Resenha - 24th Century - Fates Prophecy
Por Ricardo Seelig
Postado em 23 de dezembro de 2005
Nota: 9 ![]()
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Perder um amigo é muito triste. A falta que ele faz em nossas vidas, o vazio que fica, mesmo com o tempo, nunca é preenchido. Quem, como eu, infelizmente já passou por isso, sabe bem como é. André Boragina não era apenas vocalista do Fates Prophecy: era amigo, companheiro, parceiro dos demais integrantes. Infelizmente, o câncer veio com tudo e tirou a vida de uma das melhores vozes do heavy metal brasileiro. Mas, por mais forte que o golpe tenha sido, o Fates Prophecy deu a volta por cima, e mostra que ainda tem um longo caminho pela frente.

O posto de André agora é ocupado por Sérgio Fraga, também vocalista da Children Of The Beast, uma das mais conhecidas bandas tributo do Iron Maiden no Brasil, reconhecidas inclusive pelo próprio site da Donzela. Com Sérgio à frente a banda acaba de lançar "24th Century", seu novo e, até agora, melhor álbum.
Se antes da entrada de Fraga as influências de Iron Maiden já eram enormes, agora elas estão ainda mais evidentes. E aqui eu abro um parênteses: por mais que a sombra da banda de Steve Harris esteja presente em todas as faixas, isso não quer dizer que o grupo não imprima a sua personalidade nas composições, por mais paradoxal que isso possa parecer. Em todo o álbum o Fates Prophecy soa muito pesado, com os instrumentos entregando aquela sonoridade clássica dos anos oitenta, "metálica" e direta. Diversas vezes tive que pegar a capa na mão para me certificar de que não estava ouvindo o "Powerslave" por engano.
"Welcome To The Dark Future", o primeiro single (o álbum inclusive possui uma faixa multimídia com o clip desta faixa), possui um refrão que gruda de imediato. Além disso, as guitarras de Paulo Almeida e Lely Biscassi estão excelentes. Não pude evitar: ao ouvir esta faixa, "The Duellists", do já citado "Powerslave", veio como uma bomba na minha cabeça, tanto pelos excelentes solos quanto pelo vocal de Sérgio Fraga, idêntico ao de Bruce Dickinson.
Não quero soar repetitivo nesta resenha, mas em "Hollowman" a referência é novamente o Iron Maiden. O riff inicial me lembrou bastante o da faixa "The Fugitive", do álbum "Fear Of The Dark". O vocal de Sérgio é um destaque à parte. Este cara canta muito, e, com certeza, terá papel fundamental no crescimento futuro do Fates Prophecy. Aliás, esta talvez seja a música mais Maiden do álbum, com os solos lembrando o estilo de Adrian Smith e Dave Murray, e o baixo e a bateria praticando aquele andamento típico da velha Donzela.
A banda trilha novos caminhos na forte e cadenciada "Blessing Way", pesadíssima e com grande influência dos anos oitenta. A faixa título, baseada no clássico "A Máquina do Tempo", de H. G. Wells, também busca novos desafios. Vocais cheios de efeitos acrescentam muito ao resultado final, assim como as orquestrações. O clima épico da canção é ressaltado pelas ótimas mudanças de andamento, e pela excepcional performace de Sérgio Fraga nos vocais. Com certeza uma das melhores composições de toda a carreira do grupo.
Em "Beyond Good And Evil", outra faixa que conta com um excelente refrão, o destaque vai para a bateria de Sandro Muniz, que aposta em andamentos variados interessantes. Esta faixa tem um clima de "Seventh Son Of A Seventh Son", em um resultado final de muito bom gosto.
Chegando à parte final do álbum temos a melódica "Unbreakable", baseada no filme "Corpo Fechado", de M. Night Shyamalan. Nela os vocais alcançam tons altíssimos, mostrando todo o poder da voz de Sérgio Fraga. Já "Heart, Faith And Braveness" começa lenta (desculpem a repetição, mas é impossível não lembrar de "The Clansman", do Iron Maiden, tanto pela estrutura quanto pela temática da canção, que também trata da bravura e da fé como forças determinantes em uma batalha) e explode em um andamento mais cadenciado com um belíssimo trabalho de guitarras (de novo Maiden: a semelhança com as guitarras de "The Rime Of Ancient Mariner" é claríssima).
Depois de nos entregar nove excelentes composições próprias, o Fates Prophecy fecha o álbum homenageando o Scorpions, com uma bela versão da clássica "Rock You Like A Hurricane", fiel à versão original, mas com o toque pessoal da banda.
Não poderia finalizar este review sem destacar duas pessoas. O primeiro é o produtor Luis Barros, que fez um excelente trabalho, de nível internacional. Gravado no Brasil, o álbum foi mixado em Portugal e masterizado por Tommy Newton, no já lendário Area 51 Studio, na Alemanha. Além da produção, o outro destaque vai para a arte de Gustavo Sazes, que já havia feito um excelente trabalho em "Execution", do Tribuzy, e aqui repete a dose.
Eu sempre fui, ainda sou e, provavelmente, sempre serei um grande fã do Iron Maiden. Por um momento cheguei a pensar que este seria o motivo de eu ter gostado tanto de "24th Century", mas, analisando com mais calma, percebi que é muito mais do que isso. O terceiro álbum do Fates Prophecy é um trabalho que não fica devendo nada a qualquer lançamento de 2005. Ótimas composições, uma banda afiadíssima, produção caprichada, apresentação de primeiro mundo, e um vocal acima da média finalizando tudo.
Tenho certeza de que André Boragina está vendo (e ouvindo) tudo com um sorriso enorme no rosto. A saga do Fates Prophecy está apenas começando, e, com certeza, muita coisa boa virá pela frente.
Não tenho mais nada a dizer, a não ser dar os parabéns à banda e recomendar que cada leitor do Whiplash! adquira o seu.
Faixas:
1. Welcome To The Dark Future
2. Hollowman
3. Blessing Way
4. Insomnia
5. 24th Century
6. Beyond Good And Evil
7. Life Circle
8. Unbreakable
9. Heart, Faith And Braveness
10. Rock You Like A Hurricane (bonus track)
11. Welcome To The Dark Future (videoclip)
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