Max Cavalera afirma que as pessoas podem desistir da reunião do Sepultura; "Não vai acontecer"
Por Mateus Ribeiro
Postado em 04 de julho de 2024
O músico brasileiro Max Cavalera, guitarrista/vocalista das bandas Soulfly, Cavalera Conspiracy, Killer Be Killed e Go Ahead And Die, concedeu entrevista ao site Metal Injection. Durante o bate-papo, conduzido por Frank Godla, Max falou sobre um assunto "inédito": a chance dele se reunir com o Sepultura.
A saída de Max Cavalera
Caso ainda exista algum ser humano que não conheça a história, vamos lá: Max Cavalera fundou o Sepultura nos anos 1980, junto de seu irmão, o baterista Iggor. Max gravou seis discos de estúdio com o Sepultura e saiu da banda em dezembro de 1996, durante a turnê de divulgação do aclamado álbum "Roots".
A conturbada saída de Max Cavalera aconteceu por desentendimentos com os demais integrantes do quarteto. Na época em que Max deixou o Sepultura, o grupo era empresariado por Gloria, esposa do frontman. O casal passava por um momento complicado, pois Dana, filho de Gloria, havia falecido em um acidente automobilístico.
"Eles queriam demitir Gloria e conseguir um empresário maior. O fato é que a situação foi friamente calculada. É como se eles tivessem dito: ‘Sentimos muito pelo Dana, mas negócios são negócios’. O que me irritou foi que todos eles também conheciam Dana. Ele era amigo deles. Mas eles jogaram tudo fora", disse Max, durante entrevista concedida à revista Metal Hammer.
O Sepultura seguiu seu caminho, com o estadunidense Derrick Green no posto de vocalista. Max Cavalera fundou o Soulfly e se reconectou com Iggor na metade dos anos 2000. Desde então, os dois irmãos comandam o projeto Cavalera Conspiracy.
O fim do Sepultura
Pois bem, o tempo passou, e no final de 2023, o guitarrista Andreas Kisser anunciou que o Sepultura iria encerrar as atividades após a turnê "Celebrating Life Through Death".
"O Sepultura vai parar. Vai morrer. Uma morte consciente e planejada. Nos próximos 18 meses, vamos celebrar 40 anos junto aos nossos fãs em uma tour de despedida que vai passar por todo o planeta. Celebrar acima de tudo o presente, o hoje. Um momento muito especial na nossa rica e vitoriosa carreira.
Depois de 40 anos de altos e baixos, 80 países visitados de diferentes culturas, de diferentes visões políticas e religiosas, levando as cores e ritmos brasileiros para o mundo, mostrando um Brasil mais realista e menos caricato, mais pesado e agressivo. Depois de lançar o ‘Quadra’, um dos melhores álbuns da nossa história. Sobreviver a uma indesejável e insana pandemia através da SepulQuarta, uma experiência maravilhosa que virou um álbum e que nos manteve unidos e fortes seguindo em frente. Depois de mudanças e aprendizados, nós vamos parar.
A tour de 40 anos está sendo gravada e vai virar um disco ao vivo de 40 músicas registradas em 40 cidades diferentes num momento em que estamos com a mais elevada energia no palco. União e conexão total.
Estamos felizes e muito agradecidos com tudo que aconteceu na nossa história, fizemos grandes álbuns e shows, cultivamos amizades, conhecemos nossos ídolos, ajudamos a colocar o metal brasileiro no mapa mundial e, agora, deixamos a cena com o sentimento de dever cumprido.
Temos os melhores fãs do mundo, que nos apoiam com elogios e críticas, que são exigentes e inteligentes, que evoluem junto com a banda, são sempre leais e amam verdadeiramente o Sepultura. Sem vocês nada disso seria possível. Este álbum e esta tour são para a SepulNation, nós amamos vocês!", diz o texto publicado no site oficial do Sepultura em dezembro de 2023.
Max voltará para o Sepultura?
Com o anúncio da última turnê do Sepultura, a chance de Max fazer ao menos um show com o grupo começou a ser debatida. Andreas Kisser, que é o líder do Sepultura, chegou a falar sobre tal possibilidade.
"Eu acho que a ideia de um último e derradeiro show, seria interessante ter os integrantes, inclusive, obviamente, eles [Max e Iggor]. Nós temos o Jean Dolabella, o próprio Eloy, o Jairo Guedz, outros músicos que fizeram parte, como Roy Mayorga e o próprio Max e Iggor. Mas cara, isso é uma coisa que…isso vai ficar um pouco mais pra frente. Eu gostaria muito de convidar todo mundo, né? Mas isso não depende só da gente", contou Andreas, durante participação no programa Conectados, produzido pela Rádio Transamérica.
Até mesmo Max, que chegou a chamar seus ex-parceiros de "impostores", deu a entender que toparia uma reunião.
"Acho que vou deixar as coisas acontecerem do jeito que elas vão acontecer. Não vou forçar nada e, se chegar um momento em que acharmos que devemos nos reunir, tudo bem, desde que façamos isso da maneira certa", afirmou Max, durante recente entrevista concedida à Rock Hard Greece (via Blabbermouth).
"Quanto mais o tempo passa, mais sinto que não preciso"
Se você é um dos fãs que ficou empolgado com a chance de Max Cavalera tocar com o Sepultura, é melhor "desempolgar". O icônico frontman brasileiro soltou o verbo na entrevista que concedeu ao Metal Injection.
"Quanto mais o tempo passa, mais sinto que não preciso disso. Como eu disse, o verdadeiro reencontro é entre eu e o Iggor, e eu fiz isso. É pura magia, é incrível o que estamos fazendo agora. Você meio que tem que perceber que se acabarmos fazendo uma reunião do Sepultura, é quase como se não pudéssemos voltar para as coisas do Cavalera, sabe? Realmente não fará sentido (...). Então, sim, está definitivamente fora de questão", disse Max, se referindo à uma possível reunião.
"Você pode fazer a mesma pergunta a Iggor. Ele também não quer fazer isso. Acho que as pessoas podem simplesmente desistir, isso não vai acontecer, cara. Não vai acontecer.
Já teve seu tempo. Você tem todos os vídeos para assistir e nós ainda estamos carregando isso. O espírito está conosco, o espírito da coisa toda está comigo e com o Iggor neste momento no Cavalera. Eles vão se despedir, vão terminar e é o que é. Ainda estamos aqui.
Nós ainda estamos aqui. Ainda estamos tocando. Ainda vamos comemorar todos os discos. E então, quem sabe, mais tarde, poderemos fazer o melhor de toda a era Max. Não quero entrar em detalhes sobre o motivo, mas é praticamente o mesmo motivo pelo qual eu os deixei em 96. Sinto-me da mesma forma. Foi muita traição e muita coisa que as pessoas não sabem", complementou Max.
Enquanto foi o frontman do Sepultura, Max Cavalera gravou os álbuns "Morbid Visions", "Schizophrenia", "Beneath The Remains", "Arise", "Chaos A.D." e "Roots". E pelo visto, a história de Max com o Sepultura definitivamente foi encerrada no mesmo ano em que "Roots" foi lançado.
[an error occurred while processing this directive]As chances de uma reunião no último show do Sepultura
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