Por que a presença dos irmãos Cavalera no último show do Sepultura não faz sentido
Por Mateus Ribeiro
Postado em 04 de dezembro de 2025
Poucas famílias contribuíram tanto para a música pesada quanto a Cavalera, responsável por revelar dois músicos profundamente influentes: o guitarrista e vocalista Max e o baterista Iggor. Juntos, eles fundaram o Sepultura, saíram de Belo Horizonte rumo ao cenário internacional e desempenharam um papel decisivo para colocar o Brasil no mapa do heavy metal.
A combinação de talentos dos irmãos rapidamente moldou a identidade do Sepultura. Max se destacou pela abordagem vocal intensa e pelos riffs afiados, que se tornaram marca registrada da sonoridade do grupo. Iggor, por sua vez, elevou o nível da bateria no metal ao unir precisão extrema, criatividade rítmica e influências percussivas brasileiras, criando uma assinatura imediatamente reconhecível.

O impacto dessa parceria - ao lado da valiosa contribuição do talentoso guitarrista Andreas Kisser - ultrapassou fronteiras e ajudou o Sepultura a alcançar um patamar jamais imaginado para uma banda brasileira. "Beneath the Remains" (1989), "Arise" (1991), "Chaos A.D." (1993) e "Roots" (1996) influenciaram músicos de diferentes gerações e consolidaram a fase mais emblemática da discografia do grupo. No entanto, o fim desse período não foi nada pacífico.
Em dezembro de 1996, Max deixou o Sepultura após um desentendimento com os demais integrantes, incluindo seu irmão. Iggor permaneceu na banda por mais uma década, mas tomou o mesmo rumo do primogênito em 2006. Max seguiu carreira com o Soulfly - além de outros projetos, como o Cavalera Conspiracy, formado após sua reconciliação com Iggor -, enquanto o baterista passou a atuar em iniciativas de estilos variados. O Sepultura, por sua vez, manteve-se ativo sob a liderança de Andreas Kisser. Por pouco tempo, diga-se: o quarteto - completado por Derrick Green (vocal), Paulo Xisto (baixo) e Greyson Nekrutman (bateria) - está prestes a encerrar suas atividades.
Anunciada em dezembro de 2023, a "Celebrating Life Through Death" será a última turnê do Sepultura. Com o anúncio, surgiu uma dúvida que desde então divide opiniões: será que os irmãos Cavalera participarão da derradeira apresentação da banda?
A resposta cabe exclusivamente a Max e Iggor. No entanto, como revelou Andreas Kisser em recente entrevista ao podcast 100 Segredo, nenhum dos ex-integrantes demonstrou interesse em marcar presença no último show do Sepultura.
"A gente vai fazer o último show ano que vem. Parece que eles não querem participar, e tudo bem. A gente vai celebrar, a gente quer celebrar com gente que quer estar ali com a gente, que faz parte do que o Sepultura é, não do que o Sepultura foi. E eu não entendo essa pressão: por que os outros fazem, a gente também tem que fazer? Nosso momento passou, foi o que foi", afirmou o guitarrista.
Ainda não há nada decidido - e, como sabemos, tudo pode mudar no dinâmico universo da música. Porém, é difícil imaginar Max e Iggor participando dessa despedida. E, sob uma análise cuidadosa, a participação deles realmente não faz sentido.
Os membros fundadores foram cruciais para a consolidação do Sepultura, assim como Andreas Kisser o foi. Sem o esforço de Max e de Iggor, talvez a banda não tivesse alcançado a dimensão que conquistou. Todos os envolvidos nessa trajetória merecem reconhecimento, sobretudo aqueles que deram os primeiros passos e provaram ser possível fazer metal de impacto global a partir do Brasil.
Também não é segredo que os discos mais emblemáticos do Sepultura foram gravados durante a era Cavalera. O setlist do grupo reforça essa importância: das 15 músicas mais tocadas ao vivo, 12 pertencem a álbuns lançados entre 1986 e 1996 (as exceções são "Kairos", "Choke" e "Convicted in Life"). Boa parte dessas faixas, vale destacar, traz Andreas como compositor. Sob esse prisma, a presença dos irmãos na despedida pareceria perfeitamente natural - mas as circunstâncias são mais complexas do que o repertório sugere.
A saída de Max não ocorreu em bons termos, e embora a de Iggor tenha sido menos traumática, a relação dos irmãos com seus antigos colegas está longe de ser amistosa. Declarações recentes reforçam esse distanciamento. Andreas afirmou não ter qualquer interesse em dividir o palco novamente com os fundadores. Max, por sua vez, chamou os integrantes do Sepultura de "impostores" e "p** no c*", o que não foi exatamente gentil.
Kisser destacou que o convite será feito, mas enfatizou que nada será forçado. E sejamos francos: pelas falas públicas, o clima não parece nem de longe favorável a uma reunião.
Enquanto nada é definido, resta aos fãs aguardar. Independentemente do que aconteça, o Sepultura continuará sendo o maior nome do metal sul-americano, e todos que ajudaram a construir essa história - em qualquer fase - são merecedores do nosso respeito e admiração.
As chances de uma reunião no último show do Sepultura
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