O cantor que Axl Rose sabia que era bem melhor do que ele: "Esse cara me enterra"
Por Gustavo Maiato
Postado em 05 de junho de 2025
Em meio à trajetória do Guns N’ Roses, marcada por vocais potentes, Axl Rose surpreendeu ao admitir que havia alguém na cena do rock que o deixava intimidado. Em entrevista antiga relembrada por Tim Coffman em artigo publicado no Far Out Magazine, Rose revelou que ficou impressionado — e até assustado — ao ouvir pela primeira vez a voz de Chris Cornell, do Soundgarden. "O cantor me enterra. O cara canta demais", declarou Axl sobre Cornell.
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Embora Axl seja conhecido por seu alcance vocal extraordinário — capaz de saltar de graves rasgados para agudos cortantes—, ele reconhecia que Cornell era um patamar à parte. Na visão de Rose, o vocalista do Soundgarden unia a teatralidade vocal de Freddie Mercury com a intensidade crua de um ícone punk como John Lydon, do Sex Pistols.
O contraste entre os dois era claro. Enquanto o Guns N’ Roses surgia no final dos anos 1980 com riffs sujos, visual rebelde e letras explícitas, o grunge — movimento que tomaria conta dos anos 1990 — surgia com uma proposta quase antagônica. O Soundgarden, liderado por Cornell, já cavava seu espaço no underground de Seattle antes mesmo do Nevermind, do Nirvana, mudar o rumo da música. Para Axl, esse novo som era uma ameaça real.

Segundo Coffman, Axl já "mantinha os ouvidos atentos ao que vinha de Seattle" quando ouviu Cornell pela primeira vez. A admiração não era gratuita: com uma extensão vocal lendária e um timbre inconfundível, Cornell era frequentemente comparado a Robert Plant, do Led Zeppelin. Era, para muitos, a definição moderna de um "deus do rock". "Eu continuo tentando encontrar coisas que me desafiem. Eu gosto do Soundgarden", disse Rose na época. Mas a recíproca, ao menos inicialmente, não parecia verdadeira.
A cena grunge tinha como um de seus pilares a autenticidade, e muitos de seus representantes viam o Guns N’ Roses como parte da encenação excessiva do rock dos anos 1980 — algo que queriam derrubar. A canção "Big Dumb Sex", do Soundgarden, chegou a ser interpretada como uma paródia crítica à sexualização banalizada por bandas como GNR em faixas como It’s So Easy.

Com o tempo, no entanto, as distâncias entre os dois mundos diminuíram. Cornell passou a adotar elementos mais clássicos do rock em sua carreira solo e até colaborou com Slash em seu álbum solo. Ainda assim, Rose e Cornell jamais pertenceram à mesma escola: um era o produto final da Sunset Strip; o outro, a tempestade que veio varrer o que havia ali.

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