Doors: Seriam 6000 fãs da banda ou 6000 curiosos no Rio?
Resenha - Doors of 21st Century (Claro Hall, Rio de Janeiro, 30/10/2004)
Por Rafael Carnovale
Postado em 30 de outubro de 2004
Seriam 6000 fãs da banda The Doors ou 6000 curiosos para ver o que seria este Doors of 21st Century que lotaram o Claro Hall? Esta é uma pergunta que rondava minha cabeça enquanto acompanhava a entrada do público na casa de shows. Afinal, desde que Ray Manzarek (teclado) e Robbie Kreiger (guitarra) voltaram a se apresentar ao vivo, recrutando Ian Astbury (The Cult) para ocupar o posto imortalizado por Mr. Morrisson, poucos acreditavam que este projeto seria permanente. Mas os mesmos vêm constantemente declarando que este não é um projeto, e sim uma banda, e que 2005 reserva várias surpresas, entre elas um disco de estúdio completo. Soa oportunista? Sim, é claro... mas cá entre nós, quem não gostaria de ver esses caras em ação em pleno século XXI???
É claro que comparar este Doors of 21st Century com o The Doors é loucura, até porque a rebeldia que hoje é embalada por efeitos de luz e som antigamente era bem mais orgânica, até porque estávamos diante dos percursores e de um Jim Morrison, que não aparece todo dia. Mas isso não parecia afetar o público, que aguardava ansiosamente o começo do show, marcado para 21:30. Por volta de 22hs as luzes se apagaram e pudemos escutar "Carmina Burana" saindo dos PA's. Ou seja, o Doors de hoje sabe muito bem provocar o público, com algo que eles não fariam nos anos 70. A "intro" se encerra com a entrada de Ray, Robbie, o batera contratado Ty Dennis e o baixista Angelo Barbera (sim, desta feita Ray apenas se concentra nos teclados). A banda dá início ao show com "Roadhouse Blues" e Ian entra no palco, pisando num belo tapete colocado no centro do mesmo. Sua atitude é a mais correta possível. Incorpora Jim Morrison em alguns momentos mas procura sempre se lembrar de quem é.... boa pedida. Curiosamente a bateria estampa no bumbo a inscrição "D21C", indicando que de fato esta é uma outra banda, mas que vai executar os clássicos de sua predecessora.
"When the Music's Over" e "Love me Two Times" são executadas em sequência e vemos que a respeito de estarem bem acima dos 50 (sendo bonzinho), Ray e Robbie transbordam energia no palco, enquanto Ian é mais "soturno", mas saindo-se muito bem como vocalista. O público entra em transe com a execução de clássicos como "L'America", "Love Her Madly" e "The Cnageling", cantando em uníssono cada trecho das músicas. Ian não cansa de agradecer e manifestar sua alegria por estar de volta, mas quem parece ser o líder desta banda é Ray, que por várias vezes vai ao microfone e demonstra seu entusiasmo por estar no Brasil.
"Been Down So Long" e "Hyacinth House" continuam o ritual que tomou conta do Claro Hall naquela noite e que deixaria Jim orgulhoso, mas um pecado seria cometido. A bateria de uma escola de samba carioca (não me perguntem qual é... nem quis saber) entra no palco e começa uma "Jam" com a banda. Ruim? Não.... o arranjo ficou bem montado... mas executar "Break on Through (To The Other Side)" neste esquema foi macular um clássico. Os gringos definitivamente ficaram contagiados pelo SAMBA!!! (como Ray gritou a plenos pulmões). Mas esse seria um pecado pequeno perto dos elogios que os senhores merecem. Algumas músicas se transformam em competentes "jams" aonde a banda mostra todo seu talento. Ian demonstrou ser o cara correto para o posto, embora ainda precise dosar mais suas investidas no "estilo Morrison de ser".
"The WASP" e "Riders on the Storm" são executadas, dando sequência a "LA Woman", que novamente faz o Claro tremer e emociona a todos. A banda se retira, e retorna, junto com a escola de samba para novamente macular mais um clássico: "Light My Fire" é executada no mesmo esquema, e "Soul Kitchen" encerra o show em grande estilo. Muitos fãs pediam insistentemente por "The End" (e eu mesmo achava que este seria o "gran finale"), mas Ray foi ao microfone para dizer que "esta é uma música de Jim, muito pessoal, por isso não a tocamos". Seria um grande momento para encerrar o show, se Ray, no meio de sua empolgação não citasse o famoso "Mama I want to F* you!" de maneira quase displicente (só Jim Morrison poderia fazer isso), e se retirasse em seguida.
No final das contas foi um grande show. O Doors of 21st Century mostrou ser uma banda com pique e muita lenha para queimar, e permitiu que muita gente pudesse ouvir ao vivo clássicos que só poderiam ser conferidos em vídeo ou DVD. Resta ver o que um novo álbum pode oferecer, mas se for no nível do show ainda vamos ouvir falar muito nestes novos velhos garotos do rock and roll.
Outras resenhas de Doors of 21st Century (Claro Hall, Rio de Janeiro, 30/10/2004)
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



A banda brasileira que está seguindo passos de Angra e Sepultura, segundo produtor
O disco do Metallica que para James Hetfield ainda não foi compreendido; "vai chegar a hora"
Os melhores guitarristas da atualidade, segundo Regis Tadeu (inclui brasileiro)
AC/DC confirma show único no Brasil em São Paulo para fevereiro
Como era sugestão de Steve Harris para arte de "Powerslave" e por que foi rejeitada?
AC/DC confirma show no Brasil para março de 2026, segundo José Norberto Flesch
As músicas do Iron Maiden que Dave Murray não gosta: "Poderia ter soado melhor"
"Guitarra Verde" - um olhar sobre a Fender Stratocaster de Edgard Scandurra
Ramones e a complexidade técnica por trás da sua estética
Mais um show do Guns N' Roses no Brasil - e a prova de que a nostalgia ainda segue em alta
Lô Borges, um dos fundadores do Clube da Esquina, morre aos 73 anos
Regis Tadeu explica por que não vai ao show do AC/DC no Brasil: "Eu estou fora"
Como foi para David Gilmour trabalhar nos álbuns solos de Syd Barrett nos anos 1970
As duas bandas que atrapalharam o sucesso do Iron Maiden nos anos oitenta
O artista que Neil Peart se orgulhava de ter inspirado
O rockstar com quem Slash diz ser impossível de trabalhar; "Por que raios eu fui chamado"
Ximbinha arranca elogios dos fãs tocando "Sultans of Swing" do Dire Straits no violão
A opinião de Kerry King sobre "The Number Of The Beast", do Iron Maiden

"Estúpidos de doer"; a adorada banda que, para Lou Reed, concentrava tudo que ele odiava
O integrante do The Doors que admitia ter inveja de Jim Morrison
O cantor que Jim Morrison idolatrava, mas que quis mandar apagar a luz do The Doors
No Dia do Rock, os 13 maiores rockstars de todos os tempos
Deicide e Kataklysm: invocando o próprio Satã no meio da pista



