"The World Needs a Hero", a volta às origens que não salvou o Megadeth
Resenha - The World Needs a Hero - Megadeth
Por Mateus Ribeiro
Postado em 21 de maio de 2025
O Megadeth é um dos nomes mais emblemáticos e influentes do thrash metal — status conquistado, em grande parte, pelos álbuns lançados entre 1985 e 1994. Entre essas obras, duas se destacam: "Peace Sells… But Who's Buying?" (1986) e "Rust in Peace" (1990), considerados clássicos do gênero.
Com o quinto álbum, o excelente "Countdown to Extinction" (1992), a banda liderada por Dave Mustaine deixou de lado a velocidade insana dos primeiros trabalhos e passou a investir em uma sonoridade mais cadenciada e acessível. A aposta deu certo, como mostram os discos seguintes: "Youthanasia" (1994) e "Cryptic Writings" (1997).

Essa guinada sonora atingiu o ápice — ou talvez o limite — em agosto de 1999, com o lançamento de "Risk". Descaradamente comercial, o oitavo álbum trouxe faixas bem distantes do thrash metal oitentista, como "Crush 'Em", "Insomnia", "Ecstasy" e "I'll Be There". O resultado? Choveram críticas.
Restava a Mustaine juntar os cacos e tentar recolocar o Megadeth no topo. Para isso, ele recrutou o guitarrista Al Pitrelli — que assumiu a ingrata missão de substituir Marty Friedman — e iniciou a criação do sucessor de "Risk": "The World Needs a Hero".


Lançado em 15 de maio de 2001, "The World Needs a Hero" é, sem dúvida, mais pesado e menos comercial que seu antecessor. Na época, Mustaine comentou o direcionamento do disco em comunicado oficial divulgado pela Billboard:
"Esse disco foi escrito apesar de todas as pessoas que tentaram nos transformar em uma máquina de pop alternativo. Basicamente, ninguém era bem-vindo no estúdio, e, se alguém conseguia entrar, tentávamos não deixá-lo nos influenciar."
Apesar dos riffs pesados e batidas rápidas, "The World Needs a Hero" soa mais próximo da fase "palatável" do Megadeth do que de seu período mais agressivo. Ainda assim, falta o brilho presente nos álbuns lançados de 1992 até 1997.

Isso não quer dizer que o álbum não tenha seus méritos. "Disconnect", com sua melodia marcante; "1000 Times Goodbye"; "Promises" — uma balada cafona, porém bonita — e as intensas "Dread and the Fugitive Mind" e "Return to Hangar" garantem bons momentos. "Recipe for Hate… Warhorse" e "Losing My Senses" também merecem atenção. Agora, se puder, corra de "Moto Psycho" e de "When" — esta última, praticamente uma cópia de "Am I Evil?", do Diamond Head.
No fim das contas, "The World Needs a Hero" está longe de ser uma tragédia completa. Mas o álbum dividiu opiniões não foi um sucesso de vendas, o que frustrou Mustaine. À Classic Rock, o frontman revelou que o desempenho comercial abaixo do esperado o levou a tomar uma decisão drástica:
"Eu disse aos caras que precisávamos voltar a fazer discos de heavy metal, e foi provavelmente por isso que o Marty saiu. Eu disse que, se ‘The World Needs a Hero’ não vendesse mais que ‘Risk’, eu sairia. O álbum não vendeu, e eu apenas sentei e assisti tudo desmoronar."

Pois bem, onze meses após o lançamento de "The World Needs a Hero", Dave Mustaine encerrou as atividades do grupo. Mas isso é assunto para outra matéria. Agora, é hora de curtir um som. Aperte o play e confira a volta às origens que não salvou o Megadeth.

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