Com "March Of The Unheard", The Halo Effect se supera e passa no temido teste do segundo disco
Resenha - March Of The Unheard - Halo Effect
Por Mário Pescada
Postado em 03 de junho de 2025
Nota: 7
O segundo disco costuma ser um divisor de águas para muitas bandas: umas naufragam ali mesmo, chegando até mesmo a encerrar sua carreira, outras seguem adiante. No caso do The Halo Effect, depois de uma estreia morna em 2022 com "Days Of The Lost", o grupo conseguiu causar uma impressão melhor sobre os fãs de melodic death metal com "March Of The Unheard" (2025).


Curioso como que a cidade natal do grupo, Gotemburgo, acabou se tornando referência quando falamos especificamente de um estilo musical. Quem é o rei local do death metal melódico eu não sei, mas que a briga em Gotemburgo está ficando cada vez mais acirrada, está - bom para os fãs do estilo.
As comparações com os conterrâneos do In Flames e Dark Tranquility, origens do The Halo Effect, afinal, o grupo tem ex-cinco In Flames na formação e Mikael Stanne fazendo os vocais também no Dark Tranquility, são inevitáveis. Não vou entrar no mérito de qual banda é a melhor, onde Stanne canta mais e afins. Essa é uma questão pessoal onde preferências por esse ou aquele grupo quase sempre acabam tomando um tom passional e terminam passando por cima de boas obras.

"March Of The Unheard" (2025) é um disco que mesmo sem ousar, consegue agradar (ou justamente acabou agradando por não ousar). As músicas não trazem muitas variações entre si, e sinceramente, tudo bem, pois o grupo sabe fazer o feijão com arroz bem-feito. Contando com bons e experientes músicos com passagens por diversas bandas, os pontos altos, musicalmente falando, estão nos vocais de Stanne, incluindo algumas passagens com vocais limpos e na dupla Engelin/Strömblad que fazem suas guitarras "conversarem" no melhor estilo Iron Maiden da coisa.
Todas as faixas são bem construídas, apesar de repetirem a mesma estrutura, mas sem tornar o disco repetitivo. Acredito que foi daí, para tornar o disco mais diversos, que tenha surgido a ideia de colocar as duas faixas instrumentais, com convidados e instrumentos acústicos, mas achei "Coda" meio perdida como última faixa, talvez devesse abrir o disco ou mesmo nem estar nele.

O grupo preferiu também não se arriscar na produção e arte. Assim como em "Days Of The Lost" (2022), Oscar Nilsson é quem assina a produção e o ilustrado Adrian Baxter, a capa e arte. Adrian, que vem fazendo as capas também dos singles do grupo, ilustra o encarte com sua arte que mistura simetria com caveiras, criando imagens misteriosas que remetem a rituais e afins.
Quem acompanha o grupo mais de perto vai perceber que "Detonate", "Cruel Perception" e "March Of The Unheard" já haviam sido lançadas como singles em 2024, provavelmente uma forma de ir sondando a receptividade do público com o novo trabalho. Falando em faixas, destaques para "Detonate" com suas guitarras dobradas; "Our Channel To The Darkness", que tem partes bem rápidas para quem acha o grupo melódicos demais; "What We Become", uma bonita música, mix muito bom de peso e melodia; a faixa-título "March Of The Unheard"; "Forever Astray" com vocais limpos no refrão; "The Burning Point", minha favorita, um trabalho matador das guitarras e a bonus track "The Defiant One", mais voltada para o peso.

A cada disco lançado, as cobranças sobre o The Halo Effect irão naturalmente aumentar. Além das comparações com outras bandas do estilo, haverá também comparações entre suas próprias obras. Caberá ao grupo provar que é mais do que um projeto de amigos e que veio para ser uma referência do death metal melódico além dos limites de Gotemburgo.
Lançado no Brasil pela parceria Shinigami Records com a Nuclear Blast, "March Of The Unheard" (2025) tem quase uma hora de duração graças as três faixas bonus exclusivas da versão física.

Formação:
Niclas Engelin: guitarra
Jesper Strömblad: guitarra
Mikael Stanne: vocais
Peter Iwers: baixo
Daniel Svensson: bateria
Erika Almström: violino (convidada)
Johannes Bergion: violoncelo (convidado)
Julia Norman: vocais (convidada)
Göta Lejon Marching Band: banda marcial (convidada)
Örjan Örnkloo: sintetizadores e efeitos (convidado)
Faixas:
01 Conspire To Deceive
02 Detonate
03 Our Channel To The Darkness
04 Cruel Perception
05 What We Become
06 This Curse Of Silence (instrumental)
07 March Of The Unheard
08 Forever Astray
09 Between Directions
10 A Death That Becomes Us
11 The Burning Point
12 Coda (instrumental)
13 Path Of Fierce Resistance (bonus track)
14 The Defiant One (bonus track)
15 Become Surrender (bonus track)

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