Produção - Escolhendo um estúdio
Por Rodrigo Simão
Postado em 27 de abril de 2004
A escolha de um estúdio de gravações não é tarefa fácil. É preciso ter muita paciência para não acabar cometendo erros que fatalmente serão lembrados a todo o momento que se ouvir alguma música gravada.
Quando uma banda já possui gravadora, diretor artístico, produtor musical, diretor executivo, especialista em cafezinho para intervalos, etc, fica muito mais fácil de trabalhar. Porém, na maior parte dos casos, não temos toda essa mordomia e acabamos tendo que fazer um pouco de tudo para realizarmos um bom trabalho.
Para descobrir um bom estúdio de gravações é importante fazer uma boa pesquisa e a mesma deve ser feita pessoalmente. Nunca tome nenhuma decisão por telefone.
Basicamente existem três itens muito importantes para a escolha do estúdio de gravação:
1. PREÇO;
2. EQUIPAMENTOS;
3. FATORES PSICOLÓGICOS.
1 - O PREÇO
Não pense que escolher um estúdio é como escolher um carro novo em uma concessionária, achando que quanto mais caro for o preço, melhor e mais moderno será. Na verdade, nem carro se escolhe dessa forma. Existem muitos fatores que interferem de forma direta na decisão final como: gosto, satisfação, bom atendimento e, claro, a qualidade do produto final: a música.
Não fique só reclamando que a grama do vizinho é mais verde. Se o orçamento disponível está curto, pesquise muito até encontrar um estúdio com uma boa relação custo x benefício.
No Brasil, a maior parte das negociações de pequeno porte é feita com uma grande base emocional. Isso é um tremendo erro! Negociar um bom preço e uma boa forma de pagamento é muito diferente daquela choradeira da pessoa contando a estória de sua vida, jogando com culpas e emoções pra ver se consegue um preço melhor e cláusulas mais "moles". Nada de contar seus problemas porque eles são seus, de mais ninguém. É a tal questão do porque as pessoas não fazem o que tem de ser feito, rápido e bem feito.
Peça para que sejam discriminados os valores de cada hora no processo de captação, mixagem e masterização. Geralmente os preços costumam variar em cada processo.
No caso de pacotes feitos atribuindo-se um valor por música, discrimine a quantidade de músicas e o tempo médio de cada uma para que não ocorra nenhum corte de edição das músicas de maior tempo de duração.
Discrimine em um contrato: a forma de pagamento, se as matrizes estão incluídas (caso não estejam colocar o valor adicional), o valor de cada hora de estúdio ou valor por música e as possíveis datas e períodos de gravação (pré-agendamento). Calcule seu orçamento sempre tendo uma folga entre 20% a 30 % do valor cotado.
2 – EQUIPAMENTOS
A sala de gravações, na gíria também é chamada de "aquário". Não sei se esse apelido surgiu em alguma visita casual do conhecido jogador de futebol Romário se retratando a algum amigo músico no momento de gravação, dizendo: - E ai peixe, beleza? - ou uma homenagem feita para o Pelé em algumas das suas gravações antigas sobre as criancinhas do Brasil (risos) e aos amigos santistas (Santos F.C- o Peixe). Independente disso saiba que a sala de gravações deve ter um bom tratamento acústico para que possam ser captadas todas as freqüências desejadas, eliminando o "vazamento de som" e o feedback, também chamado popularmente de "microfonia".
Para facilitar o entendimento, dividimos o assunto em cinco subitens:
2.1 - MICROFONES;
2.2 - SISTEMA DE GRAVAÇÃO;
2.3 - MESA DE SOM;
2.4 – EFEITOS;
2.5 – O TÉCNICO.
2.1 – MICROFONES
Imagine que os microfones fossem como nossos ouvidos eletrônicos e o cérebro representasse uma mesa de som. Da mesma forma que nossos ouvidos necessitam de cuidados especiais, os microfones também necessitam.
Nossos ouvidos têm a função de decodificar um som e transformá-lo em impulsos que possam ser compreendidos pelo cérebro.
Os microfones fazem o mesmo trabalho, não passam de dispositivos capazes de transformar um tipo de energia (energia acústica) em outra energia capaz de ser compreendida pela mesa de som: a energia elétrica. Por isso, são chamados de transdutores.
Nenhum microfone apresentou eficiência total (100%), embora muitas marcas e modelos têm conseguido ser relativamente fiéis ao som produzido. A perda ocorrida nessa transformação não chega a comprometer. O microfone é, portanto, o primeiro grande responsável pela qualidade do som. Por isso sua extrema importância.
Verifique no estúdio se existem microfones específicos para cada instrumento. Os modelos de microfones são diferenciados pela melhor atuação diante de freqüências graves (bass-drum), médias (voz) e agudas (violinos). Existem muitas marcas e modelos, as mais conhecidas são Shure, AKG e Neumann.
2.2 – SISTEMA DE GRAVAÇÃO
Gravadores analógicos, sistemas com Mac Pró Tolls, 16 bits, 24 bits... todos são bons sistemas e acabam dando bons resultados. A guerra entre o analógico x digital é como comparar de forma grosseira qual carro é melhor, uma BMW ou um AUDI. Os respectivos donos sempre irão valorizar seus bens, sendo eles equipamentos de estúdio ou carros, por isso, a resposta correta seria: bom mesmo é ter os dois, analógico e digital.
2.3 – MESA DE SOM
Mesa de som, mixer ou console são alguns dos nomes dados ao mesmo equipamento. Antes de tudo, é preciso desmistificar esse "avião" cheio de botões e dizer que uma mesa de som não passa de um "misturador" eletrônico. É importante um estúdio fazer investimentos em uma mesa que tenha muitos canais e que apresente uma boa comunicação entre as muitas interfaces de entrada e saída de sinal com seus sistemas de grupos, sistemas automatizados e seus sistemas de monitores de áudio.
2.4 – EFEITOS
Existem muitos "racks" de efeitos digitais e diversos "plug in" de efeitos em computadores. Para retratar metade deles levariamos pelo menos uns dois dias, por isso falaremos somente de alguns. O importante é saber que o estúdio deve oferecer uma boa gama de efeitos digitais juntamente com programas de "loops de bateria" para bem servir seus clientes e, é claro, ter um técnico que realmente saiba utilizá-los com eficiência e responsabilidade.
REVERB: Efeito causado por uma infinidade de reflexões do som num ambiente fechado, dando a sensação de ambiência no som.
CHORUS: Serve para engrossar o som do sinal que está entrando no processador de efeito dando a sensação de que vários instrumentos estão sendo tocados juntos.
DELAY: Repetição do sinal fazendo o som se repetir como em ondas, podendo ser ajustado o tempo e velocidade das repetições.
COMPRESSOR: Efeito que comprime o áudio, melhorando o nível de sinal, valorizando as freqüências com baixo sinal e estabilizando as freqüências com distorção.
2.5 – O TÉCNICO
Este sem nenhuma dúvida é o mais importante de todos itens. Não adianta ter os melhores equipamentos se a famosa "pecinha atrás da mesa", o técnico, não colocar todo o maquinário do estúdio para funcionar de verdade. Verifique se o técnico realmente tem cursos de áudio e ouça outros trabalhos que ele fez. É claro que existem muitos técnicos que não cursaram nenhum instituto de áudio e trabalham muito bem; mesmo assim é importante ter como comandante dos equipamentos do estúdio um profissional atualizado com as novidades para que você possa desenvolver toda sua capacidade de ser músico.
Luis Alberto Braga Rodrigues | Rogerio Antonio dos Anjos | Everton Gracindo | Thiago Feltes Marques | Efrem Maranhao Filho | Geraldo Fonseca | Gustavo Anunciação Lenza | Richard Malheiros | Vinicius Maciel | Adriano Lourenço Barbosa | Airton Lopes | Alexandre Faria Abelleira | Alexandre Sampaio | André Frederico | Ary César Coelho Luz Silva | Assuires Vieira da Silva Junior | Bergrock Ferreira | Bruno Franca Passamani | Caio Livio de Lacerda Augusto | Carlos Alexandre da Silva Neto | Carlos Gomes Cabral | Cesar Tadeu Lopes | Cláudia Falci | Danilo Melo | Dymm Productions and Management | Eudes Limeira | Fabiano Forte Martins Cordeiro | Fabio Henrique Lopes Collet e Silva | Filipe Matzembacher | Flávio dos Santos Cardoso | Frederico Holanda | Gabriel Fenili | George Morcerf | Henrique Haag Ribacki | Jorge Alexandre Nogueira Santos | Jose Patrick de Souza | João Alexandre Dantas | João Orlando Arantes Santana | Leonardo Felipe Amorim | Marcello da Silva Azevedo | Marcelo Franklin da Silva | Marcio Augusto Von Kriiger Santos | Marcos Donizeti Dos Santos | Marcus Vieira | Mauricio Nuno Santos | Maurício Gioachini | Odair de Abreu Lima | Pedro Fortunato | Rafael Wambier Dos Santos | Regina Laura Pinheiro | Ricardo Cunha | Sergio Luis Anaga | Silvia Gomes de Lima | Thiago Cardim | Tiago Andrade | Victor Adriel | Victor Jose Camara | Vinicius Valter de Lemos | Walter Armellei Junior | Williams Ricardo Almeida de Oliveira | Yria Freitas Tandel |
3 – FATORES PSICOLÓGICOS
Aprenda: "Achar é a certeza do não saber, por isso SINTA".
Digo isso por que o ambiente de gravação interfere de forma direta no processo de criação espontânea. Sinta o ambiente, conheça todas as salas, veja a organização, repare na atenção que é dada à sua visita, veja o fluxo de pessoas que entram e saem do estúdio, enfim, pergunte para você mesmo no silêncio de sua mente: - Este é o lugar ???
Se você ouvir uma voz respondendo lá dentro de sua mente, saia correndo e procure ajuda psiquiátrica, pois as coisas podem piorar. (risos)
Bem... é importante salientar que o intuito desta coluna não é extinguir com a profissão dos diretores de show, produtores musicais, produtores executivos, etc, fazendo um músico desenvolver todas essas funções. Ao ensinar o músico todas essas dicas e atalhos vividos por meus próprios erros e acertos, desejo muito que nossas bandas brasileiras sejam reconhecidas não só pela musicalidade, mas também pelo profissionalismo e competência.
Você é parte dessa mudança! Na próxima edição estaremos abordando as dicas de como agir no momento da gravação, a importância da pré-produção, mixagem, masterização e muito mais.
"Nenhuma pássaro voará alto demais se estiver voando por suas próprias asas" (William Blake)
Produção
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