Savatage e Opeth - uma obra prima do heavy metal foi construída nesta segunda-feira
Resenha - Savatage e Opeth (Espaço Unimed, São Paulo, 21/04/2025)
Por Diego Camara
Postado em 22 de abril de 2025
Para todos que sonharam - e muito se iludiram - com o sonho de uma apresentação do Savatage no Brasil, o que era considerado impossível finalmente ocorreu neste final de semana - e duas vezes! Quem não teve o prazer de ver a reestreia da banda no sábado no Allianz Parque teve uma segunda chance: ver o show completo da banda no Espaço Unimed. Confira abaixo os principais detalhes do show, com as imagens de Fernando Yokota.
O encarregado de abrir esta grande festa foi o Opeth. Os suecos estavam numa posição um tanto indigesta, aparentemente: tocar para um público que não era o seu e ainda mais para um show que é no mínimo lendário: a primeira apresentação da banda, fora de um festival, em mais de 20 anos. Mikael já deu o tom logo no início da apresentação: "talvez vocês não gostem muito da gente, dada a quantidade de camisetas do Savatage que eu vejo daqui".


Mas o sueco não poderia estar mais enganado: o Opeth não só foi respeitado pelo público presente como foi carregado nos braços. O som do palco, em grande perfeição, e o clima que a banda trouxe ao Espaço Unimed venceu o coração dos mais duvidosos. O público aplaudiu cada uma das músicas do Opeth, inclusive gritando e puxando o coro em vários momentos do show.


Um dos destaques do show foi "The Leper Affinity", música do clássico álbum "Blackwater Park". O firme trabalho aqui das guitarras encantou os fãs, que foram envolvidos pela potência musical do Opeth. A sequencia lenta da música encantou o público, com todas as notas tocadas em grande perfeição.

"Nosso objetivo é fazer vocês um pouco surdos antes do show do Savatage", disse Mikael, conversando com o público. As piadas do vocalista soaram um pouco confusas para uma parte do público, que pareceu não compreender bem o estilo ácido do vocalista.


Se as músicas do novo disco não criaram uma grande relação com o público, os sucessos da banda fizeram o caminho contrário. Os fãs gostaram muito de "In My Time of Need", inclusive cantando junto de Akerfeldt as passagens mais lendas, puxando o refrão sozinhos.


Os fãs também acompanharam com muita paixão "Ghost of Perdition", e os fãs da banda gritaram já nas primeiras notas da música. O público fez o coro com Mikael durante todo o tempo, e o trabalho das guitarras feita pela dupla Akerfeldt / Akesson foi grandioso, em especial o solo lindíssimo que coroa a música. Uma das melhores da noite.

A banda voltou rapidamente para tocar o dueto final. Primeiro veio "Sorceress", uma das músicas mais "easy listening" do Opeth, que chamou o público para cantar junto. No final, os fãs relutantes pelo fim do show, tiveram que aceitar "Deliverance" como a última música do setlist, marcada pelo seu instrumental forte e em mais uma aula de guitarras.


Opeth setlist:
Intro: Seven Bowls (música do Aphrodite’s Child)
§1
Master's Apprentices
The Leper Affinity
§7
In My Time of Need
§3
Ghost of Perdition
Bis:
Sorceress
Deliverance
O show do Savatage veio logo em seguida, com a banda subindo ao palco do Espaço Unimed no horário marcado: 21h30m. O público da casa cresceu, mas a apresentação ficou muito distante da lotação máxima do local - o que era até esperado pelo tamanho do Savatage e da proximidade da apresentação do Monsters.


Este era um show para os fãs mais ávidos, e a banda trouxe um setlist recheado de grandes surpresas. No início, a apresentação não foi diferente do Monsters: o Savatage abriu com "The Ocean" e "Welcome", sem dúvidas a abertura mais mágica da banda, que leva o público ao clássico "Wake of Magellan" de 1997. O público ficou louco desde o início, cantando "Welcome" quase que na sua totalidade.


O público não parou por aí, e a sequência com "Jesus Saves" fez eles cantarem com vontade o refrão. O lindíssimo solo de guitarra completou a música e fez o público aplaudir com muita vontade. Na sequência veio "Sirens", do clássico de 1983, erroneamente anunciada como "The Wake of Magellan" por Zak Stevens. A apresentação foi mágica, e o público bateu muita cabeça e cantou junto com o vocalista o refrão.


"The Wake of Magellan", a real, viria não muito depois, para delírio dos fãs, que cantaram muito o tempo inteiro. A excelente performance de Zak Stevens nos vocais foi sentida muito aqui, como um motorzinho para o humor do público. A banda porém tocou aqui muito bem, com destaque para o trabalho do baixo de Johnny Lee Middleton.


Uma das grandes surpresas do setlist foi "Taunting Cobras", com sua pegada firme e dinâmica ela acendeu os fãs e pegou muitos de surpresa, sendo que sua última performance pelo Savatage foi registrada no ano de 1998. O refrão pegajoso fez os fãs cantarem demais essa, e a bateria de Jeff Plate foi o grande destaque da apresentação.

Logo em seguida, a bela introdução de "Turns to Me" pegou outros fãs de surpresa, levando muitos a loucura. Os fãs puxaram as palmas acompanhando a melodia e cantaram demais outra novidade do setlist. A emoção continuou, e os fãs do álbum "The Wake of Magellan" se deleitaram com o magnífico solo de guitarra de "The Storm". Para os fãs do disco, a festa não teria terminado, pois eles teriam mais a frente "The Hourglass" também, com direito a uma performance mágica de Stevens cantando no acompanhamento das teclas no final da música.


O show parecia não querer terminar, e quando se esperava que a banda encaminhasse para o final, lançava mais um coelho de sua cartola. As performances mágicas da dupla "Handful of Rain" e "Chance" foi cheia de emoção, fazendo os fãs cantarem muito o tempo inteiro.


Outra surpresa veio logo em seguida, quando Zak disse que era hora de retornar ao "Dead Winter Dead", disco de 1995. A banda lançou "This is the Time (1990)", uma música alçada pela força das guitarras. Sem dúvidas a letra da música, sobre estar no lugar certo e na hora certa, ecoou em todos os fãs na plateia: não haveria nenhum outro lugar melhor para estar numa segunda-feira.

Logo depois, duas das melhores da noite: "Gutter Ballet" deu a abertura, seguida pela mágica "Edge of Thorns", duas das queridinhas do público, que foi a loucura instantaneamente com as primeiras notas de piano das duas músicas. O melhor momento da noite, com os fãs cantando as duas músicas sem nenhuma pausa, de maneira tão alta que deixou os vocais do palco parecendo baixos demais, até a coroação final das músicas com o lindíssimo solo de guitarra no final.


Para quem já tinha visto a apresentação do Monsters, sabia o que estava por vir. O vídeo falhou por um instante, mas Jon Oliva apareceu para cantar em seu piano a primeira parte de "Believe". O público emocionado levantou a lanterna dos celulares, e observou o grande pioneiro disso tudo cantar. A banda entra na segunda parte, explodindo, os fãs cantando junto com Zak Stevens. O solo de guitarra, em homenagem ao falecido Criss Oliva, e o final da música em um dueto de Zak com Jon. Enquanto a banda saia do palco, os fãs gritaram o sobrenome dos irmãos.


Silêncio se fez na casa, mas durou pouquíssimo tempo, pois a banda voltou ao palco para presentear os fãs com mais uma grande surpresa. Direto de 1985, da música do álbum de mesmo nome, a introdução de "Power of the Night" encheu o público de surpresa. A pegada speed metal da música, com seu som cru e focado na velocidade, encheu o público de ânimo para bater cabeça mais uma vez.


A última já era imaginada, a música encaixou com a anterior e os túneis do telão levaram os fãs de volta ao salão do rei da montanha, o momento perfeito para os fãs cantarem novamente com muita vontade, fazendo até os coros da música. A paixão dos fãs, sem dúvidas, só era rivalizada pela da própria banda: é realmente muito raro ver um artista com tanta vontade e tanto prazer de tocar: os músicos são apaixonados pelo Savatage tanto quanto os fãs, e não podiam esperar uma nova chance de entregar novamente para o mundo inteiro essas músicas.


Após mais de uma hora e 45 minutos de espetáculo, os fãs deixaram a casa com uma grande certeza: o Savatage está novamente vivo, e quem é fã da banda virá a beber da fonte deste show por algum tempo até Junho, quando a banda irá embarcar em sua turnê europeia, começando (pelo menos por enquanto) com o festival Into The Grave, que será realizado nos Países Baixos.

De qualquer maneira, isso não tira de nós uma coisa: o Brasil foi o primeiro país a ver o renascer de uma fênix, em um momento que o gênero mais do que nunca precisa de grandes bandas.


Savatage setlist:
The Ocean (com trecho de "City Beneath the Surface")
Welcome
Jesus Saves
Sirens
Another Way
The Wake of Magellan
Strange Wings
Taunting Cobras
Turns to Me
Dead Winter Dead
The Storm
Handful of Rain
Chance
This Is the Time (1990)
Gutter Ballet
Edge of Thorns
The Hourglass
Believe
Bis:
Power of the Night
Hall of the Mountain King
Opeth:




















Savatage:















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