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Slippery: Seguindo o caminho já trilhado de forma diferente

Resenha - First Blow - Slippery

Por Luiz Carlos Barata Cichetto
Postado em 05 de maio de 2012

Nota: 8 starstarstarstarstarstarstarstar

Que ninguém espere algo diferente, inusitado e com a pretensão de recriar o Rock no primeiro CD da banda de Campinas Slipppery. Assumidamente, a proposta a banda é de apenas divertir-se e fazer o ouvinte se divertir com melodias simples que recriam a sonoridade clássica que marcou os anos 80, o Hard/Heavy Rock, com aqueles coros melosos, riffs simples e uma bateria marcando sem grandes pretensões acrobáticas.

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Em meu modo de enxergar, o que melhor retrata essa sonoridade oitentista, tida por muitos como a "Era do Ouro" no Rock e por outros como o principio do fim, é justamente a produção esmerada às quais as bandas passaram a ter. E embora cheire um tanto pasteurizadas, invariavelmente as produções do período tem caprichadas produções. Acredito que isso seja fruto de uma maturidade tanto de músicos quanto de técnicos e produtores, que depois de ralar com a falta de aparato técnico, passaram a ter acesso a uma tecnologia que lhes proporcionou um grau de profissionalismo muito maior que as produções "toscas" das décadas anteriores. Era a decada da acomodação e o Rock chegou a um ponto de fusão... Não tinha o que ser criado, pois todas as misturas e até mesmo as purezas já tinham sido tentadas e o caminho então foi o de retraçar as linhas que tinham sido traçadas anteriormente, polindo-as quando necessário.

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E é dentro desse espírito e cumprindo o que promete, que a Slippery desfila canções simples, com sonoridade simples. Mas simples nunca foi sinônimo de ruim, e o trabalho está longe de ser ruim. É simples porque é bom e é bom porque é simples... E a simplicidade é um caminho que muitos artistas procuram, e é um caminho tão importante quanto qualquer outro. Aliás, ouso falar que, em uma sociedade tão complicada, tão cheia de tecnologia gelada e pessoas idem, a simplicidade chega a ser revolucionária. E seria assim que eu definiria "First Blow": simplicidade revolucionária. O maior exemplo disso é a faixa "Out Of The Light", que a mim lembrou muito Rainbow em sua fase final, e que reúne todos os elementos para criar uma música de extremo bom gosto, sem ser chata ou cansativa. Para mim, essa música é o destaque do CD.

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Explicitamente e assumidamente calcado em bandas que fizeram escola, como Def Leppard, Mötley Crüe, Bon Jovi e outras, a Slippery desfila em 10 faixas de extrema competência técnica, com músicos tocando um Rock básico dotado de solos curtos e tecnicamente ótimos, enfilerando todos os clichês do gênero, sem no entanto parecer uma cópía de alguma das bandas citadas. Em termos de letras, segundo a própria banda, eles fogem dos temas mais batidos do Rock como noitadas, mulheres, bebedeiras e encrencas com a polícia, procurando colocar "mensagens positivas, histórias de amor e algumas que retratam o próprio universo da banda."

Follow Your Dreams, Slippery, Two Young Hearts, No Time To Sorrow, Another Chance, Run For Reaction, The First Blow, Sons Of Freedom (Wild At Heart), Out Of The Light, What I Need, são as faixas desse trabalho de estréia da banda campineira, sendo que algumas delas já estavam presentes no EP Follow Your Dreams lançado em 2007, e reunia cinco faixas, tendo sido elogiado pela imprensa especializada, tanto do Brasil como na Europa e Japão. Aliás, essa é uma marca forte das bandas brasileiras que tocam Metal ou Hard Rock em inglês: são sempre muito recebidas na Europa e Japão.

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Enfim, First Blow da banda Slippery é um CD que merece ser colocado na estante e tocado sempre que se procurar por algo moderno mas com sonoridade oitentista. Muito bem cuidado e pensado nos menores detalhes para soar como uma banda dessa época, como arte da capa mostrando a bunda de uma metaleira com apetrechos típicos e segurando uma dinamite, imagem típica de lançamento de bandas como Scorpions e as citadas. Pode ser simples e sem pretensão, mas é um trabalho de grande apuro técnico, feito por músicos de grande profissionalismo e técnicos idem.

O destaque final para além dos músicos que compõem o "line up" original,é a participação dos tecladistas Leandro Cipola e do grande musico e poeta Marcelo Diniz. A produção competentíssima de Atila Ardanuy, conhecido pelos seus trabalhos com o Dr. Sin e Anjos da Noite, que segundo a própria banda foi um responsável por criar o clima necessário à sonoridade buscada por eles. A faixa bonus de First Blow, é um cover para "Night Of The Demon", homenagem a uma das maiores representantes do Metal oitentista, a banda britânica Demon.

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E finalmente, concordo plenamente com o texto do release da Slippery que afirma que "Muitas bandas contemporâneas tem pecado pela falta de espontaneidade ou pelo pragmatismo das regras que foram criadas para um estilo musical cujo único objetivo sempre foi o de não seguir regras." Exato e preciso, pois o Rock'n'Roll na sua origem tinha por regra não seguir regras. E mesmo que sigamos um caminho que já foi trilhado, podemos fazê-lo de forma diferente daqueles que antes o percorreram. E é esse a meu ver a maior qualidade de "First Blow".

Faixas:
1-Follow Your Dreams
2- Slippery
3- Two Young Hearts
4- No Time To Sorrow
5- Another Chance
6- Run For Reaction
7- The First Blow
8- Sons Of Freedom (Wild At Heart)
9- Out Of The Light
10- What I Need
11- Night Of The Demon (Bonus Track)

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Músicos:
Fabiano Drudi (Vocal)
Dragão (Guitarra)
Kiko Shred (Guitarra)
Érico Moraes (Baixo)
Rod Rodriguez (Bateria)

Discografia:
Follow Your Dreams EP (2007)
First Blow (2012)

Internet:
http://www.slippery.com.br

Contato:
[email protected]

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Sobre Luiz Carlos Barata Cichetto

Sou Barata, nascido Luiz Carlos, no dia do Anti-Natal, do ano da Graça do nascimento de Madonna, Michael Jackson, Bruce Dickinson, Cazuza e Tim Burton. Sou poeta, escritor, produtor e apresentador de Webradio, produtor de eventos e procuro pagar as contas trabalhando com criação de sites. Crescí escutando Beatles, Black Sabbath, Pink Floyd e Led Zeppelin. Participei da geração mimeógrafo nos anos 1970, mas quando chegaram os filhos, deixei de ser poeta e fui tentar ser homem, o que no entender de Bukowiski é bem mais difícil. Escrevo poemas desde que comecei a criar pêlos.... nas mãos. Trabalhei como office-boy, bancário, projetista de brinquedos e analista de qualidade. No final do século XX, acordei certo dia de sonhos intranquilos e, transformado em um ser kafkiano, criei um projeto cultural na Internet nos moldes dos antigos panfletos mimeográficos. Mesmo antes de meu processo de metamorfose, nunca deixei de cometer poemas, contos e crônicas. E embora tenha passado dos três dígitos o numero de textos escritos, nunca ganhei um prêmio literário. Fui apaixonado por Varda de Perdidos no Espaço, Janis Joplin, Grace Slick e Sonja Kristina; casei quatro vezes e tenho dois filhos, Raul e Ian. Atualmente sou também editor, costureiro e colador de livros, num projeto de editora artesanal.
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