John Entwistle: O mágico das quatro cordas foi embora há 15 anos
Por Roberto Schiavon
Postado em 27 de junho de 2017
Neste dia 27 de junho faz exatamente 15 anos que o rock n’ roll perdeu o baixista do The Who, John Entwistle. Aos 57 anos, ele foi encontrado morto dentro de um quarto de hotel em Las Vegas, horas antes do show de estreia da turnê que o The Who faria em 2002. Adepto de outros vícios além da música, mais tarde se soube que o ataque cardíaco que o vitimou pode ter sido induzido pelo uso de cocaína.
Lições de moral à parte, o que ficou dessa história foi a despedida triste de mais um membro do The Who, que em 1978 havia perdido também o baterista Keith Moon, segundo a versão oficial, morto por uma overdose de drogas utilizadas para combater o alcoolismo. Um dia antes de sua morte, Moon e a namorada haviam jantado com o casal Paul e Linda McCartney.
Alguns anos antes de Entwistle morrer, o The Who havia retornado ao circuito de turnês, onde segue até hoje com o baixista Jon Button e o baterista Zak Starkey, filho do ex-beatle Ringo Starr. Em 2006, a banda até gravou o disco "Endless Wire", o primeiro com músicas inéditas desde "It's Hard", de 1982. Mas nunca será a mesma coisa sem John Entwistle, assim como nunca foi sem o baterista Keith Moon, apesar de Roger Daltrey e Peter Townsend terem todo o direito de continuarem levando adiante seu legado, tocando pelo mundo clássicos como "My Generation", "Pinball Wizard", "Substitute" e "Won't Get Fooled Again", até mesmo como homenagem aos ex-membros que caíram fora mais cedo.
Apesar das histórias de excessos que sempre carregou em seu currículo, não menos fartas que as dos outros integrantes da banda, Entwistle tinha no palco uma postura mais reservada, deixando para os companheiros os malabarismos que marcavam os shows do The Who, com direito a quebradeira de instrumentos e performances afins.
Musicalmente, ele foi um dos responsáveis por jogar o baixo na "linha de frente" da malha sonora do rock 'n' roll, que até o surgimento de bandas como The Who e Cream, tinha nos baixistas apenas marcadores de ritmo, pois as guitarras eram as únicas responsáveis pela construção das melodias. Com suas linhas de baixo inimagináveis até então, o baixista John Entwistle foi um dos primeiros músicos das quatro cordas a mostrar que o instrumento poderia ser muito mais que mero coadjuvante em bandas de rock, seguindo uma estrada trilhada por músicos de épocas e estilos tão variados como Jack Bruce (Cream), Paul McCartney (Beatles), Geddy Lee (Rush), Glen Hughes (Deep Purple) e Sting (Police).
Era até estranho ver aquele cara paradão no canto do palco, quase bocejando de tédio, fazendo tudo aquilo em seu instrumento, e mostrando serviço com a mesma qualidade até sua morte. Nos anos 90 e início dos anos 2000, tudo o que havia mudado era o tamanho da testa e a cor dos cabelos, pois a habilidade e a postura continuavam as mesmas sobre o palco.
O ano de 2002 foi triste para o rock n’ roll, que perdeu também Dee Dee Ramone e Layne Staley, nomes que deixam cada vez mais saudade nesse mundo de cantores pré-fabricados que proliferam aos montes. Aos que gostam de música tocada com sentimento e paixão, e a todos os baixistas do planeta, um minuto de silêncio é muito pouco.
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