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Rush: Ainda o mesmo de sempre, mas não com tanta força

Resenha - Clockwork Angels - Rush

Por Breno Rubim
Postado em 20 de junho de 2012

Passados cinco anos desde o lançamento de "Snakes And Arrows", a espera por um novo álbum do trio canadense estava deixando os fãs malucos. E eis que agora somos presenteados com "Clockwork Angels", álbum que, apesar de superar seus predecessores, ainda não satisfaz integralmente as expectativas dos órfãos dos tempos áureos.

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Como fã inveterado da banda, coloquei o álbum no play com grandes espectativas. Tinha esperanças do novo trabalho soar melhor que o "Snakes And Arrows", álbum que, na minha opinião, pecou pelo uso excessivo de cordas acústicas (algo que até mesmo Alex Lifeson reconheceu), uso excessivo de mais de uma camada vocal (o que em minha opinião enfraqueceu o vocal de Geddy Lee) e falta de peso e velocidade em várias das composições.

Desde já, algumas de minhas expectativas foram satisfeitas. Por outro lado, algumas frustrações permanecem. Vamos primeiro falar dos prós, e depois dos contras.

Prós: o álbum é mais enxuto do que os predecessores "Vapor Trails" e "Snakes And Arrows", no sentido de que os vocais estão mais limpos, sem muitas camadas (normalmente em uma camada só), o que sem dúvida torna mais marcante o vocal de Geddy Lee, como sempre foi até os anos 90; e o instrumental mais coeso, com bastante ênfase à guitarra de Alex Lifeson, recheada de riffs interessantes (como em "The Anarchist" e "Carnies"). Por sinal, algumas músicas mais "pesadas" através desses riffs me lembraram os álbuns "Counterparts" (1993) e "Test For Echo" (1996). Por ser fanático pelo "Counterparts", isso certamente me deixou satisfeito.

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Enumeremos, agora, os pontos que considerei negativos: a banda continua sem aquela ousadia que marcava sempre seus álbuns até o "Counterparts". Apesar de observarmos mais peso, as canções continuam não tendo tanto poder e velocidade quanto as de um "Power Windows", um "Presto" ou um "Counterparts". A primeira faixa desse novo disco, "Caravan", embora interesante e com um instrumental complexo, não empolga tanto quanto "The Big Money" ou "Animate", por exemplo. E em se tratando de uma banda de hard rock, abrir um álbum com uma música veloz e intensa é essencial.

Outro ponto negativo do álbum: Neil Peart. Pra quem era acostumado a fazer viradas sensacionais e fazer o ouvinte sentir seu virtuosismo em todos os momentos, neste álbum o baterista se encontra extremamente apagado. Se limita a acompanhar as passagens, sem se expor muito, salvo raros momentos de mostra de habilidades. Não me entendam mal: as habilidades estão sempre lá, a cada batida. Mas não se fizeram tão audíveis quanto sempre foram outrora.

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Em suma, trata-se de um álbum que procura continuar com a proposta do Rush de se modernizar (algo que eles vêm tentando fazer desde seu retorno no início dos anos 2000). Porém, infelizmente, essa modernização tem dsido implementada a um alto preço: o quase total abandono de suas raízes progressivas. O que se escuta hoje, do trio, é um som bem direto, distante daquelas canções longas, com passagens instrumentais truncadas e virtuosismo constante. Isso, a meu ver, torna a música atual da banda mais pobre do que antes, não muito distante do que outras bandas de hard rock fazem hoje.

O caro leitor poderia dizer: "mas nos anos 80 e 90 eles não fizeram nada de progressivo!" Concordo em parte. Nos anos 80 e 90 não houve nenhuma canção com mais de 8 minutos, com grandes passagens instrumentais. Mas a "progressividade" sempre esteve presente em outros elementos: a complexidade instrumental, as quebras de tempo, os andamentos incomuns... Hoje, nem isso a banda faz de forma preponderante. Aqui e acolá se vêem passagens complexas (como na parte do meio de "Caravan"), mas muito pouco ante toda aquela riqueza musical que eles sempre tiveram.

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Não sou de modo algum contra a proposta de "modernização hard rock" da banda. Toda banda precisa se modernizar para atingir novos públicos, adequar seu trabalho aos novos tempos e satisfazer seus próprios membros. Porém, por que não balancear canções diretas com outras complexas (progressivas)? Bandas como o Dream Theater, por exemplo, sempre fizeram isso, e muito bem.

Por tudo o que foi dito (e sei que choverão comentários detonando o que eu escrevo aqui), digo apenas que sou um fã incondicional da banda. Continuarei sendo fã, independentemente do que eles lançarem (afinal, eles já possuem um crédito pra toda a vida em minha preferência). Porém, ao contrário de muitas pessoas que elogiam o novo álbum movidas pela empolgação inicial, eu prefiro dizer para mim mesmo: "Rush é foda, o novo cd é muito bom, mas calma, ainda há muitas coisas pra melhorar", e ter um maior senso crítico, apontando os pontos bons e os ruins.

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Em minha humilde opinião, o último álbum espetacular do trio foi o "Counterparts" (1993): ali tivemos um hard rock cru, pesado, coeso e empolgante. "Clockwork Angels" goza de alguns desses atributos em determinados momentos, mas, infelizmente, não possui aquela mesma fibra. Falta mais poder. Falta aquela complexidade que sempre foi tão típica do Rush.

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