Por que Frank Zappa detestava o Led Zeppelin e adorava o AC/DC
Por Bruce William
Postado em 14 de junho de 2025
Frank Zappa não tinha papas na língua quando o assunto era detonar colegas do rock. Para ele, o Led Zeppelin simbolizava tudo que o rock deveria evitar: a pompa exagerada, a imagem de "deuses dourados" e uma seriedade que beirava o ridículo. Durante os anos 70, ele tirou sarro de Plant e companhia mais de uma vez, deixando claro que não suportava a falta de ironia dos britânicos.
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Essa implicância ganhou uma forma inusitada na década de 80, quando Zappa resolveu incluir "Stairway to Heaven" em seus shows. O guitarrista Mike Keneally contou que o próprio Zappa nunca tinha escutado a música toda. Quando ouviu, fez pouco caso do solo de guitarra e decidiu apresentar a canção a seu modo: virou um reggae debochado, cheio de trocadilhos e poses caricatas.
Na prática, era um ataque frontal ao que ele mais desprezava no rock de arena: a veneração cega a riffs "grandiosos" e letras místicas. Transformar "Stairway to Heaven" em piada foi a forma que Zappa encontrou de lembrar ao público que, para ele, o rock devia saber rir de si mesmo, algo que ele jurava jamais ter visto o Led Zeppelin fazer.

Curiosamente, o mesmo Zappa que desdenhava da pompa do Zeppelin era um grande entusiasta do AC/DC. Quem revelou isso foi Dweezil Zappa, filho do músico, em entrevista para a Classic Rock. Segundo ele, Frank ficou tão impressionado com a energia dos irmãos Young que tentou assinar contrato com a banda durante uma visita à Austrália nos anos 70.
O plano não deu certo: o AC/DC acabou fechando com a Atlantic Records, mas Zappa nunca escondeu a admiração. Para ele, o AC/DC era tudo que uma boa banda de rock precisava ser: fiel ao rhythm & blues, direto ao ponto e lotado de atitude. Não havia pose de semideus nem filosofia mística, só riffs pesados, pegada crua e diversão garantida.

O próprio Dweezil contou que, na juventude, ouviu de seu pai elogios ao jeito "consistente" do AC/DC. Mesmo repetindo a fórmula disco após disco, a banda mantinha o que Frank mais valorizava: uma base sólida no blues, eletrificado ao máximo, mas sem perder a essência.
No fim das contas, o contraste fala por si. Enquanto Zappa via o Led Zeppelin como um exagero pomposo que precisava ser satirizado, via no AC/DC a honestidade do rock’n’roll que não se leva a sério, mas se entrega de corpo e alma. Uma diferença que, para ele, era mais do que suficiente para amar uns e debochar de outros.

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