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Relato do caos no SWU Festival por quem esteve lá

Resenha - SWU (Fazenda Maeda, Itú, 09/10/2010)

Por Jorge A. Silva Junior
Postado em 11 de outubro de 2010

Conforme a reserva disponibilizada pelo site oficial do SWU para os ônibus oficiais do evento, que sairiam do estacionamento do Anhembi, cheguei ao local de embarque às 14h40, uma vez que a partida estava marcada para as 15h. Chegando ao guichê para comprar a passagem, ocorreu a primeira surpresa. Fui informado pela funcionária da companhia Vale do Tietê, empresa contratada pela produção do SWU para transportar o público até o festival, que as reservas não existiam e o interessado deveria seguir no próximo ônibus disponível. Por sorte, consegui um veículo que saiu pontualmente às 15h20, o que não gerou qualquer desconforto a mim ou às poucas pessoas - aproxidamente 80 - que estavam no local.

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Relato de Jorge Junior, colaborador do Whiplash!, que esteve no 1º dia do SWU Music & Arts Festival, realizado na fazenda Maeda, em Itu (SP).

O trajeto do ônibus, de São Paulo a Itu, levou aproximadamente duas horas e, como o previsto, deixou os passageiros a 100 metros do portão de entrada do SWU.

Às 17h30 entrei no local que receberia shows de OS MUTANTES, LOS HERMANOS, THE MARS VOLTA e RAGE AGAINST THE MACHINE.

A segunda surpesa foi a falta de banheiros químicos, que acabaram por ser substituídos pelo mato ou pelas proteções laterais da fazenda, que viraram um verdadeiro sanitário gigante a céu aberto. Quem se deu mal foram as mulheres, que tiveram muita dificuldade para conseguir qualquer informação sobre os sanitários.

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O público - cerca de 50.000 pessoas - também travou uma batalha para comer. Primeiro pela falta de organização e a fila que se formava nas barracas que serviam lanches e salgados. Segundo pelo alto valor cobrado no local, que vendia hambúrgueres simples (pão e carne) por R$10.

Durante as apresentações de LOS HERMANOS e THE MARS VOLTA não houve qualquer problema sério registrado, seja na aparelhagem de som ou nos milhares de pessoas que começavam a se aglomerar próximas ao palco. O clima de "paz" durou até às 22h15, horário em que o RAGE AGAINST THE MACHINE entrou em cena. Logo na primeira música, "Testify", o que se viu na Pista Comum, a poucos metros da grade que a separava da Pista Premium, foi um verdadeiro "furacão humano". Pessoas foram esgamadas umas pelas outras, fazendo com que o desespero e o medo tomassem conta dos que ali estavam. Naquele momento não houve saída e, então, o pior (ou melhor), aconteceu. A grade que isolava as câmeras de televisão do público cedeu e, em segundos, foi ocupada por centenas de pessoas. O caos durou até "People Of The Sun", terceira canção da noite, que, ao término desta, teve o show paralisado para que a organização do SWU pedisse ao público para dar três passos para trás porque pessoas estavam se ferindo e, só assim, o Rage retomaria a apresentação. Inclusive, o próprio Zack pediu calma ao público na hora de dividir o espaço.

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Infelizmente, o que se viu depois foi muitas pessoas desistindo do show, procurando ambulatórios ou deitando na grama (ou terra) para se recompor.

E se em um grande festival de música deve-se primar pela qualidade de som, o SWU cometeu um erro grave. Durante alguns momentos das músicas "Township Rebellion" e "Bullet In The Head", um problema no sistema de som fez com que todos na Pista Comum ficassem sem o áudio do show - enquanto os músicos continuavam a tocar sem perceber o ocorrido. O que se ouviu nesse momento foram muitas vaias ao festival, que vendeu uma imagem totalmente diferente do que realmente foi.

Terminado o show do RAGE AGAINST THE MACHINE o pior aconteceu: a volta do público. Na saída da Fazenda, não havia orientadores nem placas sobre a volta dos ônibus oficiais para São Paulo. Os milhares de pessoas, inclusive eu, tiveram de procurar os coletivos. Enquanto isso, um trânsito caótico se formava na estrada de terra que ligava a rodovia ao local do evento. Após 30 minutos andando e nenhum ônibus oficial avistado, parte do público chegou à rodovia Santos Dummont. No local, a polícia limitava-se a informar que a rodoviária de Itu estava a 10 km dali - mas se esquecia que nenhum ônibus estava disponível para o trajeto. No desespero, já que se passava da 1h da manhã, muitos resolveram seguir a pé. Por sorte, um ônibus coletivo da cidade, que estava "reservado", por ordem de um policial, decidiu levar cerca de 60 pessoas até a rodoviária de Itu. E se a situação na fazenda já estava ruim, chegando ao terminal da cidade, ela piorou. Nenhum guichê da viação Tietê estava aberto e, depois de muita procura por informações, soube-se que a primeira viagem Itu - São Paulo sairia às 6h. Enquanto isso, diversos ônibus lotados, vindos do SWU, desembarcavam na rodoviária, aumentando ainda mais o caos. Muitos resolveram dormir à frente da bilheteria, com a expectativa de embarcar no primeiro coletivo de volta a SP.

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Outros, como eu, resolveram embarcar para a cidade de Campinas, e, de lá, seguir para a capital.

Do momento em que Zack De La Rocha & cia deixaram o palco Ar do tão aclamado SWU Music & Arts Festival, levei exatamente 8h para chegar em casa. Isso prova, dentre outros fatos, que o público desse festival realizado na Fazenda Maeda, vendido com exemplo para futuros eventos de grande porte, foi tratado como gado.

Esperamos que nos dois próximos dias de evento esses mesmos erros não se repitam, algo que, sinceramente, acho pouco provável.

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Sobre Jorge A. Silva Junior

Jorge Junior é paulistano, jornalista diplomado e colaborador do Whiplash.Net desde 2009. Tem mais de 400 matérias e notas publicadas, que somam aproximadamente um milhão e meio de acessos. Também realizou a cobertura de shows de grande porte, entre eles Ringo Starr, Eric Clapton, Deep Purple, System Of A Down, Red Hot Chili Peppers e Ozzy Osbourne. O autor pode ser seguido no Twitter: @jorgejunior85.
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