Jimi Hendrix: vinte e sete anos depois, o álbum póstumo
Resenha - First Rays of the New Rising Sun - Jimi Hendrix
Por Maurício Rigotto
Postado em 27 de setembro de 2010
Em 1970, Jimi Hendrix trabalhava no que seria o seu quarto álbum de estúdio, um disco planejado para ser duplo e que seria chamado de First Rays of the New Rising Sun, quando morreu precoce e tragicamente em uma acidental overdose de pílulas para dormir em 18 de setembro. O álbum estava praticamente pronto, faltando alguns reles detalhes de finalização nas mixagens, que estavam a cargo de Eddie Kramer, um dos mais renomados engenheiros de som do mundo, que depois viria a trabalhar com o Led Zeppelin e inúmeros outros grandes astros do rock. Com a morte do guitarrista, o projeto do álbum duplo foi abortado e suas músicas foram lançadas basicamente distribuídas em três discos póstumos: The Cry of Love; Rainbow Bridge e War Heroes.
Vinte e sete anos depois, em 1997, após longas batalhas judiciais, a família de Hendrix finalmente recupera os direitos sobre o espólio de sua obra, relança os discos oficiais do artista em sua mixagem original, a partir da fita master, e começa a largar no mercado material inédito e ao vivo do guitarrista. Um dos primeiros lançamentos da Experience Hendrix L.L.C., a empresa familiar criada para administrar toda a obra oficial do músico, é o álbum First Rays of the New Rising Sun, exatamente na ordem e formato que Jimi Hendrix gostaria de tê-lo lançado. Mesmo que todas as canções já fossem conhecidas dos fãs, embora em mixagens precárias que pareciam ser uma cópia de uma cópia de outra cópia de uma fita cassete, o resultado foi impactante, pois First Rays of the New Rising Sun, em sua mixagem definitiva, se mostra um dos melhores discos de rock de todos os tempos, ratificando que o guitarrista, em sua breve passagem pela Terra, foi um dos maiores artistas que já pisaram a face do planeta.
Após três discos estupendos com a Jimi Hendrix Experience e um ao vivo com a Band of Gypsies, Hendrix gravou a maior parte de First Rays of the New Rising Sun acompanhado pela Cry of Love Band, seu último grupo, formado por ele, Billy Cox – baixista da Band of Gypsies – e Mitch Mitchell – baterista da Jimi Hendrix Experience.
O álbum começa com a ótima Freedom e segue com petardos como Izabella e Night Bird Flying, até literalmente arrepiar todos os pelos de qualquer ser humano vertebrado com Angel, uma de suas mais lindas baladas, ao lado de Little Wing e The Wind Cries Mary – algum tempo depois, Angel foi regravada pela banda Faces, fazendo grande sucesso na voz de Rod Stewart. A seguir temos Room Full of Mirrors, gravada com Buddy Miles (Band of Gypsies) na bateria, e Dolly Dagger, canção a qual Hendrix havia escolhido para ser o primeiro single do álbum, o que acabou por jamais acontecer. A próxima música, Ezy Rider, também foi gravada pela Band of Gypsies e teve Steve Winwood e Chris Wood, ambos membros do Traffic, fazendo vocais de apoio. A delicada balada Drifting, inspirada em Curtis Mayfield, traz experimentos sonoros com a guitarra plugada em uma caixa Leslie, além do acompanhamento de um vibrafone. O disco segue com o potente instrumental Beginnings – que em Woodstock foi chamada de Jam Back at the House – a inspirada Stepping Stone e a bela My Friends, música que Hendrix gravou em 1968 ao lado de músicos desconhecidos e que contou com o guitarrista do Buffalo Springfield, Stephen Stills, ao piano. A seqüência final segue avassaladora com Straight Ahead, Hey Baby (New Rising Sun), Earth Blues, a divertida Astro Man – inspirada no herói dos quadrinhos Marvel Homem-Aranha e no personagem de desenho animado infantil Super Mouse – In From The Storm e termina com uma emocionante interpretação de Belly Button Window, em que Hendrix aparece sozinho, em uma rara gravação composta apenas por voz e guitarra.
Os primeiros raios de um novo sol nascente esperaram vinte e sete anos para brilhar. Jimi Hendrix viveu no planeta Terra por apenas vinte e sete anos, e o mundo nunca mais foi o mesmo.
Texto publicado originalmente no site de (anti)jornalismo (contra)cultural Os Armênios.
http://www.osarmenios.com.br/2010/03/a-lenda-de-jimi-hendrix
Lançamento:
22 de abril de 1997
Faixas:
1 – Freedom [3:27]
2 – Izabella – 2:50]
3 – Night Bird Flying [3:50]
4 – Angel [4:22]
5 – Room Full of Mirrors [3:20]
6 – Dolly Dagger [4:44]
7 – Ezy Ryder [4:09]
8 – Drifting [3:48]
9 – Beginnings [4:13]
10 – Stepping Stone [4:12]
11 – My Friend [4:36]
12 – Straight Ahead [4:42]
13 – Hey Baby (New Rising Sun) [6:04]
14 – Earth Blues [4:21]
15 – Astro Man [3:34]
16 – In From the Storm [3:41]
17 – Belly Button Window [3:36]
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