Julio Sasquatt e a bateria: Amor à primeira vista (e ouvida)
Por Mateus Rister
Postado em 10 de outubro de 2021
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Por décadas, o músico, videomaker e diretor de videoclipes, JULIO SASQUATT vem prestando serviços ao Rock And Roll. Seja atrás da bateria ou atrás das câmeras, Julio já contribuiu com artistas de vários estilos. Nomes como BLACKBIRDS, IDENTIDADE, SÓ CREEDANCE, MMARCIO PETRACO TRIO, JUPTER MAÇÃ, entre outros. Atualmente o baterista faz parte da SIN AVENUE, ALCEMIR & ROSA CRUZ, além de participações especiais e ainda deu início a sua carreira solo.
Em meio ao turbilhão de trabalhos e projetos, Julio encontrou um tempo e nos concedeu a entrevista que pode ser conferida abaixo.
Mateus Rister: O que te motivou a escolher a bateria como instrumento?
Julio Sasquatt: Olá Mateus. É um prazer participar desta entrevista para a Insanity Records. O som e o visual da bateria me encantaram na primeira vista. De todos os instrumentos que eu escutava a bateria foi a mais natural. Foi o que me chamou atenção por ser vibrante e dar a energia para a música. Quando estava com 14 anos em Veranópolis, assistia a MTV diariamente. O Fúria Metal, CEP MTV e sempre curti a bateria.Assistia vídeos do Kiss, Whitesnake, Deep Purple, Megadeth, Poison, Ramones, Stones, Metallica, Alice in Chains, e comecei a batucar em casa. Treinava as viradas no sofá e o ritmo nas pernas. Minha irmã tinha dois pratos GOPE da banda marcial da escola que eu fazia de chimbal. Essa foi minha primeira bateria (risos).
Mateus Rister: Qual foi o primeiro baterista que pirou a sua cabeça?
Julio Sasquatt: Eu sempre fui fiel discípulo de Ringo Starr, Ian Paice, Lars Ulrich e Sean Kinney. São os quatro bateristas que sempre foram referência no meu trabalho, na abordagem de grooves e arranjos no meu instrumento. Mas quando conheci The Who e Keith Moon foi um divisor de águas na minha vida. Ele superou tudo que já tinha escutado, a forma dele tocar bateria é única, um verdadeiro show man. Uma linguagem percussiva que em muitas canções soam como um solo de bateria e que se encaixa perfeitamente no contexto das músicas. Ele com certeza deu identidade musical ao que se tornou o The Who. Através de Moon eu conheci dois bateristas de jazz fabulosos: Duke Ellington e Gene Kruppa. Para resumir a importância de Moon na história da bateria sempre digo: Temos bateristas que tocam para a canção segurando o groove, temos bateristas técnicos que tocam para si mesmos… E temos Keith Moon.
Mateus Rister: Com quase três décadas de carreira, como percebe tua evolução como músico? É a mesma paixão do garoto de quinze anos que batucava os sofás de casa?
Julio Sasquatt: Acho que minha evolução deve ao fato de ter tido a oportunidade de tocar e gravar com inúmeros músicos e artistas de diferentes estilos. Fui da música italiana ao metal. Considero-me um músico eclético dentro do rock. Escuto todas as décadas e todas as vertentes. Gosto do Richie Valens, e vou até o Testament. Gosto de estudar a discografia das bandas. Acredito que toda a banda tem o seu disco perfeito, ou em outras palavras o seu "Black álbum". E minha paixão com certeza é a mesma dos meus 15 anos, a musica é minha vida, meu amor incondicional. Ela me levou a muitos lugares que não teria oportunidade de conhecer, fiz turnês pelo Uruguai, Argentina e Paraguai. Toquei em inúmeras cidades do Brasil. Conheci muitas pessoas e bandas legais. Eu acordo escutando musica e vou dormir com o som ligado. Julgo que quando eu partir, o que vou mais sentir falta é de escutar musica todo o dia.
Mateus Rister: Voltando lá para 2002, na gravação do CD da Blackbirds, foi a tua primeira experiência em estúdio? Como foi esse processo?
Julio Sasquatt: Então. Minha primeira experiência em estúdio foi aos 17 anos. Fui convidado pela cantora Declei Padova do conjunto Blue Moon de Veranópolis, a gravar dois jingles para o candidato a prefeito da cidade de Cotiporã em 1992. Gravamos nos estúdios da Rádio Veranense. Ganhei como cachê hoje em dia em torno de 150 reais. Fui correndo na loja Magistral e comprei o vinil Blackout do Scorpions, Brain Drain dos Ramones e dois pares de baquetas (risos). Recordo-me na ocasião que gravei com uma Bateria Gope e dois pratos Ziltanam, que peguei emprestado do grupo de baile de Veranópolis, Os Dominantes. Depois meu segundo trabalho em estúdio foi em 1999 na gravação da primeira demo dos Blackbirds, aqui em Porto Alegre, no Estúdio LIVE. Era um demo de três covers: I Shot the Sherif, Mustang Sally e Comfortable Numb. Ainda tenho o cd guardado. Em 2002 gravamos o disco de estréia da Blackbirds, em Caxias do Sul, no estúdio da gravadora Du Zamba Records. Essa época tinha uma bateria Pinguim e pratos Sabian. Tenho também em cd as musicas sem os vocais e as demos. Foi um processo maravilhoso poder registrar 11 músicas autorais e lançar por uma gravadora. Foram duas semanas de muito trabalho, foco e inspiração. Vendemos 4.000 cópias do nosso primeiro álbum.
Mateus Rister:Durante a carreira, você teve a oportunidade de tocar em bandas e com músicos de estilos variados, como Rock Gaúcho, Blues, Hard Rock, Heavy, entre outros. Considera um desafio transitar por esses estilos ou consegue incorporar tua forma de tocar de maneira mais natural à proposta musical de cada artista?
Julio Sasquatt: Com certeza consigo incorporar a minha forma de tocar a proposta de cada artista. Todos os trabalhos que realizei sempre obtive ótimos resultados e como consequência foram surgindo mais gravações e oportunidades. Acredito que meu ecletismo musical facilite muito minha transição em diversos estilos. E todos citados na questão são gêneros que surgiram através do jazz e blues. Um exemplo importante a ser comentado é a primeira musica com dois bumbos. Ela veio do jazz. Duke Ellington com Skin Deep. Então todos os gêneros têm uma grande conexão.
Mateus Rister: Não podemos deixar de citar a gravação do DVD Six Colours Frenesi de Júpiter Maçã, no Bar opinião em 2011. Como foi essa grande experiência e como foi acompanhar o saudoso Flavio Basso por seis anos?
Julio Sasquatt: Foi maravilhoso participar deste DVD do Júpiter. Registro histórico da carreira dele. Uma noite memorável no Bar Opinião. Foram duas horas de show revisitando toda a sua carreira em um único take. Recordo-me de estar no show e olhando para ele e lembrando o tempo que ficava no meu quarto em Veranópolis, escutando Cascavelletes. E me perguntei: Estou aqui gravando como baterista o DVD dele?! Sensacional man!!! Ter a oportunidade de acompanhá-lo por seis anos foi uma escola musical, aprendi muito de harmonia, dinâmica e arranjos. Fiz muitos shows em festivais pelo Brasil e gravei programas da MTV com ele. Foium aprendizado enorme para minha trajetória. Nosso maior artista gaúcho de todos os tempos. Salve Júpiter Maçã!!!
Mateus Rister: A partir de 2020, você passa a manter também um carreira solo. No EP "Hipérboles Sonora" e nos singles já lançadas, com exceção do baixista e co-produtor Netho Vignol, você tem trabalhado com músicos diferentes em cada faixa. Pretende manter assim ou terá uma formação fixa no futuro próximo?
Julio Sasquatt: No início da pandemia e por incentivo da minha esposa Lye Santurion, comecei a gravar minhas musicas instrumentais. O primeiro parceiro que pensei foi o Netho Vignol, temos muita sintonia musical desde o tempo que tocamos na Só Creedence. Cada musica composta tem como faísca inicial a bateria, depois gravo as idéias de riffs de guitarra e grooves de contrabaixo no meu celular. Durante este processo de criação, eu já pensava em qual musico iria convidar para gravar a canção. Todas as parcerias deram muito certo. Ótimos músicos participaram do meu trabalho solo contribuindo com sua assinatura musical. Pretendo continuar sempre com novas parcerias, acredito que uma formação fixa será para a realização de shows que estou organizando com o Netho Vignol.
Mateus Rister: Manterá também o formato instrumental ou não descarta lançar alguma música com participação de um vocalista?
Julio Sasquatt: Vou manter o formato instrumental, vocalistas nem pensar (risos). Sempre gostei muito de musica instrumental e que está presente em inúmeros discos importantes do rock mundial. Os discos do Black Sabbath têm musicas instrumentais, os quatro primeiros do Metallica, as improvisações maravilhosas dos discos ao vivo do Deep Purple e também os formidáveis discos do The Ventures e The Shadows. Minha grande inspiração para meu trabalho são os álbuns solos do Cozy Powell que descobri em 2019. É um legado que todo baterista de rock precisaria ouvir e estudar.
Mateus Rister: O audiovisual é outro ramo que podemos ver suas qualidades artísticas. Como começou a tua carreira como videomaker, editor e diretor de videoclipes?
Julio Sasquatt: Comecei editando pequenos vídeos em 2010 para meu canal do Youtube. Produzia vídeos de apresentações dos artistas que tocava para divulgar as bandas e marcar apresentações em novos locais. Depois comecei a gravar e editar vídeos das turnês das bandas. Fui estudando e as oportunidades começaram a surgir. Produzi até hoje o total de 18 vídeos clips e tenho agendado até o final de 2021 mais três trabalhos.
[an error occurred while processing this directive]Mateus Rister: Passaste por alguma situação inusitada, curiosa ou engraçada durante a gravação de algum clipe?
Julio Sasquatt: Com certeza (risos)! Gravando o primeiro clip do Spades Vandall na Oswaldo Aranha, colocamos o Spades dentro de uma lata de lixo fedida cantando vários takes da musica (risos). A cena ficou ótima! No final da gravação fomos à Lancheria do Parque e fizemos todos os presentes dançarem e cantarem o refrão da musica. Foi muito engraçado e divertido. O clip da Identidade gravamos no Uruguai num dia muito frio, abastecidos de muitas latinhas de cerveja Patrícia e outras maravilhas que só o Uruguai permite (risos). As ideias foram surgindo no decorrer das gravações. Gravamos somente com uma câmera GoPro, alto astral e muita diversão. O clip ficou numa pegada bem The Monkees.
Mateus Rister: Como videomaker, você acabou trabalhando com a banda Sin Avenue e atualmente também faz parte da formação da banda. Como está sendo esse processo? Os ensaios estão fluindo bem? Pretendem entrar em estúdio para gravar e lançar algo em breve?
Julio Sasquatt: Trabalhar com os rapazes da Sin Avenue foi um presente na vida, sou muito amigo do CJ e adoro o som da banda. Desde que escutei o trabalho me identifiqueicom a sonoridade. Também achei ótimo o nome da banda, diferente e muito original. Sin Avenue (Avenida do Pecado). Depois de quase um ano surgiu à oportunidade de tocarmos juntos. E está sendo ótimo. Estamos ensaiando toda semana formando repertório para os futuros shows. E trabalhando nas novas canções que estão ficando primorosas, novos arranjos e abordagens sem perder é claro a identidade musical da Sin Avenue. Estamos fazendo uma produção inovadora ensaiando com metrônomo e criando um som muito sólido. Em breve também lançaremos um novo vídeo clip.
Mateus Rister: Deixamos esse espaço para você enviar uma mensagem direta ao público que acompanha os teus trabalhos:
Julio Sasquatt: Quero agradecer de coração a todos que me acompanham. Sinto-me privilegiado pelas pessoas que tem interesse em minha trajetória musical. Pretendo continuar a produzir meu trabalho autoral, produzir com a Sin Avenue e participar de muitos outros trabalhos musicais. Em estúdio e produzindo vídeo clipes. Tem meu canal no Youtube (Julio Sasquatt) com todo meu material. Muito obrigado e um forte abraço baterístico a todos!
Contato:
https://www.facebook.com/julio.sasquatt
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