O Rock contra o mundo: Não é de hoje que o estilo é estereotipado
Por Daniel Azevedo de Oliveira Maia
Fonte: Blog QMusical
Postado em 23 de maio de 2019
De "música do diabo" a "estilo de vagabundos", o gênero musical há décadas vem sendo rotulado e associado aos mais infamantes e desdenhosos significados. Em algumas hipóteses, confesso, é possível compreender essa pré-concepção. Não é desarrazoado que alguém, limitado ao seu conservadorismo musical, não consiga digerir um estilo cujas letras abordam temas "alheios à moral e aos bons costumes". Apenas para ilustrar, não consigo imaginar, via de regra, um ouvinte de sertanejo, forró, samba ou pagode não se impactando com as músicas "The Number of The Beast" (Iron Maiden), "Disciple" (Slayer), "Shout at the devil" (Mötley Crue), "Cigarettes & Alcohol" (OASIS), "Cocaine" (Eric Clapton), "Highway to Hell" (AC/DC), "Suicide Solution" (Ozzy Osbourne), dentre outras, ainda mais quando algumas destas canções são executadas por um grupo de artistas cabeludos, de calças rasgadas, repletos de tatuagens e, não raro, declaradamente usuários de drogas.
No entanto, como já escrevi em outra oportunidade, o rock, ao menos em sua essência, não veio para seguir padrões ou regras de conduta pré-estabelecidas. O rock veio para tomar voz e rasgar os parâmetros. A proposta sempre foi fugir do script. Inovar. Mostrar ao mundo verdadeira despreocupação com diretrizes morais. E isso mostrou ao mundo, muito mais do que um ato de rebeldia, um gesto de coragem e de liberdade. Muitos encontraram no gênero da música pesada um verdadeiro porto seguro para declamar suas indignações e protestar contra o sistema (frase um tanto quanto clichê, mas que se revela verdadeira em todos os sentidos), libertando-se de angústias e aflições que o conservadorismo exagerado lhe impunha. Ainda, diferentemente do que propunha muitas das bandas à época do surgimento do rock, o estilo também abriu espaço para a disseminação de conhecimentos (a exemplo das letras do Iron Maiden ou U2, em que muitas abordam temáticas voltadas para a História e Filosofia).
Durante décadas, o rock vem sendo resistência contra o próprio mundo em que pretende se fertilizar, ainda que em alguns locais ele tome o protagonismo. De concertos boicotados a severos processos judiciais, artistas e bandas ainda lutam para encontrar espaço em um mundo dominado por regras do politicamente correto que insistem em sufocar os novos artistas, desoxigenando talentos e destruindo esperanças. Por qual razão insistem em nos perseguir? Nunca, que eu recorde, fizemos mal a alguém. Somos vilanizados, sabemos bem, por certas classes políticas e grupos restritos de empresários que lucram com nossa ausência, seja porque contestamos o Estado em si, seja porque não somos (em alguns casos) "interessantes" do ponto de vista mercadológico.
O rock, penso, vai muito além de um estilo musical. É uma causa humanitária. Uma filosofia de vida. Um projeto de revolução mundial que, em diversas situações, salvou vidas e ceifou a miséria que avassalava determinados povos. A título de exemplo, citemos o histórico festival "Live Aid" (1985), cujo objetivo foi arrecadar fundos para combater a fome na Etiópia. Foram dois concertos. De rock. Estima-se que o arrecadado beirou os 150 milhões de libras. Este grande evento, aliás, concebeu o clássico "We Are The World" (Michael Jackson/Lionel Richie). Citemos, também, o show realizado em Londres, no Royal Albert Hall, intitulado "Music for Montserrat" (1997) sendo a renda desse concerto totalmente revertida em favor da reconstrução da pequena ilha de Montserrat, danificada pelo furacão "Hugo", que basicamente destruiu o turismo da região. Em 2005, artistas (de rock) se reuniram para regravar "Tears in Heaven" (Eric Clapton), em prol das vítimas do tsunami que destruiu parte da Ásia e eliminou mais 226 mil pessoas deste mundo.
O rock necessita constantemente de uma segunda chance. Precisamos arrebentar as barreiras do preconceito. Dar espaço àqueles que, assim como fizeram no passado, pretendem melhorar o mundo. Por ser um estilo universal, inclusive interpretado na língua inglesa, o rock é um estilo musical globalizado, que permite o diálogo entre nações, facilitando, ainda, a difusão de idéias pelos quatro cantos deste planeta. Por essa razão, continua sendo resistência em meio às intempéries da modernidade. Um raio de esperança para as presentes e futuras gerações...
Receba novidades do Whiplash.NetWhatsAppTelegramFacebookInstagramTwitterYouTubeGoogle NewsE-MailApps



Os 5 discos de rock que Regis Tadeu coloca no topo; "não tem uma música ruim"
Dave Mustaine fala sobre "Ride the Lightning" e elogia Lars Ulrich: "Um excelente compositor"
Wolfgang Van Halen diz que as pessoas estão começando a levar seu trabalho a sério
Dave Mustaine cutuca bandas que retomaram atividade após turnês de despedida
3 gigantes do rock figuram entre os mais ouvidos pelos brasileiros no Spotify
O que Max Cavalera não gostava sobre os mineiros, segundo ex-roadie do Sepultura
Motörhead "salvou" baterista do Faith No More de ter que ouvir Ted Nugent
Os trabalhos do Guns N' Roses que Slash evita rever; "nem sei o que tem ali"
A melhor música do AC/DC de todos os tempos, segundo o ator Jack Black
Ritchie Blackmore aponta os piores músicos para trabalhar; "sempre alto demais"
O padrão que une todos os solos da história do Iron Maiden, segundo Adrian Smith
Dave Mustaine não pensou no que fará após o fim do Megadeth
A única banda de rock brasileira dos anos 80 que Raul Seixas gostava
Metal Hammer inclui banda brasileira em lista de melhores álbuns obscuros de 2025
Clemente segue no CTI, informa novo boletim médico
Fãs debatem qual dos nove integrantes do Slipknot é o mais inútil de todos
O nojento episódio nos EUA que marcou a relação de João Gordo com o Sepultura
Metallica: Hetfield elege as suas dez músicas favoritas de outras bandas

Desmistificando algumas "verdades absolutas" sobre o Dream Theater - que não são tão verdadeiras
A farsa da falta de público: por que a indústria musical insiste em abandonar o Nordeste
A nostalgia está à venda… mas quem está comprando? Muita gente, ao menos no Brasil
Afinal o rock morreu?
Será mesmo que Max Cavalera está "patinando no Roots"?
Black Metal: A capa mais "true" e o que ela diz sobre a música atual
Uma geração perdida, e com medo do escuro



