Megadeth: Dystopia está entre melhores álbuns lançados este ano
Resenha - Dystopia - Megadeth
Por Daniel Junior
Postado em 07 de março de 2016
Nota: 9 ![]()
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Se a gente falar de metal e não incluir o nome do Megadeth entre os grandes de todos os tempos, certamente estamos ignorando a banda de um grande compositor, guitarrista e uma das figuras mais emblemáticas do rock. Passados 30 anos da estreia discográfica da banda americana, seria mais do que natural, que uma vez conquistada uma legião de fãs ao redor do mundo, o Megadeth, através do seu líder Dave Mustaine, tirasse o pé do acelerador e resolvesse lançar discos para cumprir contrato, faturando em cima das turnês mundiais e vez por outra se envolvendo em uma polêmica para não deixar de aparecer na mídia. Afinal este é o triunvirato assumido por muita banda que desistiu de dizer alguma coisa aos seus fãs ou mesmo conquistar novos.
"Dystopia" certamente está entre os melhores álbuns lançados este ano, a despeito dos atrativos não-musicais que o álbum traz. É a estreia bem sucedida do músico brasileiro Kiko Loureiro, que juntamente com o baterista Chris Adler, formam o novo gig da banda, que traz o co-fundador Dave Ellefson completando a atual formação.
Com ótimas melodias, "Dystopia" tem o frescor dos últimos discos da banda. Com ótima produção e um som que conquista na primeira audição, o novo álbum dedura de cara o bom trabalho de Kiko e seu "patrão". Trazendo a voz característica de Mustaine, quase vomitando todos os versos, como acontece em "Fatal Illusion", com aquele riff veloz old school, se importando em emoldurar o discurso voraz, sem se esquecer de fazer da música um ótimo cartão de visitas para frases como: "Trying to break the mold,Of a broken family,Fight against your failure/And living on his knees/Guilty of a crime of non-conformity/A hanging judge and jury/Handed down the penalty".
O trabalho de Chris Adler ficou entre razoável e bom, fazendo o dever de casa com eficiência. O músico, que também integra a banda Lamb of God, deve ter seguido apenas as ordens do chefe, nada que comprometesse seu trabalho. Há excelentes momentos durante o álbum, seu talento deve ficar mais evidente ao vivo, uma vez que o Megadeth já começou a excursionar com o disco novo.
Total destaque para estreia do guitarrista brasileiro. Certamente um dos músicos mais talentosos e competentes do mundo quando o assunto são as seis cordas. Com trabalhos que vão além da sua participação no Angra, Kiko hoje integra e rejuvenesce o som de uma banda que saiu do "mimimi" com o Metallica (tava mais do que na hora), para presentear a todos nós com discos excelentes, ignorando seu tempo de história e mostrando que eles ainda tem muita lenha para queimar.
A faixa de abertura, "The Threat Is Real", já é uma porrada; um cartão de visitas de Loureiro dizendo ao mundo que pode figurar entre os melhores que já integraram à banda californiana. Mustaine absolutamente raivoso. A música que dá título ao disco, "Dystopia", tem uma introdução que não lembram canções do Megadeth. Diga-se de passagem, a banda já havia experimentado outros modelos estéticos musicais no disco "Super Collider" (2013), álbum com melodias mais acessíveis ao modelo "megadeth de fazer música". A própria faixa-título do álbum é uma ótima canção, com um clipe bem legal mostrando Mustaine como um pai conservador e careta. Não fosse a voz indefectível de Dave Mustaine, a faixa passaria por qualquer outra banda, menos Megadeth: refrão chiclete e melodia acessível, por assim dizer. Em "Dystopia", só a introdução "engana". Belíssima canção do início ao fim.
Com um riff de baixo, gordo e lindão, "The Fatal Illusion" (faixa comentada no texto), tem até aquele encadeamento harmônico, que uma mudança de campo harmônico, faz toda a diferença. Aqui Chris Adler usa e abusa do pedal e confere peso à canção, que já está com uma tonelada, uma das melhores músicas do álbum. "Death From Within" mantem a pegada do álbum, mas é a introdução de violão de "Bullet To The Brain" que chama a atenção para dar lugar a outro riff lindo, emoldurado por uma guitarra aguda, lembrando harmônicos; são apenas escolhas para deixar mais bonita a faixa. Temos um solo que serve de ponte para um outro momento da canção, um dueto veloz e bonito, daquele jeito que a banda sabe fazer. "Bullet To The Brain" é uma overdose de bom gosto para quem sabe que canções como esta não se encontram em qualquer banda. Repetindo: o grupo está aliando ótimas melodias com peso, provando que é possível fazer discos "assobiáveis" com ótimos arranjos de uma banda de metal.
"Post American World" mantem a porrada no alto do acelerômetro. Solos muito bons. Os caras resolveram abusar da capacidade de se utilizarem de ótimos riffs para construção da canção. Nada está gratuito. Ótima faixa. Em "Poisonous Shadows", mais uma faixa de ótima introdução, até temos uma inclusão de strings (cordas emuladas no teclado) e um lindo apanhado de notas que precedem versos como "There is no sunshine, just endless nights.
Nobody’s there, nobody cares when you cry", pessimista confissão de uma canção muito forte, como quase todas do álbum, terminando com uma bela inserção de piano, emprestando um ar erudito à canção.
Em "Conquer or Die" um violão quase flamenco enobrece a introdução de uma canção que lembra as palhetadas em pizzicato de "The Killing Road", uma das belíssimas faixas de "Youthanasia" (1994). Uma pena que seja apenas instrumental. Merecia mais uma letra do bom compositor. Felizmente não dá tempo de lamentar porque em seguida "Lying State" chega quebrando tudo. Pensa que acabou? "The Emperor" tem um riff que lembram algumas bandas de hardcore (como Bad Religion e Biohazard) americano e isso não pode soar como ofensa. Quando a música é boa, porque se importar com o rótulo? Um ótimo solo com Kiko não apenas veloz: demonstração de técnica associada a uma ótima escolha de timbres.
Fechando o álbum "Foreign Policy", velocíssima e cheia de rancor: "Eliminate the incompetents!Differences don’t exist in harmony! Survival is superiority. We don’t need no hands across the sea!", embora conservando o peso do álbum, para mim é a faixa mais "fraca" fechando o grande disco lançado pela banda este ano.
Sabe quando não há motivos para ter medo? Mergulhe fundo em "Dystopia" e descubra (ou certifique-se) de que eles ainda podem dizer muito para várias gerações como um dia disseram pra gente.
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