Kiss: Com "Monster" banda mostra que ainda é relevante
Resenha - Monster - Kiss
Por Ricardo Seelig
Fonte: Collectors Room
Postado em 04 de outubro de 2012
Nota: 8 ![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
![]()
"Monster", vigésimo disco da longa carreira do Kiss, é um álbum surpreendente. Surpreendente porque não traz nada que remeta aos trabalhos recentes do quarteto liderado por Gene Simmons e Paul Stanley. Não há uma produção grandiosa e canções feitas descaradamente sob medida para virarem singles, e nem mesmo o hard festivo executado pelo grupo durante a década de 1980. A história aqui é outra. Em "Monster" o Kiss embarcou em uma máquina do tempo e fez uma viagem de volta aos anos 1970 - sem escalas, diga-se de passagem. O resultado dessa jornada é um belo álbum de hard rock puro e sem frescuras, como há um bom tempo a banda não gravava e como há tempos os fãs esperavam ouvir.
Produzido por Paul Stanley e Greg Collins, que já havia trabalhado com o grupo no disco anterior, "Sonic Boom" (2009), "Monster" surpreende pela agressividade e pela crueza do som. Gene Simmons declarou que o álbum seria uma mistura entre "Destroyer" (1976), "Revenge" (1992) e "Sonic Boom". Sinceramente, não consigo perceber elementos dos trabalhos da década de 1990 e 2000 aqui. Já em relação a "Destroyer", o buraco é mais embaixo.
Gravado com equipamento totalmente analógico, "Monster" transparece uma autenticidade e uma diversão que contagiam o ouvinte. É um disco de rock básico com tudo que se tem direito, e nada além disso. E é justamente por ser assim que é tão legal. Com canções baseadas em riffs, refrões ganchudos e energia de sobra, "Monster" mostra um Kiss renovado e com o tanque cheio de um combustível de alta octanagem.
Um dos responsáveis por esse entusiasmo e dinamismo é o guitarrista Tommy Thayer. O músico por trás do papel que um dia já foi de Ace Frehley brilha em todo o disco, principalmente nos solos - ouça "Wall of Sound" e "The Devil is Me" e comprove. O outro é Paul Stanley. Além da produção, Stanley coloca-se levemente à frente de Gene Simmons em todo o álbum, ditando as regras e assumindo o controle. Das doze faixas, Paul canta cinco, Gene quatro, Tommy uma ("Outta This World"), Eric Singer outra ("All for the Love of Rock & Roll") e os dois integrantes originais dividem o vocal em "Take Me Down Below".
Antes da gravação e durante o processo de composição, Stanley declarou que em "Monster" a banda teria mais liberdade artística. Isso, ainda que perceptível, é um tanto estranho para uma banda do tamanho e com o status do Kiss. Afinal, se eles não possuem liberdade artística, quem possuirá? Nas entrelinhas, porém, a leitura é outra. O sucesso de "Sonic Boom", que já apresentava um som mais simples e uma produção menos grandiosa que a habitual, fez Gene perceber que o caminho proposto por Stanley estava correto. Essa "liberdade artística" citada por Paul pode ser interpretada como uma cobrança menor de Gene por resultados, deixando Stanley trabalhar na boa. E como toda pessoa mais entendida na história do Kiss sabe, o direcionamento artístico da banda sempre veio, em grande parte, da visão de Paul, enquanto Gene fazia o seu papel com maestria na outra ponta, construindo uma das marcas mais conhecidas do rock e erguendo um dos maiores impérios da indústria musical.
"Monster" é bastante homogêneo e nivelado por cima, mas algumas canções se destacam um pouco mais do que as outras. É o caso de "Hell or Hallelujah", "Wall of Sound", "Back to the Stone Age", "Shout Mercy" e "Last Chance". Merece menção também a incrível semelhança entre "Long Way Down" e a clássica "Shapes of Things" na versão gravada pelo Jeff Beck Group em seu álbum de estreia, "Truth" (1968). Se é uma homenagem ou uma inspiração, não se sabe, mas o resultado ficou legal.
Concluindo, o Kiss mostra em "Monster" que ainda é relevante. Polindo os excessos e focando em uma sonoridade mais crua e direta, o quarteto mascarado gravou um disco bastante agradável e que cairá no gosto não apenas dos fãs. Como diriam os Stones: it’s only rock and roll, but I like it!
Faixas:
Hell or Hallelujah
Wall of Sound
Freak
Back to the Stone Age
Shout Mercy
Long Way Down
Eat Your Heart Out
The Devil is Me
Outta This World
All for the Love of Rock & Roll
Take Me Down Below
Last Chance
Outras resenhas de Monster - Kiss
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



O fenômeno do rock nacional dos anos 1970 que cometeu erros nos anos 1980
A música que surgiu da frustração e se tornou um dos maiores clássicos do power metal
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
A canção emocionante do Alice in Chains que Jerry Cantrell ainda tem dificuldade de ouvir
9 bandas de rock e heavy metal que tiraram suas músicas do Spotify em 2025
A lenda do rock nacional que não gosta de Iron Maiden; "fazem música para criança!"
Nick Cave descreve show do Radiohead como uma "atividade espiritual"
Adrian Smith fala sobre teste que fez para entrar no Def Leppard
A canção que Sandy & Junior recusaram e acabou virando hino do rock nacional nos anos 2000
A dificuldade de Canisso no estúdio que acabou virando música dos Raimundos
A banda fenômeno do rock americano que fez história e depois todos passaram a se odiar
Os cinco maiores bateristas de todos os tempos, segundo Brian May do Queen
David Ellefson explica porque perdeu o interesse em Kiss e AC/DC; "Foda-se, estou fora"
A cantora que fez Jimmy Page e Robert Plant falarem a mesma língua
Os 15 melhores álbuns de metal de 2025 segundo a Rolling Stone
Kirk Hammett admite que não aguenta mais tocar o solo de "Master of Puppets"
Empresário explica como decisão errada do Barão Vermelho prejudicou imagem da banda
A canção do Pearl Jam que fala sobre a fragilidade da vida e foi inspirada em Pink Floyd
Kiss: "Monster" é o melhor disco da banda em 21 anos
Gene Simmons diz que Kiss não teria existido sem Ace Frehley e Peter Criss
Gene Simmons relembra velório de Ace Frehley e diz que não conseguiu encarar o caixão
15 rockstars que são judeus e você talvez não sabia, segundo a Loudwire
Esposa de Gene Simmons mostra "suspeito" levando presentes de Natal na porta de casa
Bruce Kulick não ficou magoado por não ser chamado de volta pelo Kiss
5 rockstars dos anos 70 que nunca beberam nem usaram drogas, segundo a Loudwire
Kiss decidirá sobre músicas novas "em um ou dois anos", diz Tommy Thayer
Dee Snider defende o Kiss por ter aceitado homenagem de Donald Trump



