Produção - Política na Música
Por Rodrigo Simão
Postado em 14 de outubro de 2003
Iremos nesta edição abordar um assunto muito importante e pouco questionado no caminho da produção de uma banda. A política de festivais e casas de shows. Sim... veja que até na música existe política.
Acompanhe o conhecido diálogo do músico com o dono de casa noturna:
- Bem...Este aqui é nosso material, veja nosso livro de registros de shows, release e CD. Vamos fechar uma data? - diz o músico.
- Olha... Deixe tudo aqui com a menina do caixa que depois de ouvir eu entrarei em contato, está bem? - diz o dono da casa de shows.
Depois de alguns dias ou semanas sem retorno, o músico entra em contato:
- Alô... Aqui é o músico que deixou o material para fechar um show. Minha banda se chama Colony, está lembrado?
- Sim. Tudo bem? Eu ouvi o material; muito bom! Vamos marcar uma data?
Todo animado pelo elogio e confiante na possibilidade de fazer um ótimo show, começa o pesadelo...
- Diga-me uma coisa, sua banda tem público? Quantas pessoas a banda consegue trazer para o show? - pergunta o dono da casa.
- Bem... Não sei... Divulgando pode ser que venha muita gente. - responde desconsolado o amigo músico.
- É... Vamos fazer o seguinte: eu coloco vocês para "darem uma canja" (tocar de graça) na terça-feira. Assim já vejo como é a performance da banda ao vivo e se rolar legal eu armo uma data "especial" para a banda, ok?
- Está bem. - responde o músico sem opção - Mas uma pergunta: qual equipamento a casa oferece? Não tem como dar um cachê mínimo para cobrir os gastos?
- Equipamento??? Tem um amplificador de guitarra com o botão quebrado, um de baixo com o falante estourado e dois microfones. A bateria vocês têm que trazer, pois a que eu tenho é da marca Iamarra (i amarra daqui, amarra de lá) e está caindo aos pedaços! Sobre o cachê, bem... Como gostei da banda, eu te dou 50% da bilheteria... Mas depois isso melhora! - promete o dono da casa de shows que diz:
- Ah! A banda faz "cover" de quem? Pois aqui não tocamos música própria, só cover!
- Xiii...tu-tu-tu-tu-tu - Desliga o telefone em prantos e lágrimas o amigo músico.
Quem nunca passou por isso? Eu mesmo já enfrentei muitas situações chatas e ofertas ridículas a ponto de não me sentir músico, mas sim artista de circo, um verdadeiro palhaço.
Pois bem... Em casos de festivais não é diferente!
Além de o músico estudar para tocar bem, ensaiar, juntar dinheiro para comprar um bom equipamento, etc, também tem que aprender a ser vendedor de convites ou ingressos!
É claro que toda regra tem sua exceção; casas de shows que tratam o músico com o devido respeito e festivais que são feitos por profissionais, mas isso é uma minoria diante de uma enorme massa de vendedores de batata frita com cerveja e organizadores de festinha de fundo de quintal!
Dê um BASTA a tudo isso. Aprenda as dicas para evitar todo esse sofrimento:
1. MÚSICO NÃO É VENDEDOR - Faça parceria com uma pessoa especializada em vender shows para que possa negociar os cachês e condições para a realização do evento. Vender o próprio show como produto não é tarefa fácil. Opte por produtoras ou empresários que dependam financeiramente das comissões dos shows, assim você evita curiosos e amadores que só farão sua banda perder tempo.
2. MATERIAL CUSTA $$ - Depois de ter gravado seu CD Demo, faça um site gratuito na Internet (HPG, CJB, KIT) e disponibilize as músicas em MP3 on-line. Você teve gastos com estúdio, por isso só se deve deixar o CD mediante uma reserva de show ou se for realmente muito necessário, caso contrario, deixe uma cópia do release e fale que as músicas podem ser ouvidas pela internet.
3. NÃO PAGUE PARA TOCAR - Contabilize um valor mínimo para cobrir os gastos como ensaio no estúdio, transporte, encordoamento, etc. Se a proposta não for de cachê fechado (valor definido), tente ao menos livrar os gastos que você já teve, pedindo um valor mínimo caso não apareça muita gente no dia do show. Cuidado com as propostas de pegar ingressos para vender, geralmente você não vende e ainda tem que cobrir o valor. Meu grande Mestre Mario Casali (in memorium) dizia: "Músico não fala, músico não vende, músico TOCA!".
4. CONFIE NO SEU TACO - Sempre rola pressão psicológica de dono de casa de shows ou festival, dizendo que outra banda faria pela metade. Acredite, isso pode acontecer mesmo! Muitos músicos reclamam das condições do palco, OMB, cachês, mas na hora de mostrar união, aceitam qualquer valor e até mesmo se rebaixam, só para tomar o lugar de outras bandas. Não somos focas para fazer shows em troca de bebida ou comida. Acredite que seu trabalho tem valor e não aceite essa pressão.
5. SEJA PROFISSIONAL - Discrimine quantas pessoas fazem parte da equipe e quais são acompanhantes, procure não abusar, geralmente cada músico tem direito a um acompanhante. Certifique-se sobre o valor liberado em comandas, para garrafas de água e lanches dos músicos se não houver camarim preparado. Isso parece ser um detalhe, mas caso não seja acertado com antecedência pode causar muito stress.
6. TEMPO É DINHEIRO - Não é necessário mandar repertório das músicas do show para o diretor do evento ou dono de casa noturna, isso é tarefa do ECAD (arrecadação de direito autoral), mas é importante que seja discriminado de forma bem clara, a quantidade e o tempo de cada entrada. Assim não acontece aquele conhecido problema de ficar tocando a noite inteira a pedidos simpáticos que sempre vêm assim: - Toque mais uma? E mais duas? E mais três?... E assim vai.
7. CAMPEONATO DE BANDAS - Realmente somos o país do futebol, isso tanto é verdade que até as regras aplicadas nos campeonatos futebolísticos são transferidas para alguns festivais de bandas. Exemplo: Chave de bandas, taxa de inscrição, campeão da noite, melhor torcida, juizes para julgamento, etc... Geralmente é banda "puxando tapete" de outra banda, jurados desconhecidos (sempre aparece maestro, produtor e empresário de bandas que nunca ouvimos falar no meio dessa turma), uma tremenda barulheira e claro, sempre pinta um "cheiro" de tramóia. Eu não recomendo participar de nenhum festival competitivo.
Não se desespere, nem olhe para o dono de casa noturna ou festival como se ele fosse um inimigo. Os bons acabam pagando pelos péssimos. Saiba que no mundo dos negócios (os shows e eventos não deixam de ser um negócio também) cada um luta por sua bandeira para ter mais lucro, isso não é novidade. Por isso, organize-se, chame as pessoas certas e lute por seu espaço com honra e dignidade, sem prejudicar ao seu semelhante. Na próxima edição, estaremos falando sobre Direção de Show e dando dicas importantes para transformar uma simples apresentação em um verdadeiro espetáculo.
"Para chegar a ser tudo, não ambiciones ser algo em nada" - São João da Cruz
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Produção
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