O Jim Morrison que Roger McGuinn viu de perto, longe do mito do "Rei Lagarto"
Por Bruce William
Postado em 08 de novembro de 2025
Quando se fala em Jim Morrison, quase sempre surgem as mesmas imagens: o poeta maldito, o frontman incendiário, o "Rei Lagarto" errante entre excessos, escândalos e lendas que cresceram junto com a discografia do The Doors. Para quem olhava de fora, a mistura de álcool, provocação e poesia sombria parecia incontornável. Mas a lembrança de Roger McGuinn, líder do The Byrds, aponta para um Morrison menos caricato e bem mais calculado do que o imaginário costuma sugerir.
McGuinn recordou para a Classic Rock um encontro específico a bordo de um Boeing 747, na época em que o avião ainda tinha um bar no andar superior. Morrison viajava a caminho de Dane County, onde enfrentaria o julgamento pelo episódio em Miami, em 1969, que resultaria na condenação por comportamento indecente no ano seguinte. Em vez da figura automaticamente explosiva que muitos esperariam, McGuinn encontrou alguém tranquilo, acessível, longe do personagem que ocupava capas e manchetes.

Segundo o guitarrista, Morrison era "muito esperto e artístico", interessado em referências como Kurt Weill, o que revela um lado mais erudito do vocalista do The Doors, frequentemente ofuscado pela narrativa do caos. McGuinn destaca que ele era "um cara muito afiado" e sabia exatamente como projetar uma imagem. Havia método naquilo que, para o público, soava espontâneo: gestos, postura, olhar, comportamento em cena.
O olhar mais curioso surge quando McGuinn separa o homem da persona. "Quando você conversava com ele, era apenas um cara comum, mas ele realmente interpretava muito bem aquela imagem. Ele era um ator." A frase não desumaniza Morrison; pelo contrário, aproxima. Mostra alguém consciente do efeito que causava, usando o papel de estrela como máscara calculada, não como fruto exclusivo de descontrole ou loucura romântica.
McGuinn também menciona que David Crosby não gostava de Morrison, enquanto ele próprio guardava respeito pelo vocalista. O registro ajuda a lembrar que, entre músicos daquela geração, nem todo mundo comprava o mito sem ressalvas. Havia quem visse exagero, quem questionasse, quem se irritasse com o teatro. Mas, para McGuinn, justamente essa consciência teatral fazia parte da inteligência artística de Morrison, e não diminuía o que ele representava diante do público.
O depoimento de Roger McGuinn acrescenta uma camada importante ao mosaico de Jim Morrison: por trás do ícone dos excessos, havia um sujeito que sabia o que estava fazendo quando pisava no palco. Um artista que entendia a força da imagem a ponto de tratá-la como atuação - e que, fora dos holofotes, podia soar apenas como mais um músico sentado no bar de um avião, lidando com as consequências muito reais do personagem que ajudou a construir.
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