17 de dezembro de 2018
Nota: 9
O Mindgames foi formado na pequenina Bélgica, e, desde 1997, vem angariando respeito na comunidade prog porque mistura elementos sinfônicos setentistas com neo prog à Clepsydra. Seu segundo álbum, Actors In a Play (2006), é um dos favoritos entre os fãs. Á época, o Mindgames era Bart Schram (vocais, violão), Rudy Vander Veken (guitarras), Tom Truyers (piano, synths, Hammond), Eric Vandormael (baixo) e Benny Petak (bateria e percussão).
Actors In a Play tem meia dúzia de faixas intensas, a maioria encorpada. Há muito Neo Prog aguado por aí, mas disso o álbum não pode ser acusado; o som é vivaz, dramático mesmo, graças à inserção dos elementos de prog sinfônico dos anos 1970.
Se você não gostar da faixa de abertura, The Benefit Of Anxiety, nem adianta seguir ouvindo. A influência genesiana ou do Marillion já é escancarada nos fortes acordes iniciais. A predominância da guitarra dá lugar a interplay entre ela e teclado e o vocal entra apenas lá pelo minuto terceiro. A voz de Schram não estranhará fãs do Rush, mas quem não curte tons mais agudos pode levar um tempinho para se ajustar. Não é Jon Anderson, mas também não é voz fortona, lembra um pouco a do vocalista do holandês Sillouette. Mas, cumpre a missão, é dramática e canta em inglês com sotaque (em mais de um sentido) britânico. Seus nove minutos atendem as exigências de prog melódico, com mudanças de andamento e viagens de guitarra e teclado.
Dramatis Persona começa em clima de music hall britânico, com historieta de personagem excêntrica e no meio tem até madrigal flauteado. Quer mais Genesis do que isso? Sorte que a maior parte dos dez minutos não fica no tal music hall metido a cômico: também é corredeira de teclado/guitarra.
Os densos 16 minutos de The Statue começam com órgão eclesiástico, Barroco total. Segue orgia guitarreia plangente e teclados corrediços, que bem poderiam estar em A Trick Of The Tail, talvez em Dance On a Vulcano. Baixistas deveriam ouvir esse álbum para conferir o exímio trabalho de Erik Vandormael, que brilha também em outras faixas, inclusive até em interplay com teclado, como na igualmente genesiana e ótima Royalty In Jeopardy, sobre um rei que perdeu a importância.
O clima pastoral de violão de Sagitarius – faixa mais curta, com "apenas" quase sete minutos – soa meio como filler, quando contrastada com a primeira parte do álbum. Both Sides Of The Show, canção de encerramento, é irregular. Há momentos meio folk à Jethro Tull, mas daí escorrega para o defeito de muito do Neo Prog: soam como momentos meio aguados da banda de Ian Anderson. Mas, nas partes – a maioria – em que é boa, Both...é muito boa.
Esses momentos menos densos, todavia, se tomados no todo, acabam representando uma espécie de repouso para o deslizar prog que é a maioria do álbum.
Tracklist:
1. The Benefit Of Anxiety (09:03)
2. Dramatis Persona (10:05)
3. The Statue (16:29)
4. Sagittarius (06:47)
5. Royalty In Jeopardy (11:53)
6. Both Sides Of The Show (12:35)
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